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Voos são retomados, mas com restrições

10/06/2011

Fonte: Folha de Boa Vista - http://www.folhabv.com.br



A empresa Roraima Táxi Aéreo retomou ontem os voos para o Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami (DSEI-Y), mas com algumas restrições. O primeiro voo foi para os pólos do estado do Amazonas a fim de atender os índios que moram nos municípios de Barcelos, São Gabriel da Cachoeira e São José do Rio Negro. Hoje será realizado um voo para pólo-base de Surucucu.

A empresa deixou de operar alegando falta de segurança. A retomada dos voos ocorreu após uma reunião que aconteceu na terça-feira com os representantes do DSEI-Y, da Roraima Táxi Aéreo, Polícia Federal (PF) e da Hutukara Associação Yanomami.

A Polícia Federal, segundo informou o servidor Persevarando Ribeiro Machado Neto, intermediou às negociações. Ficou acordado que as aeronaves só poderiam aterrissar nos subdistritos para fazer remoção de pacientes para a cidade ou para transladar o corpo para área.

Como os indígenas ainda não permitem que as aeronaves aterrissem nos subdistritos para que seja feita a troca das equipes que estão de plantão, ficou acordado que a empresa aérea pousará nos pólos-base de Surucucu e Auaris, onde há a presença do Exército e que um helicóptero da empresa de Táxi Aéreo Arizona fará as "pernas" até essas localidades para buscar os funcionários prestadores de serviço.

A coordenadora de saúde do DSEI-Y, Rosimary Queiroz da Silva, que assumiu o setor há oito dias, disse que a situação está controlada e que no domingo, 05, um helicóptero foi até ao pólo-base de Surucucu para fazer uma remoção. Segundo ela, amanhã está previsto outro voo para o pólo-base de Auaris.


Técnicos dizem que estão há 38 dias em área, mas coordenação do DSEI-Y nega

Técnicos e familiares dos que trabalham na terra indígena Yanomami denunciaram à Folha que estão há de 38 dias nos pólos-base, quando o contrato assinado é para passar apenas 30 dias.

Segundo e-mail enviado ao jornal e denúncia de parentes desses funcionários, a situação está crítica não apenas para os funcionários, mas também para os indígenas, que estão desassistidos no âmbito da saúde.

Os técnicos estariam praticamente sem alimentação e, segundo eles, a equipe era para ter saído da área indígena no dia primeiro de junho. Há relatos de alguns funcionários que estariam buscando ajuda para sair da área de barco.

DSEI-Y/FUNASA - A coordenadora de saúde do DSEI-Y, Rosimary Queiroz da Silva, negou que equipes tivessem com mais de 30 dias em área indígena. Ela explicou que a escala é de 30 dias e que os funcionários devem levar alimentação para esse período.

Garantiu que a próxima equipe a sair da área é em 16 de junho, dia em que completará os 30 dias prestados, conforme rege o contrato. "A troca é depois do dia 10", reforçou.

Afirmou que é rotina haver voos a cada 15 dias e que houve atraso no dia primeiro por conta da apreensão da aeronave. "O atraso está ocorrendo desde 28 de maio. A empresa não realizou o voo por motivo de segurança, mas no dia 5 de junho (domingo passado) foi feita uma remoção e vieram alguns técnicos nessa aeronave", disse.

"Hoje mesmo entrei em contato por meio da fonia e todos negaram que tivesse faltando alimentos. O que não tem é carne fresca, mas há arroz, feijão e enlatados", complementou.

Indagada sobre a situação da saúde dos índios, que segundos os técnicos, estaria comprometida por conta dos atrasos dos voos, ela respondeu que os remédios vão em quantidades suficientes para não faltar. "O abastecimento está garantido", afirmou.


Hutukara não garante segurança e reafirma que ministro da Saúde é responsável pelo caos

O líder da Hutukara Associação Yanomami, Dário Vitório Kopenawa Yanomami, disse que durante a reunião houve pressão para que a entidade garantisse a segurança dos voos para área indígena.

Esse comprometimento, segundo Dário Yanomami, não será possível porque as lideranças das aldeias não aceitam as últimas determinações do Ministério da Saúde. "Só quem tem o poder de garantir a segurança dos voos é o ministro da Saúde Alexandre Padilha. Ele é quem tem o poder de garantir estabilidade, segurança a todos. Ele é responsável pelo caos na saúde indígena Yanomami e Yekuana", afirmou.

Além da nomeação de Claudete, eles querem a autonomia do Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami, incluindo nesse contexto o funcionamento do DSEI-Y fora do prédio da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), que hoje é o ordenador das despesas.

"Afirmo que toda e qualquer pessoa do governo que não for da concordância do povo Yanomami e Yekuana, não terá vida fácil para desenvolver suas atividades, iremos protestar, se manifestar, denunciar e até mesmo, se preciso, ficar sem atendimento, sem receber ou aceitar ações do Governo que não reconheçam os Direitos dos Povos Indígenas, que não consulte os povos indígenas para tomarem suas decisões", diz a nota enviada à Folha.

Dário afirmou que a apreensão da aeronave foi uma decisão das lideranças das aldeias do Haxiú e do Watoriki, e que não havia reféns, como noticiou a mídia. "Simplesmente prenderam [retiveram] aviões. Os pilotos e os funcionários da saúde ficaram livremente nas comunidades. Não foram amarados nem presos em salas. Não foram embora porque não conhecem os rios e os caminhos de saída da Terra Indígena Yanomami", explicou ao enfatizar que a retenção da aeronave não foi uma orientação da Diretoria da Hutukara Associação Yanomami, e sim das lideranças.


http://www.folhabv.com.br/noticia.php?id=110374
 

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