De Povos Indígenas no Brasil
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Notícias
Um salto para educação: Brasil lança projeto inédito de Universidade Federal Indígena
28/11/2025
Autor: Helena Corezomaé
Fonte: Opan - https://amazonianativa.org.br
Em um ato de grande significado para a história da educação superior e dos povos originários no Brasil, foi realizada nesta quinta-feira (27), a cerimônia de envio do projeto de lei que cria a Universidade Federal Indígena (Unind). O evento, sediado no Palácio do Planalto, em Brasília, contou com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro da Educação, Camilo Santana, e da ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara.
Durante a cerimônia, o texto de criação da universidade foi formalmente assinado e imediatamente encaminhado ao Congresso Nacional, consolidando um marco na ampliação do acesso à educação superior pública e gratuita para os povos indígenas no país.
A futura Unind terá sua sede na capital, Brasília, e está prevista para entrar em funcionamento em 2027. Antes disso, em 2026, grupos técnicos interministeriais serão responsáveis por detalhar o desenho pedagógico, curricular e estrutural da instituição, garantindo que ela nasça com a solidez e as especificidades necessárias.
A universidade terá uma atuação em rede, concebida para articular de forma inovadora os saberes tradicionais e os conhecimentos científicos, com o objetivo principal de formar profissionais indígenas qualificados e, simultaneamente, fortalecer as comunidades e a sociedade brasileira como um todo.
Reparação histórica e quebra da lógica colonial
A ministra Sonia Guajajara enfatizou que este é um dia de celebração, que concretiza os esforços de professores indígenas que lutam há décadas por uma educação pública que não exclua, mas que complemente os saberes ancestrais.
Para ela, a "Unind é um ato de reparação histórica e uma oportunidade de apresentar ao Brasil e ao mundo um modelo de produção de conhecimento que rompe com a lógica colonial". Ela citou dados do Censo do IBGE, mostrando um salto significativo na presença de indígenas nas universidades, de 9 mil em 2011 para 46 mil em 2022, creditando essa conquista às políticas de cotas, e afirmando que a Unind representa um salto ainda maior nesse caminho.
O educador Gersem Baniwa destacou que o projeto é fruto de um processo de "escuta aos povos indígenas do Brasil", em parceria com o Ministério da Educação e o Ministério dos Povos Indígenas, a partir da solicitação do Fórum Educacional de Educação Indígena. Ele relembrou a violência e a injustiça epistêmica sofridas por séculos, período em que os indígenas foram excluídos dos espaços formais de produção de conhecimento e tiveram suas cosmovisões e epistemologias desconsideradas por processos educativos eurocêntricos e homogeneizantes.
"A Universidade Federal Indígena será uma oportunidade para reparar e superar a educação colonial que impôs o achatamento e esvaziamento antológico do nosso ser indígena, quebrando e fragmentando nossas identidades indígenas. [...] Que a Universidade Indígena seja o nosso principal instrumento de equidade sistémica e de resistência da nossa alteridade".
A perspectiva de que a Unind desmonte a opressão e a injustiça epistêmica que descredibilizaram os saberes indígenas simplesmente por razões de origem étnica, cultural e geográfica foi um ponto central de sua fala.
Chiquinha Paresi, membro do Conselho Estadual de Educação Escolar Indígena de Mato Grosso (CEEI-MT), também esteve na cerimônia e celebrou o momento por consolidar uma política de direito já conquistada na Constituição Federal.
Ela ressaltou o ineditismo da iniciativa, afirmando que o Brasil se torna o primeiro país na América Latina a lançar, de fato, uma universidade indígena com essa proposta. Chiquinha Paresi também mencionou a experiência positiva de trabalho desenvolvida pela Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat) e expressou a esperança de que essa nova rede e parceria fortaleça a política de direito, inclusive com a possibilidade de um futuro campus específico para os povos indígenas em seu estado.
