De Povos Indígenas no Brasil
The printable version is no longer supported and may have rendering errors. Please update your browser bookmarks and please use the default browser print function instead.
Notícias
Na arte indígena, as formas do barro contam histórias
09/11/2017
Autor: Leila Kiyomura
Fonte: Jornal da USP jornal.usp.br
O dia a dia dos índios paiter suruí, de Rondônia, e assurini, do Xingu, transformando o barro em arte está na exposição Cerâmica Indígena do Brasil: Preservando Histórias e Tradições. As peças - vasos, cuias, panelas, potes - apresentam desenhos e grafismos decorados em policromia com a utilização de corantes minerais.
A mostra pode ser apreciada na Sala Multiuso da Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin. Sob a curadoria de Jean-Jacques Vidal, artista e pós-doutorando em Artes Visuais na Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp), o público acompanha os detalhes do trabalho e da criatividade dos indígenas através de fotos e vídeos.
"Nas culturas indígenas que trabalham com cerâmica, esse tipo de arte vai além da dimensão material e se insere em um universo maior, que inclui as relações sociais, a relação com a natureza e com a sobrenatureza", esclarece o curador. "Tanto a arte quanto as práticas tecnológicas estão interligadas a essas outras dimensões."
O visitante acompanha a rotina da confecção das cerâmicas através das imagens. As mulheres se embrenham na mata para retirar a casca das árvores para a queima. Reúnem tudo em um pequeno espaço onde vão trabalhar. Interessante ver a extração da argila, que depois é sovada diante dos olhos curiosos das crianças, que também participam.
Interessante observar os suportes utilizados e a fabricação cuidadosa de cada peça. O resultado dessa arte é especialmente a alegria doméstica utilizando as cerâmicas para comer, beber e festejar. São utilitários que revelam a dedicação das artesãs moldando a itxira, uma das maiores panelas, utilizadas para o preparo da sopa de cará ou de milho. Também tem as soup-soupey, que são peças miúdas para beber ou armazenar materiais pequeninos para a confecção de adornos.
"As técnicas, comportamentos, atitudes, gestos e emoções que envolvem essa prática artística também são relevantes."
A produção da cerâmica envolve a tradição de um ritual que ocorre somente durante o período da seca, nos meses de junho, julho e agosto. "As condições climáticas facilitam o encontro de matérias-primas como a argila, extraída do fundo do igarapé, as sementes para alisar as peças e a madeira para queimar", explica Vidal. "As técnicas, comportamentos, atitudes, gestos e emoções que envolvem essa prática artística são relevantes."
Vidal ressalta que desde 2010 pesquisadores, galeristas, museus e espaços culturais vêm divulgando a cerâmica suruí no meio urbano. "Os índios suruí conseguiram espaço e oportunidade para participar de uma série de eventos, todos relativos à cerâmica, sua arte mais relevante e diferenciada."
A exposição traz objetos diversificados, que deixam entrever as diferenças de estilo dos índios paiter suruí e assurini. As formas, decoração, pinturas diferentes. "Apesar das mudanças, adaptações e inovações, as ceramistas indígenas atribuem à atividade cerâmica uma posição privilegiada nas suas respectivas culturas, sendo considerada, em alguns casos, como um elemento definidor de identidade própria e frente a outras etnias indígenas ou aos não índios", destaca o curador. "A cerâmica, para esses povos, tem uma íntima relação com o ambiente, de onde provém as matérias-primas para sua confecção e muitos dos padrões para sua ornamentação.
A exposição Cerâmica Indígena do Brasil: Preservando Histórias e Tradições fica em cartaz até 20 de dezembro, de segunda a sexta-feira, das 8h30 às 18h30, na Sala Multiuso da Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin (Avenida Professor Luciano Gualberto, 78). Entrada grátis.
http://jornal.usp.br/cultura/na-arte-indigena-as-formas-do-barro-contam-historias/
A mostra pode ser apreciada na Sala Multiuso da Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin. Sob a curadoria de Jean-Jacques Vidal, artista e pós-doutorando em Artes Visuais na Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp), o público acompanha os detalhes do trabalho e da criatividade dos indígenas através de fotos e vídeos.
"Nas culturas indígenas que trabalham com cerâmica, esse tipo de arte vai além da dimensão material e se insere em um universo maior, que inclui as relações sociais, a relação com a natureza e com a sobrenatureza", esclarece o curador. "Tanto a arte quanto as práticas tecnológicas estão interligadas a essas outras dimensões."
O visitante acompanha a rotina da confecção das cerâmicas através das imagens. As mulheres se embrenham na mata para retirar a casca das árvores para a queima. Reúnem tudo em um pequeno espaço onde vão trabalhar. Interessante ver a extração da argila, que depois é sovada diante dos olhos curiosos das crianças, que também participam.
Interessante observar os suportes utilizados e a fabricação cuidadosa de cada peça. O resultado dessa arte é especialmente a alegria doméstica utilizando as cerâmicas para comer, beber e festejar. São utilitários que revelam a dedicação das artesãs moldando a itxira, uma das maiores panelas, utilizadas para o preparo da sopa de cará ou de milho. Também tem as soup-soupey, que são peças miúdas para beber ou armazenar materiais pequeninos para a confecção de adornos.
"As técnicas, comportamentos, atitudes, gestos e emoções que envolvem essa prática artística também são relevantes."
A produção da cerâmica envolve a tradição de um ritual que ocorre somente durante o período da seca, nos meses de junho, julho e agosto. "As condições climáticas facilitam o encontro de matérias-primas como a argila, extraída do fundo do igarapé, as sementes para alisar as peças e a madeira para queimar", explica Vidal. "As técnicas, comportamentos, atitudes, gestos e emoções que envolvem essa prática artística são relevantes."
Vidal ressalta que desde 2010 pesquisadores, galeristas, museus e espaços culturais vêm divulgando a cerâmica suruí no meio urbano. "Os índios suruí conseguiram espaço e oportunidade para participar de uma série de eventos, todos relativos à cerâmica, sua arte mais relevante e diferenciada."
A exposição traz objetos diversificados, que deixam entrever as diferenças de estilo dos índios paiter suruí e assurini. As formas, decoração, pinturas diferentes. "Apesar das mudanças, adaptações e inovações, as ceramistas indígenas atribuem à atividade cerâmica uma posição privilegiada nas suas respectivas culturas, sendo considerada, em alguns casos, como um elemento definidor de identidade própria e frente a outras etnias indígenas ou aos não índios", destaca o curador. "A cerâmica, para esses povos, tem uma íntima relação com o ambiente, de onde provém as matérias-primas para sua confecção e muitos dos padrões para sua ornamentação.
A exposição Cerâmica Indígena do Brasil: Preservando Histórias e Tradições fica em cartaz até 20 de dezembro, de segunda a sexta-feira, das 8h30 às 18h30, na Sala Multiuso da Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin (Avenida Professor Luciano Gualberto, 78). Entrada grátis.
http://jornal.usp.br/cultura/na-arte-indigena-as-formas-do-barro-contam-historias/
As notícias publicadas no site Povos Indígenas no Brasil são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos .Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.