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Fundo Vítuke quer captar R$ 500 milhões para indígenas e biomas

18/11/2025

Autor: Por Cristina Serra

Fonte: Amazonia Real - https://amazoniareal.com.br



A ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, anunciou nesta terça-feira (18), no Pavilhão do Brasil na COP30, um novo fundo chamado Vítuke - que na língua terena quer dizer "nosso". O fundo vai apoiar povos indígenas, proteger os territórios e também os biomas nos quais estão inseridos, com a meta inicial de arrecadar US$ 100 milhões (cerca de R$ 500 milhões) em até 15 anos. Cerca de metade desse valor já tem aportes prometidos. O montante também se destina a ações de prevenção do fogo, uso sustentável de recursos naturais e iniciativas produtivas de bioeconomia, entre outras.

No anúncio, Sônia comemorou o fundo como mais uma vitória dos povos indígenas, destacando a sequência de várias medidas em benefício das etnias brasileiras, como o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), que destinará 20% dos recursos aos indígena, a homologação de quatro terras indígenas e a portaria declaratória de outras dez. Ela também ressaltou a participação de 900 indígenas credenciados na Zona Azul, a área onde atuam as negociações oficiais com os representantes dos países participantes da COP30.

"É a maior participação indígena da história das COPs. E fechamos o dia com o Vítuke. Tudo isso pode ser pouco diante do passivo que existe em relação aos povos indígenas, mas estamos avançando", declarou a ministra.

Gestão da Funbio
O Vítuke foi estruturado pelo Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio), que será o gestor financeiro. Trata-se de uma organização sem fins lucrativos que atua em parceria com governos, setor privado e sociedade civil para direcionar recursos à conservação da biodiversidade. Segundo a secretária-geral do Funbio, Rosa Lemos, o fundo operará como uma plataforma de arrecadação, com um conselho deliberativo composto majoritariamente por representantes indígenas.

"O conselho define os critérios para seleção das terras indígenas beneficiadas, como tamanho e cobertura vegetal do território. Nem todos os critérios estão definidos, mas já foi decidido que 70% dos recursos irão para povos da Amazônia, considerando o tamanho das terras indígenas no bioma. Os outros 30% vão para os outros biomas onde os territórios são bem menores", explicou Rosa.

Ela explicou que os povos indígenas poderão acessar os recursos assim que todos os critérios forem definidos e os contratos de repasse forem assinados. A previsão é que os recursos comecem a chegar na ponta - ou seja, efetivamente nos territórios - no primeiro semestre do ano que vem. "Temos pouco mais da metade [da meta] confirmada e estamos atrás do que falta. São contratos que os doadores fazem com o Funbio e que serão repassados para as associações indígenas", esclareceu Rosa Lemos.

Um fundo "80% direto"
A forma de repasse é uma das críticas de Kleber Karipuna, coordenador-executivo da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib). Ele é um ardoroso defensor do financiamento direto para os povos indígenas.

"Há estudos apontando que, nos últimos 10 anos, menos de 1% dos recursos de toda a filantropia e cooperação internacional para enfrentamento à emergência climática chegou a projetos e ações nos territórios indígenas", afirmou Karipuna à Amazônia Real. "O que nós queremos é que os recursos aumentem e cheguem diretamente, que passem por menos intermediários possíveis. No passado, já vimos muitos mecanismos comendo muito recurso para a gestão e chegando pouco recurso na ponta. Se você passa de um doador para outro, que vai fazer a gestão, que depois passa para um terceiro e um quarto, quando chega para o povo sobra o mínimo do mínimo do mínimo. A lógica do financiamento direto é que o recurso venha do doador principal diretamente para as nossas organizações e os nossos mecanismos de fundo indígena. Na minha avaliação, o Vítuke não é direto. Podemos dizer que é 80% direto", disse o coordenador.

Karipuna faz parte do conselho deliberativo do Vítuke e disse que continuará tentando a adoção de mecanismos diretos de repasse. Apesar das críticas, ele destacou um ponto positivo do novo fundo. "A filantropia sempre olha muito para a Amazônia. É importante que aqui ficou carimbado que os recursos irão para outros biomas que são tão importantes quanto a Amazônia para a proteção da biodiversidade do planeta", completou.

Banco Mundial e Alemanha anunciam doações
Entre os doadores do Vítuke estão o Banco Mundial e o governo da Alemanha, que se comprometeu a transferir €15 milhões (cerca de US$ 17 milhões). Ao anunciar a doação, o representante do governo alemão, Wolgang Bindseil, diplomata da embaixada da Alemanha no Brasil, começou dizendo, em português: "Gosto muito do ambiente da cidade de Belém e deste país maravilhoso". Ele afirmou ainda que a Alemanha é uma importante aliada dos povos indígenas agora e no futuro.

O diplomata foi aplaudido pela plateia. Suas palavras foram entendidas como um pedido de desculpas depois do constrangimento causado por declarações do primeiro-ministro da Alemanha, ao voltar para seu país. Friedrich Merz disse ter ficado feliz ao ir embora "daquele lugar", referindo-se à capital paraense. Perguntei ao diplomata se ele havia sido orientado por seu governo a elogiar Belém ou se foi uma iniciativa dele. Bindseil respondeu: "Foi ideia minha."

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