De Povos Indígenas no Brasil
The printable version is no longer supported and may have rendering errors. Please update your browser bookmarks and please use the default browser print function instead.

Notícias

Apib vai pedir ao STF julgamento presencial do marco temporal

27/11/2025

Autor: Waldick Júnior

Fonte: A Critica - https://www.acritica.com



A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) vai pedir ao Supremo Tribunal Federal (STF) que o novo julgamento da tese do marco temporal ocorra de forma presencial, e não no plenário virtual da Corte, atualmente previsto para 5 de dezembro.

O tema voltou ao STF após o Congresso aprovar uma lei sobre o assunto e o ministro Gilmar Mendes firmar um acordo em uma mesa de conciliação criada por ele próprio (sem o aval das organizações indígenas) para buscar um meio-termo sobre as demarcações de terras no país.

"Entramos com um pedido para que esse julgamento vá para o plenário físico do Supremo, porque é importante ter a presença indígena no julgamento dessa ação. É importante que o STF faça esse julgamento desta forma para mostrar à sociedade brasileira a postura de cada um, se são a favor dos direitos dos povos indígenas ou contrários", afirma o coordenador da Apib, Kleber Karipuna.

Na avaliação da entidade, qualquer meio-termo representaria uma derrota para os povos indígenas, já que o próprio STF havia considerado a tese inconstitucional. A crítica ganha ainda mais peso após o Brasil presidir a COP 30 e garantir, no texto final, o reconhecimento da importância dos territórios indígenas para o equilíbrio climático do planeta.

"Para nós, qualquer meio-termo seria uma derrota para o Brasil, para o Judiciário, para os povos indígenas e para as políticas de enfrentamento à mudança climática vivido pelo mundo inteiro, hoje", comenta.

Retrocesso

Na visão do vice-coordenador da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), Alcebias Sabará, a aprovação do marco temporal "vem mais para proteger quem está assassinando os povos indígenas".

O líder indígena disse que a expectativa é de que o STF mantenha o entendimento firmado em julgamento anterior, de 2023, quando reconheceu o marco temporal como inconstitucional. "Essa Lei fere a nossa Constituição, fere a nossa história de resistência, de um povo que resiste à colonização há mais de 525 anos. O que querem agora é 'legalizar' a morte das lideranças", critica.

Sobre o acordo
Em junho deste ano, o STF divulgou que alcançou um acordo na mesa de conciliação para enviar ao Congresso um anteprojeto de lei com alterações à legislação do marco temporal, aprovada pelos parlamentares em dezembro de 2023.

A proposta de Gilmar Mendes, criticada pelos indígenas, prevê a participação de municípios no processo de demarcação de terras, além de indenização a pessoas que ocuparam terras posteriormente devolvidas aos indígenas, entre outros termos.

Segundo o Supremo, foram realizadas 23 audiências de conciliação entre agosto de 2024 e junho de 2025. Os debates abrangeram temas como a jurisprudência do STF e da Corte Interamericana de Direitos Humanos sobre o marco temporal, os direitos indígenas discutidos na Assembleia Constituinte de 1987 e previstos na Constituição de 1988, além de sessões temáticas com lideranças indígenas, antropólogos e cientistas sociais.

Relembre
Em setembro de 2023, o STF decidiu, por nove votos a dois, que o marco temporal é inconstitucional. Meses depois, em dezembro, o Congresso Nacional aprovou a Lei 14.701/2023, que validou a tese - uma resposta política em meio a embates de poder com a Corte Suprema.

O ministro Gilmar Mendes foi designado relator de quatro ações que questionam a legalidade da nova Lei e uma quinta que pede a declaração de inconstitucionalidade. É no contexto destas ações que o magistrado optou por abrir a mesa de conciliação, criticada pelo movimento indígena.

https://www.acritica.com/geral/apib-vai-pedir-ao-stf-julgamento-presencial-do-marco-temporal-1.390034
 

As notícias publicadas no site Povos Indígenas no Brasil são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos .Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.