De Povos Indígenas no Brasil
The printable version is no longer supported and may have rendering errors. Please update your browser bookmarks and please use the default browser print function instead.

Notícias

Índio Yawanawá faz relato sobre os dois dias em que esteve na mata fechada

19/04/2017

Autor: Ana Paula Pojo

Fonte: Notícias Acre agência.ac.gov.br



O índio Biraci Júnior Yawanawá, do povo indígena Yawanawá, da Aldeia Nova Esperança no Alto Rio Gregório em Tarauacá, saiu para caçar no último sábado, 15, e acabou fazendo rota oposta ao percurso desejado, fazendo com que ficasse na floresta durante dois dias.

Por ter se distanciado muito do local onde ocorreria a caça, Júnior conseguiu chegar de volta à aldeia somente na segunda, 17.

O índio conta que a caça seria às margens do Igarapé Pedra, distante cinco horas da Aldeia Nova Esperança. Além da caça, o objetivo era desbravar área que fica mais distante da aldeia, para monitorar a não ocorrência de caça predatória ou ação ilegal madeireira. Em detalhes ele conta que não estava perdido.

"Para nós, não existe essa história de a gente se perder, mas a possibilidade de andar além do que imagina. Quando fui me dar conta de que estava distante demais da aldeia, já estava acabando o dia, então, para voltar todo o trecho que havia andado, iria demorar muito. Sem contar o desgaste do dia inteiro de caçada, a fome e a fadiga. Fui voltando mais devagar, e quando percebi já era noite e precisei dormir na mata", explica Biraci.

No dia seguinte, o índio conta que continuou o percurso, mas, por um descuido, já que estava nublado, se viu novamente na direção errada. Como estava escurecendo, precisou esperar o dia seguinte para continuar o retorno.

"Medo a gente não tem, mas a precaução por saber que estamos na floresta, vendo rastros de onça, passando por locais que sinalizam a existência das grandes sucuris, ficamos cautelosos para não ser picado por cobras, escorpiões ou aranhas. Eu cheguei a ser ferrado por uma tucandeira, o que fez com que eu seguisse mancando, dificultando ainda mais a volta", conta.

Foram dois dias na mata bebendo apenas água, em um território de até 203 mil hectares, do qual ainda não foi possível explorar nem 10%.

"É por isso que a gente faz as caçadas, para desbravar o nosso território, verificar se não está havendo caça predatória, ação de madeireiros ou outras que prejudiquem nossas florestas. Nenhuma pessoa nesta terra está imune à imponência que a Floresta Amazônica dá. Nós, indígenas, que moramos dentro dela, também passamos por isso. Agradeço todo o apoio dado à minha família", disse Júnior Yawanawá.




http://www.agencia.ac.gov.br/indio-yawanawa-faz-relato-sobre-os-dois-dias-em-que-esteve-na-mata-fechada/
 

As notícias publicadas no site Povos Indígenas no Brasil são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos .Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.