"A partir do momento que nós tivemos uma experiência positiva, que vem sendo trabalhada ao longo dos anos em Mato Grosso, o surgimento de uma universidade é um trabalho já feito e realizado diante desse processo".
https://amazonianativa.org.br/2025/11/28/um-salto-para-educacao-brasil-lanca-projeto-inedito-de-universidade-federal-indigena/
Durante a cerimônia, o texto de criação da universidade foi formalmente assinado e imediatamente encaminhado ao Congresso Nacional, consolidando um marco na ampliação do acesso à educação superior pública e gratuita para os povos indígenas no país.
A futura Unind terá sua sede na capital, Brasília, e está prevista para entrar em funcionamento em 2027. Antes disso, em 2026, grupos técnicos interministeriais serão responsáveis por detalhar o desenho pedagógico, curricular e estrutural da instituição, garantindo que ela nasça com a solidez e as especificidades necessárias.
A universidade terá uma atuação em rede, concebida para articular de forma inovadora os saberes tradicionais e os conhecimentos científicos, com o objetivo principal de formar profissionais indígenas qualificados e, simultaneamente, fortalecer as comunidades e a sociedade brasileira como um todo.
Reparação histórica e quebra da lógica colonial
A ministra Sonia Guajajara enfatizou que este é um dia de celebração, que concretiza os esforços de professores indígenas que lutam há décadas por uma educação pública que não exclua, mas que complemente os saberes ancestrais.
Para ela, a "Unind é um ato de reparação histórica e uma oportunidade de apresentar ao Brasil e ao mundo um modelo de produção de conhecimento que rompe com a lógica colonial". Ela citou dados do Censo do IBGE, mostrando um salto significativo na presença de indígenas nas universidades, de 9 mil em 2011 para 46 mil em 2022, creditando essa conquista às políticas de cotas, e afirmando que a Unind representa um salto ainda maior nesse caminho.
O educador Gersem Baniwa destacou que o projeto é fruto de um processo de "escuta aos povos indígenas do Brasil", em parceria com o Ministério da Educação e o Ministério dos Povos Indígenas, a partir da solicitação do Fórum Educacional de Educação Indígena. Ele relembrou a violência e a injustiça epistêmica sofridas por séculos, período em que os indígenas foram excluídos dos espaços formais de produção de conhecimento e tiveram suas cosmovisões e epistemologias desconsideradas por processos educativos eurocêntricos e homogeneizantes.
"A Universidade Federal Indígena será uma oportunidade para reparar e superar a educação colonial que impôs o achatamento e esvaziamento antológico do nosso ser indígena, quebrando e fragmentando nossas identidades indígenas. [...] Que a Universidade Indígena seja o nosso principal instrumento de equidade sistémica e de resistência da nossa alteridade".
A perspectiva de que a Unind desmonte a opressão e a injustiça epistêmica que descredibilizaram os saberes indígenas simplesmente por razões de origem étnica, cultural e geográfica foi um ponto central de sua fala.
Chiquinha Paresi, membro do Conselho Estadual de Educação Escolar Indígena de Mato Grosso (CEEI-MT), também esteve na cerimônia e celebrou o momento por consolidar uma política de direito já conquistada na Constituição Federal.
Ela ressaltou o ineditismo da iniciativa, afirmando que o Brasil se torna o primeiro país na América Latina a lançar, de fato, uma universidade indígena com essa proposta. Chiquinha Paresi também mencionou a experiência positiva de trabalho desenvolvida pela Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat) e expressou a esperança de que essa nova rede e parceria fortaleça a política de direito, inclusive com a possibilidade de um futuro campus específico para os povos indígenas em seu estado.
"A partir do momento que nós tivemos uma experiência positiva, que vem sendo trabalhada ao longo dos anos em Mato Grosso, o surgimento de uma universidade é um trabalho já feito e realizado diante desse processo".
https://amazonianativa.org.br/2025/11/28/um-salto-para-educacao-brasil-lanca-projeto-inedito-de-universidade-federal-indigena/
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