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Quase 25% do Brasil queimou nas últimas quatro décadas
19/06/2024
Fonte: Valor Econômico - https://valor.globo.com/
Quase 25% do Brasil queimou nas últimas quatro décadas
Cerrado e Amazônia são os biomas mais afetados pelo fogo, mas o Pantanal foi o que mais queimou, em termos proporcionais
Daniela Chiaretti
19/06/2024
Um em cada quatro hectares do Brasil pegou fogo nas últimas quatro décadas. Entre 1985 e 2023 foram queimados 199,1 milhões de hectares o que significa quase 25% do território nacional. Cerrado e Amazônia são os biomas mais afetados, mas o Pantanal foi o que mais queimou, em termos proporcionais, nos últimos 39 anos - as chamas consumiram 9 milhões de hectares, 59,2% do bioma.
O diagnóstico do fogo nos biomas brasileiros foi divulgado ontem e faz parte da terceira Coleção MapBiomas Fogo. Trata-se do histórico da área queimada no Brasil inteiro, por tipo e vegetação. "Desta forma, procuramos entender a dinâmica e os padrões do fogo no Brasil", diz Ande Alencar, coordenadora do MapBiomas Fogo e diretora de Ciência do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam).
Um terço dos eventos de fogo se concentra no mês de setembro. Mais de dois terços da área afetada foi de vegetação nativa e um terço de pastagem e agricultura. Quase a metade da área queimada se concentrou no Mato Grosso, no Pará e no Maranhão. Outro dado interessante é que 60% de toda a área queimada aconteceu em imóveis privados.
Outro dado mostra que 65% da área afetada pelo fogo no Brasil queimou mais de uma vez em 39 anos. O Cerrado é o bioma com maior quantidade de área queimada de forma recorrente. Cerrado e Amazônia concentraram 86% da área queimada no Brasil pelo menos uma vez no período.
"Grande parte do que é queimado no Brasil é em área de vegetação nativa e principalmente em área de vegetação nativa e principalmente em áreas de campo. Em savanas, com fisionomia mais adaptada ao campo", diz Ane Alencar. "E é aí que é mais difícil de controlar o fogo quando ele escapa." Ela explica: "Se o fogo escapa e entra em uma área de campo e é meio-dia, dificilmente irá se conseguir parar esse incêndio, não importa o que se faça. VaVai queimar com muita rapidez e atingir uma área muito grande".
No caso de o fogo atingir a borda de uma floresta, a chance de se conseguir reter o fogo nos primeiros metros é muito maior. "O fogo, naturalmente, não pertence a áreas florestais", diz ela.
A vegetação da Amazônia não é adaptada ao fogo e enfrenta risco elevado com a ocorrência de incêndios. "Agravam o nível de degradação ambiental e ameaçam a biodiversidade local", explica a especialista. Na Amazônia o fogo é causado principalmente pelo desmatamento e práticas agrícolas, diz a nota à imprensa.
Em 2023, mais de 600 mil hectares queimaram do Pantanal, quase a totalidade entre setembro e dezembro. No caso do bioma, novembro concentrou 60% da área queimada. "O Pantanal, também adaptado ao fogo, enfrenta incêndios intensos principalmente devido às secas prolongadas. Em função das dificuldades de contenção das queimadas, qualquer foco pode gerar impactos significativos na fauna e flora locais", diz o material à imprensa.
Um novo dado desta edição é a que identifica o tamanho das cicatrizes, ou seja, a área afetada por um único evento de fogo. No Pantanal, as áreas queimadas entre 10 mil e 50 mil hectares predominam; no Cerrado são menores, entre 1.000 e 5.000 hectares. Na Amazônia predominam áreas entre 100 e 500 hectares.
Os três municípios que mais queimaram entre 1985 e 2023 foram Corumbá (MS), no Pantanal; São Félix do Xingu (PA), na Amazônia; e Formosa do Rio Preto (BA), no Cerrado.
"O que dá para inferir é que são de origem humana. As condições climáticas permitiram que as chamas se expandissem para uma área maior", diz Ane Alencar. Explica: "É muito difícil trabalhar a questão do fogo no Brasil. Na Amazônia e Mata Atlântica deveríamos lutar com unhas e dentes pela redução de qualquer tipo de fogo. São biomas não adaptados".
