De Pueblos Indígenas en Brasil
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COP30 é dos povos
19/11/2025
Autor: Atila Roque
Fonte: O Globo - https://oglobo.globo.com/opiniao/artigos/coluna/2025/11/cop30-e-dos-povos.ghtml
COP30 é dos povos
Falta fortalecer as vozes e as experiências das comunidades afrodescendentes. Onde tem quilombo, tem floresta em pé
Por Atila Roque
19/11/2025
Nesta segunda semana da COP30, um tema se impõe com força: garantir que vozes indígenas, afrodescendentes e de comunidades locais estejam no centro das decisões.
Belém entra para a História como a sede da COP que incorpora vozes até então ausentes dos fóruns oficiais. Conforme convocação do embaixador André Corrêa do Lago, presidente da COP30, em sua quinta carta, divulgada em agosto: "É hora de lembrarmos que justiça climática começa com pessoas. Que território não é apenas terra, mas memória, identidade, governança e futuro. Que ancestralidade não é passado, mas uma inteligência que orienta. Que conhecimento ancestral é vital para a sobrevivência e o florescimento da humanidade".
Indígenas, quilombolas, ribeirinhos e comunidades tradicionais são guardiões de saberes ancestrais e de formas de cuidar da terra que mantêm vivo o equilíbrio do planeta. Suas vozes, reunidas na campanha "A resposta somos nós", ecoam como um canto de resistência e esperança que precisa ser ouvido.
O Brasil carrega, em sua história, uma longa tradição de participação social que nos honra e inspira. Foi assim na redemocratização, na Constituinte de 1988, na Rio-92 e na Cúpula dos Povos da Rio+20. Essas mesmas vozes hoje se unem num coro inédito pela justiça climática. Neste ano, mais de mil organizações da sociedade civil e movimentos sociais estão presentes em Belém para discutir o futuro do planeta.
Embora tenha havido progresso no reconhecimento do papel dos povos indígenas na mitigação da crise climática, falta fortalecer as vozes e as experiências das comunidades afrodescendentes. Onde tem quilombo, tem floresta em pé. Dados do Instituto Socioambiental mostram que terras quilombolas no Brasil perderam apenas 1,4% de sua cobertura florestal entre 2003 e 2022, enquanto, no entorno, as perdas foram de 82%.
Em 2024, na COP16 de Biodiversidade, em Cali, um passo histórico foi dado. Pela primeira vez, líderes globais reconheceram oficialmente o papel das comunidades afrodescendentes na conservação da natureza, após anos de luta liderada por organizações como a colombiana Proceso de Comunidades Negras (PCN), a brasileira Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq) e a Coalizão Internacional para a Defesa dos Territórios, Meio Ambiente, Uso da Terra e Mudanças Climáticas dos Povos Afrodescendentes da América Latina e Caribe (Citafro).
O caminho, porém, é longo. O termo "povos afrodescendentes" segue ausente das estruturas formais da ONU. Essa lacuna limita o acesso dessas comunidades ao financiamento climático e a mecanismos de proteção. O reconhecimento do legado e do papel das populações afrodescendentes precisa se traduzir em políticas concretas que enfrentem as desigualdades ambientais e históricas.
Em outubro deste ano, o movimento quilombola brasileiro, liderado pela Conaq, lançou o documento "NDC Quilombola", que apresenta as demandas dos povos afrodescendentes para as Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDC) brasileiras. A proposta representa uma inflexão necessária no debate climático, destaca a urgência de garantir o direito à terra a essas populações e resume: "Não há justiça climática sem quilombo titulado".
*Atila Roque, historiador, é diretor regional da Fundação Ford no Brasil
https://oglobo.globo.com/opiniao/artigos/coluna/2025/11/cop30-e-dos-povos.ghtml
Falta fortalecer as vozes e as experiências das comunidades afrodescendentes. Onde tem quilombo, tem floresta em pé
Por Atila Roque
19/11/2025
Nesta segunda semana da COP30, um tema se impõe com força: garantir que vozes indígenas, afrodescendentes e de comunidades locais estejam no centro das decisões.
Belém entra para a História como a sede da COP que incorpora vozes até então ausentes dos fóruns oficiais. Conforme convocação do embaixador André Corrêa do Lago, presidente da COP30, em sua quinta carta, divulgada em agosto: "É hora de lembrarmos que justiça climática começa com pessoas. Que território não é apenas terra, mas memória, identidade, governança e futuro. Que ancestralidade não é passado, mas uma inteligência que orienta. Que conhecimento ancestral é vital para a sobrevivência e o florescimento da humanidade".
Indígenas, quilombolas, ribeirinhos e comunidades tradicionais são guardiões de saberes ancestrais e de formas de cuidar da terra que mantêm vivo o equilíbrio do planeta. Suas vozes, reunidas na campanha "A resposta somos nós", ecoam como um canto de resistência e esperança que precisa ser ouvido.
O Brasil carrega, em sua história, uma longa tradição de participação social que nos honra e inspira. Foi assim na redemocratização, na Constituinte de 1988, na Rio-92 e na Cúpula dos Povos da Rio+20. Essas mesmas vozes hoje se unem num coro inédito pela justiça climática. Neste ano, mais de mil organizações da sociedade civil e movimentos sociais estão presentes em Belém para discutir o futuro do planeta.
Embora tenha havido progresso no reconhecimento do papel dos povos indígenas na mitigação da crise climática, falta fortalecer as vozes e as experiências das comunidades afrodescendentes. Onde tem quilombo, tem floresta em pé. Dados do Instituto Socioambiental mostram que terras quilombolas no Brasil perderam apenas 1,4% de sua cobertura florestal entre 2003 e 2022, enquanto, no entorno, as perdas foram de 82%.
Em 2024, na COP16 de Biodiversidade, em Cali, um passo histórico foi dado. Pela primeira vez, líderes globais reconheceram oficialmente o papel das comunidades afrodescendentes na conservação da natureza, após anos de luta liderada por organizações como a colombiana Proceso de Comunidades Negras (PCN), a brasileira Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq) e a Coalizão Internacional para a Defesa dos Territórios, Meio Ambiente, Uso da Terra e Mudanças Climáticas dos Povos Afrodescendentes da América Latina e Caribe (Citafro).
O caminho, porém, é longo. O termo "povos afrodescendentes" segue ausente das estruturas formais da ONU. Essa lacuna limita o acesso dessas comunidades ao financiamento climático e a mecanismos de proteção. O reconhecimento do legado e do papel das populações afrodescendentes precisa se traduzir em políticas concretas que enfrentem as desigualdades ambientais e históricas.
Em outubro deste ano, o movimento quilombola brasileiro, liderado pela Conaq, lançou o documento "NDC Quilombola", que apresenta as demandas dos povos afrodescendentes para as Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDC) brasileiras. A proposta representa uma inflexão necessária no debate climático, destaca a urgência de garantir o direito à terra a essas populações e resume: "Não há justiça climática sem quilombo titulado".
*Atila Roque, historiador, é diretor regional da Fundação Ford no Brasil
https://oglobo.globo.com/opiniao/artigos/coluna/2025/11/cop30-e-dos-povos.ghtml
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