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'Crise climática é crise mercantilista', diz principal organização indígena do Amazonas
28/05/2024
Autor: Waldick Junior
Fonte: A Crítica - acritica.com
Durante evento sobre justiça climática, nesta terça-feira (28), Maria Baré criticou o investimento em atividades econômicas extrativistas enquanto o país já vive a crise do clima
Para a presidente da Articulação das Organizações e Povos Indígenas do Amazonas (Apiam), Maria Baré, a crise climática que já afeta o Brasil e o mundo é, na verdade, uma "crise mercantilista". Durante evento realizado em Manaus nesta terça-feira (28), que tratou sobre justiça climática, ela criticou o contínuo investimento governamental em atividades econômicas extrativistas enquanto o Rio Grande do Sul já enfrenta enchentes históricas e o Amazonas se prepara para outra estiagem extrema no segundo semestre.
"É uma crise muito focada na questão econômica. Para nós, a justiça climática é resultado de tudo isso. O desequilíbrio causa o que estamos vivenciando. Infelizmente, a gente paga pelo ônus, não pelo bônus. Pagamos pelo resultado de um desequilíbrio humano, economicista e quem são os maiores afetados? Justamente nós, povos indígenas, populações tradicionais, porque vivemos no território", disse.
Dados levantados pela Apiam e entidades parceiras revelam que, em 2023, 53 terras indígenas da Amazônia sofreram com a seca em um nível classificado como 'grave' pela pesquisa, o segundo pior da escala. Outros 13 territórios foram impactados com a seca em nível 'extremo', considerado o mais prejudicial à vida dessas populações.
"É uma questão de mudança de atitude mesmo, porque, se não mudarmos de atitude, não adianta continuarmos falando de direitos humanos, de justiça climática. Vamos continuar gastando, criando fundos de financiamentos e ninguém vai chegar a resultado nenhum. A sociedade precisa despertar para isso. Quem são os grandes consumidores, quem mexe com os bolsos dos grandes empresários, quem elege as pessoas? Somos nós, então precisamos mudar de atitude", ressaltou.
"No momento em que o Amazonas se encontra nisso, o governo do estado está incentivando a mineração dentro da terra indígena, perto de Manaus, em Autazes, na exploração de potássio. Será que é realmente necessária? Não existe outra matriz, tendo em vista que estamos falando de direitos humanos e justiça climática? Em Silves, há a exploração de gás e temos também garimpo ilegal no Amazonas", citou a liderança.
A exploração de potássio em Autazes está judicializada desde 2016. O Ministério Público Federal afirma que o empreendimento, apoiado pelos governos estadual e federal, está sobreposto a áreas habitadas por indígenas do povo Mura. A mineradora nega qualquer irregularidade. Recentemente, o Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam) voltou a liberar novas licenças para a atividade.
Debates
Maria integrou a mesa de discussão sobre 'Justiça Climática e Direitos Humanos' do evento 'Diálogos sobre Clima e Direitos Humanos', que iniciou na segunda e encerrou nesta terça-feira (28). A programação foi organizada por Washington Brazil Office (WBO); Relatoria Especial sobre Direitos Econômicos, Sociais, Culturais e Ambientais (Redesca) da Comissão Interamericana de Direitos Humanos; e Instituto Clima e Sociedade (iCS), com apoio da Agência Espanhola de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento.
A mesa também foi composta por Astrid Puentes, da Relatoria Especial das Nações Unidas para o Direito Humano, um Ambiente Limpo, Saudável e Sustentável; Carolina Garrido, do Grupo de Pesquisa Direito, Ambiente e Justiça no Antropoceno (JUMA); Daniele Galvão, do Center for Climate Crime Analysis (CCCA) e Zoila Macz, do povo indígena Maya Q'eqchi, Consejo de Mujeres Indígenas y Biodiversidad - CMIB / Guatemala.