No Cerrado, Pantanal e Pampa, "o fogo, dependendo como é colocado, pode trazer um benefício para redução de material combustível e a evolução da vegetação nativa. Mas tem que ocorrer em determinado período e frequência para que seja benéfico. E as condições climáticas estão fazendo com que a prática seja muito perigosa e possa gerar grandes incêndios.
https://valor.globo.com/brasil/noticia/2024/06/19/quase-25-do-brasil-queimou-nas-ultimas-quatro-decadas.ghtml
Cerrado e Amazônia são os biomas mais afetados pelo fogo, mas o Pantanal foi o que mais queimou, em termos proporcionais
Daniela Chiaretti
19/06/2024
Um em cada quatro hectares do Brasil pegou fogo nas últimas quatro décadas. Entre 1985 e 2023 foram queimados 199,1 milhões de hectares o que significa quase 25% do território nacional. Cerrado e Amazônia são os biomas mais afetados, mas o Pantanal foi o que mais queimou, em termos proporcionais, nos últimos 39 anos - as chamas consumiram 9 milhões de hectares, 59,2% do bioma.
O diagnóstico do fogo nos biomas brasileiros foi divulgado ontem e faz parte da terceira Coleção MapBiomas Fogo. Trata-se do histórico da área queimada no Brasil inteiro, por tipo e vegetação. "Desta forma, procuramos entender a dinâmica e os padrões do fogo no Brasil", diz Ande Alencar, coordenadora do MapBiomas Fogo e diretora de Ciência do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam).
Um terço dos eventos de fogo se concentra no mês de setembro. Mais de dois terços da área afetada foi de vegetação nativa e um terço de pastagem e agricultura. Quase a metade da área queimada se concentrou no Mato Grosso, no Pará e no Maranhão. Outro dado interessante é que 60% de toda a área queimada aconteceu em imóveis privados.
Outro dado mostra que 65% da área afetada pelo fogo no Brasil queimou mais de uma vez em 39 anos. O Cerrado é o bioma com maior quantidade de área queimada de forma recorrente. Cerrado e Amazônia concentraram 86% da área queimada no Brasil pelo menos uma vez no período.
"Grande parte do que é queimado no Brasil é em área de vegetação nativa e principalmente em área de vegetação nativa e principalmente em áreas de campo. Em savanas, com fisionomia mais adaptada ao campo", diz Ane Alencar. "E é aí que é mais difícil de controlar o fogo quando ele escapa." Ela explica: "Se o fogo escapa e entra em uma área de campo e é meio-dia, dificilmente irá se conseguir parar esse incêndio, não importa o que se faça. VaVai queimar com muita rapidez e atingir uma área muito grande".
No caso de o fogo atingir a borda de uma floresta, a chance de se conseguir reter o fogo nos primeiros metros é muito maior. "O fogo, naturalmente, não pertence a áreas florestais", diz ela.
A vegetação da Amazônia não é adaptada ao fogo e enfrenta risco elevado com a ocorrência de incêndios. "Agravam o nível de degradação ambiental e ameaçam a biodiversidade local", explica a especialista. Na Amazônia o fogo é causado principalmente pelo desmatamento e práticas agrícolas, diz a nota à imprensa.
Em 2023, mais de 600 mil hectares queimaram do Pantanal, quase a totalidade entre setembro e dezembro. No caso do bioma, novembro concentrou 60% da área queimada. "O Pantanal, também adaptado ao fogo, enfrenta incêndios intensos principalmente devido às secas prolongadas. Em função das dificuldades de contenção das queimadas, qualquer foco pode gerar impactos significativos na fauna e flora locais", diz o material à imprensa.
Um novo dado desta edição é a que identifica o tamanho das cicatrizes, ou seja, a área afetada por um único evento de fogo. No Pantanal, as áreas queimadas entre 10 mil e 50 mil hectares predominam; no Cerrado são menores, entre 1.000 e 5.000 hectares. Na Amazônia predominam áreas entre 100 e 500 hectares.
Os três municípios que mais queimaram entre 1985 e 2023 foram Corumbá (MS), no Pantanal; São Félix do Xingu (PA), na Amazônia; e Formosa do Rio Preto (BA), no Cerrado.
"O que dá para inferir é que são de origem humana. As condições climáticas permitiram que as chamas se expandissem para uma área maior", diz Ane Alencar. Explica: "É muito difícil trabalhar a questão do fogo no Brasil. Na Amazônia e Mata Atlântica deveríamos lutar com unhas e dentes pela redução de qualquer tipo de fogo. São biomas não adaptados".
No Cerrado, Pantanal e Pampa, "o fogo, dependendo como é colocado, pode trazer um benefício para redução de material combustível e a evolução da vegetação nativa. Mas tem que ocorrer em determinado período e frequência para que seja benéfico. E as condições climáticas estão fazendo com que a prática seja muito perigosa e possa gerar grandes incêndios.
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