De Povos Indígenas no Brasil
The printable version is no longer supported and may have rendering errors. Please update your browser bookmarks and please use the default browser print function instead.
Notícias
Terras indígenas com maior população de até 14 anos estão no Amazonas e Amapá
03/05/2024
Fonte: FSP - https://www1.folha.uol.com.br/
Terras indígenas com maior população de até 14 anos estão no Amazonas e Amapá
Em números reais, TIs Kulina do Médio Juruá e Wajãpi estão no top do ranking do IBGE
Jorge Abreu
03/05/2024
Entre todas as TIs (terras indígenas) do país, Kulina do Médio Juruá, no Amazonas, e Wajãpi, no Amapá, são as que tem a maior população de pessoas com até 14 anos, de acordo com o Censo Demográfico 2022, do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Uma nova atualização do levantamento, divulgada nesta sexta (3), apresentou dados detalhados sobre sexo e idade nesses territórios.
Segundo o censo, Kulina do Médio Juruá possui 1.579 indígenas de 0 a 14 anos, o que representa 56,1% de toda a população que vive no território com 730 mil de hectares. A TI ocupa os municípios de Eirunepé, Envira, Ipixuna e Tarauacá -este último no Acre.
Ainda conforme o levantamento do IBGE, a TI concentra 571 pessoas de 15 a 29 anos, 563 indígenas de 30 a 59 anos, e 101 anciões com mais de 60 anos.
Marlene Araújo, 44, liderança na Organização dos Povos Indígenas da Calha do Juruá (Opiju), atribui o alto número de jovens com a baixa expectativa de vida diante da violência na região. Ela conta que teve que deixar de morar na comunidade após os avós e os tios serem assassinados.
Segundo Araújo, as aldeias Kulina sofrem com conflitos internos entre os próprios indígenas e externos com a população não indígena. A liderança desenvolve projetos para recuperar a juventude através do esporte e da cultura.
"É muito triste nossa realidade, por este motivo, que ao retornar para Eirunepe em 2017, tenho feito de tudo para ajudá-los, e agora com a nossa organização temos buscado mais visibilidade para que as pessoas nos vejam, e ouçam o nosso socorro", frisou Araújo.
A TI Waiãpi, no oeste do Amapá, possui 958 pessoas de 0 a 14 anos, o que representa 57,5% do total da população desta etnia. Com 607 mil hectares, o território fica localizado dentro da maior unidade de conservação do país, o parque Nacional Montanhas do Tumucumaque, e ocupa os municípios de Pedra Branca do Amapari, Laranjal do Jari e Mazagão.
O censo aponta, ainda, que a TI tem 408 pessoas de 15 até 29 anos, 259 indígenas de 30 a 59 anos, e 40 anciões com mais de 60 anos.
O cacique Aikyry Wajãpi, 50, presidente da Associação Indígena Wajãpi (AIW), conta que ter mais filhos foi uma estratégia adotada no território para manter as futuras gerações. O líder afirma que quando o sarampo chegou na região, os indígenas quase foram dizimados.
"O número de jovens está aumentando porque no passado, antes do contato com o não indígena, teve epidemia de sarampo. Não tinha remédio, então a doença matou nossos pais. Depois disso, sobraram só 153 wajãpis. Aos poucos fomos recuperando, há uns 10 ou 15 anos. Então, nesse período, aumentou a reprodução de mais crianças. E agora tem mais jovens", afirmou.
Atualmente, no território com cerca de 100 aldeias do povo wajãpi, os indígenas são organizados em quatro associações (AIW, Apiwa-tá, Awatac e Apina), que promovem seminários e formações aos jovens, para que, no futuro, se tornem lideranças e mantenham a cultura.