O debate ocorreu em paralelo à Audiência Pública da Corte Interamericana de Direitos Humanos sobre a "Emergência climática e direitos humanos", que acontece em Manaus até esta quarta-feira (29). A programação está sendo realizada no Teatro Amazonas.
https://www.acritica.com/politica/crise-climatica-e-crise-mercantilista-diz-principal-organizac-o-indigena-do-amazonas-1.340865
Para a presidente da Articulação das Organizações e Povos Indígenas do Amazonas (Apiam), Maria Baré, a crise climática que já afeta o Brasil e o mundo é, na verdade, uma "crise mercantilista". Durante evento realizado em Manaus nesta terça-feira (28), que tratou sobre justiça climática, ela criticou o contínuo investimento governamental em atividades econômicas extrativistas enquanto o Rio Grande do Sul já enfrenta enchentes históricas e o Amazonas se prepara para outra estiagem extrema no segundo semestre.
"É uma crise muito focada na questão econômica. Para nós, a justiça climática é resultado de tudo isso. O desequilíbrio causa o que estamos vivenciando. Infelizmente, a gente paga pelo ônus, não pelo bônus. Pagamos pelo resultado de um desequilíbrio humano, economicista e quem são os maiores afetados? Justamente nós, povos indígenas, populações tradicionais, porque vivemos no território", disse.
Dados levantados pela Apiam e entidades parceiras revelam que, em 2023, 53 terras indígenas da Amazônia sofreram com a seca em um nível classificado como 'grave' pela pesquisa, o segundo pior da escala. Outros 13 territórios foram impactados com a seca em nível 'extremo', considerado o mais prejudicial à vida dessas populações.
"É uma questão de mudança de atitude mesmo, porque, se não mudarmos de atitude, não adianta continuarmos falando de direitos humanos, de justiça climática. Vamos continuar gastando, criando fundos de financiamentos e ninguém vai chegar a resultado nenhum. A sociedade precisa despertar para isso. Quem são os grandes consumidores, quem mexe com os bolsos dos grandes empresários, quem elege as pessoas? Somos nós, então precisamos mudar de atitude", ressaltou.
"No momento em que o Amazonas se encontra nisso, o governo do estado está incentivando a mineração dentro da terra indígena, perto de Manaus, em Autazes, na exploração de potássio. Será que é realmente necessária? Não existe outra matriz, tendo em vista que estamos falando de direitos humanos e justiça climática? Em Silves, há a exploração de gás e temos também garimpo ilegal no Amazonas", citou a liderança.
A exploração de potássio em Autazes está judicializada desde 2016. O Ministério Público Federal afirma que o empreendimento, apoiado pelos governos estadual e federal, está sobreposto a áreas habitadas por indígenas do povo Mura. A mineradora nega qualquer irregularidade. Recentemente, o Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam) voltou a liberar novas licenças para a atividade.
Debates
Maria integrou a mesa de discussão sobre 'Justiça Climática e Direitos Humanos' do evento 'Diálogos sobre Clima e Direitos Humanos', que iniciou na segunda e encerrou nesta terça-feira (28). A programação foi organizada por Washington Brazil Office (WBO); Relatoria Especial sobre Direitos Econômicos, Sociais, Culturais e Ambientais (Redesca) da Comissão Interamericana de Direitos Humanos; e Instituto Clima e Sociedade (iCS), com apoio da Agência Espanhola de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento.
A mesa também foi composta por Astrid Puentes, da Relatoria Especial das Nações Unidas para o Direito Humano, um Ambiente Limpo, Saudável e Sustentável; Carolina Garrido, do Grupo de Pesquisa Direito, Ambiente e Justiça no Antropoceno (JUMA); Daniele Galvão, do Center for Climate Crime Analysis (CCCA) e Zoila Macz, do povo indígena Maya Q'eqchi, Consejo de Mujeres Indígenas y Biodiversidad - CMIB / Guatemala.
O debate ocorreu em paralelo à Audiência Pública da Corte Interamericana de Direitos Humanos sobre a "Emergência climática e direitos humanos", que acontece em Manaus até esta quarta-feira (29). A programação está sendo realizada no Teatro Amazonas.
https://www.acritica.com/politica/crise-climatica-e-crise-mercantilista-diz-principal-organizac-o-indigena-do-amazonas-1.340865
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