De Povos Indígenas no Brasil
The printable version is no longer supported and may have rendering errors. Please update your browser bookmarks and please use the default browser print function instead.

Notícias

Ações do governo foram insuficientes na Terra Yanomami e garimpo ilegal continua matando, diz relatório

26/01/2024

Fonte: Rede Brasil Atual - https://www.redebrasilatual.com.br/



Ações do governo foram insuficientes na Terra Yanomami e garimpo ilegal continua matando, diz relatório
Segundo associações Yanomami, até novembro houve 308 mortes devido a efeitos deletérios do garimpo e também a falhas na execução das ações de saúde, déficit de recursos humanos e equívocos de planejamento nas políticas adotadas pelo governo Lula

26/01/2024

Relatório divulgado nesta sexta-feira (26) pelas associações Yanomami Wanassedume Ye'kwana (Seduume) e Urihi, com apoio técnico do Instituto Socioambiental (ISA) e do Greenpeace Brasil, mostra insuficiência das ações do governo de Luiz Inácio Lula da Silva contra o garimpo ilegal na terra indígena. A atividade ilegal se ampliou 7%, estendendo-se agora por 5.432 hectares e impactando 21 das 37 regiões existentes. E sem que servidores da saúde indígena conseguissem atender comunidades vulneráveis, por medo dos garimpeiros, a consequência foi a morte de 308 Yanomami e Ye'kwana. Todas causadas por doenças tratáveis, em escala semelhante à dos últimos anos.

Os autores do relatório reconhecem que houve importante redução no contingente de invasores, o que pode ser verificada na desaceleração das taxas de aumento de área degradada. Mas o que se verificou ao longo de 2023, é que, ainda que em menor escala, o garimpo permanece produzindo efeitos altamente nocivos à população Yanomami.

Além de contribuir para a proliferação de doenças infectocontagiosas e dos impactos ambientais, a presença dos garimpeiros têm efeitos diretos na estabilidade política das regiões e na segurança das famílias indígenas e dos profissionais de saúde. E em muitos casos, inviabiliza a livre circulação das pessoas e a possibilidade das visitas regulares às aldeias.

As associações Yanomami consideram que o alto número de mortes - 308 até novembro de 2023 - é explicado também por falhas na execução das ações de saúde. É o caos do baixo investimento nas infraestruturas de saúde no território, o déficit de recursos humanos, e equívocos de planejamento, embora os efeitos deletérios do garimpo não devam ser subestimados.

Confira as recomendações das associações para as próximas etapas de enfrentamento da emergência sanitária:

Retomada urgente de operações de desintrusão de garimpeiros no Território;
Fortalecer a articulação entre as ações setoriais e planejar o desenvolvimento das ações de maneira integrada, através de uma coordenação operacional e intersetorial da emergência Yanomami;

Elaboração de um Plano de Proteção Territorial, que considere:
a) soluções para reduzir a vulnerabilidade das outras calhas de rio que dão acesso à TIY;
b) soluções para o efetivo bloqueio fluvial e controle do espaço aéreo da TIY;
c) mecanismos que garantam uma rotina de patrulhamento nos rios, em caráter no mínimo mensal;
d) planos de ação regionalizados para regiões sensíveis que combinem em um único cronograma ações de neutralização do garimpo, apoio emergencial, promoção à saúde, reocupação das UBSIs com apoio de forças de segurança, e desenvolvimento de atividades de recuperação socioeconômica das comunidades;
e) plano de capacitação de indígenas para o seu envolvimento nas ações de vigilância nas calhas de rio;
f) monitoramento remoto contínuo da TIY como respostas rápidas a novos alertas por parte das forças de segurança;
g) ações regulares de fiscalização no entorno de pistas de pouso, portos e postos de combustível;

3. Desenvolver um plano para estimular o desarmamento voluntário nas regiões sensíveis;

4. Apoiar o reassentamento de comunidades afetadas pelo garimpo que manifestam o interesse de mudar-se para um novo local por não ter condições mínimas de permanência, com apoio logístico, ferramentas, infraestrutura para atendimento à saúde e acompanhamento próximo durante sua instalação;

5. Promoção de ajustes na resposta à crise sanitária, observando a necessidade de:

i) reformas nas estruturas destinadas a atender os Yanomami, bem como nas pistas de pouso que atendem os estabelecimentos de saúde;
ii) investimento na mobilidade dos funcionários dentro de território;
iii) criação de novas unidades de saúde e que
iv) sejam seguidas as recomendações do relatório da Transparência Internacional de forma a garantir o controle social dos orçamentos do DSEI-YY;

6. Criação de uma força tarefa para o controle da malária na TIY;

7. Ampliação das parcerias e cooperações técnicas com organizações especializadas em saúde que possam subsidiar soluções práticas capazes de responder à crise sanitária na Terra Indígena Yanomami.
 

As notícias publicadas no site Povos Indígenas no Brasil são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos .Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.