"Se a gente não repassa nossa força, a nossa luta, a gente vai levar tudo quando morrer, e os jovens ficam sem a luta, sem a arma. Então, nós também nos preocupamos com nossa cultura. Nós repassamos a nossa cultura material e imaterial. O papel dos jovens, hoje em dia, é aprender o conhecimento ancestral e o conhecimento do não indígena, como a tecnologia", disse o cacique.
https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2024/05/terras-indigenas-com-maior-populacao-de-ate-14-anos-estao-no-amazonas-e-amapa.shtml
Em números reais, TIs Kulina do Médio Juruá e Wajãpi estão no top do ranking do IBGE
Jorge Abreu
03/05/2024
Entre todas as TIs (terras indígenas) do país, Kulina do Médio Juruá, no Amazonas, e Wajãpi, no Amapá, são as que tem a maior população de pessoas com até 14 anos, de acordo com o Censo Demográfico 2022, do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Uma nova atualização do levantamento, divulgada nesta sexta (3), apresentou dados detalhados sobre sexo e idade nesses territórios.
Segundo o censo, Kulina do Médio Juruá possui 1.579 indígenas de 0 a 14 anos, o que representa 56,1% de toda a população que vive no território com 730 mil de hectares. A TI ocupa os municípios de Eirunepé, Envira, Ipixuna e Tarauacá -este último no Acre.
Ainda conforme o levantamento do IBGE, a TI concentra 571 pessoas de 15 a 29 anos, 563 indígenas de 30 a 59 anos, e 101 anciões com mais de 60 anos.
Marlene Araújo, 44, liderança na Organização dos Povos Indígenas da Calha do Juruá (Opiju), atribui o alto número de jovens com a baixa expectativa de vida diante da violência na região. Ela conta que teve que deixar de morar na comunidade após os avós e os tios serem assassinados.
Segundo Araújo, as aldeias Kulina sofrem com conflitos internos entre os próprios indígenas e externos com a população não indígena. A liderança desenvolve projetos para recuperar a juventude através do esporte e da cultura.
"É muito triste nossa realidade, por este motivo, que ao retornar para Eirunepe em 2017, tenho feito de tudo para ajudá-los, e agora com a nossa organização temos buscado mais visibilidade para que as pessoas nos vejam, e ouçam o nosso socorro", frisou Araújo.
A TI Waiãpi, no oeste do Amapá, possui 958 pessoas de 0 a 14 anos, o que representa 57,5% do total da população desta etnia. Com 607 mil hectares, o território fica localizado dentro da maior unidade de conservação do país, o parque Nacional Montanhas do Tumucumaque, e ocupa os municípios de Pedra Branca do Amapari, Laranjal do Jari e Mazagão.
O censo aponta, ainda, que a TI tem 408 pessoas de 15 até 29 anos, 259 indígenas de 30 a 59 anos, e 40 anciões com mais de 60 anos.
O cacique Aikyry Wajãpi, 50, presidente da Associação Indígena Wajãpi (AIW), conta que ter mais filhos foi uma estratégia adotada no território para manter as futuras gerações. O líder afirma que quando o sarampo chegou na região, os indígenas quase foram dizimados.
"O número de jovens está aumentando porque no passado, antes do contato com o não indígena, teve epidemia de sarampo. Não tinha remédio, então a doença matou nossos pais. Depois disso, sobraram só 153 wajãpis. Aos poucos fomos recuperando, há uns 10 ou 15 anos. Então, nesse período, aumentou a reprodução de mais crianças. E agora tem mais jovens", afirmou.
Atualmente, no território com cerca de 100 aldeias do povo wajãpi, os indígenas são organizados em quatro associações (AIW, Apiwa-tá, Awatac e Apina), que promovem seminários e formações aos jovens, para que, no futuro, se tornem lideranças e mantenham a cultura.
"Se a gente não repassa nossa força, a nossa luta, a gente vai levar tudo quando morrer, e os jovens ficam sem a luta, sem a arma. Então, nós também nos preocupamos com nossa cultura. Nós repassamos a nossa cultura material e imaterial. O papel dos jovens, hoje em dia, é aprender o conhecimento ancestral e o conhecimento do não indígena, como a tecnologia", disse o cacique.
https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2024/05/terras-indigenas-com-maior-populacao-de-ate-14-anos-estao-no-amazonas-e-amapa.shtml
As notícias publicadas no site Povos Indígenas no Brasil são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos .Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.