De Povos Indígenas no Brasil
The printable version is no longer supported and may have rendering errors. Please update your browser bookmarks and please use the default browser print function instead.

Notícias

Relatório ressalta violências históricas e contínuas sofridas por povos indígenas

13/08/2024

Autor: Julia Neves

Fonte: Fiocruz - https://portal.fiocruz.br



Relatório ressalta violências históricas e contínuas sofridas por povos indígenas

Um ataque deixou ao menos dez indígenas dos povos Guarani e Kaiowá feridos, no último dia 3 de agosto, em Douradina (MS). O fato ocorreu durante um processo de retomada na Terra Indígena (TI) Panambi-Lagoa Rica, já delimitada pela Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), em 2011. Em nota, o Ministério dos Povos Indígenas (MPI) afirmou que o Ministério da Justiça e Segurança Pública foi acionado para dar explicações sobre a ausência da Força Nacional no momento do ataque para garantir a segurança e evitar novos conflitos.

Violências contra os povos indígenas foram um dos motes para a elaboração do relatório Território, Ambiente e Saúde dos Povos Indígenas - Vidas e Políticas Públicas em Contínuo Estado de Emergência, lançado recentemente pela Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), por meio do Grupo Temático Saúde e Ambiente.

O documento descreve o contexto de crise ecológica sofrida por esses povos, a partir de reflexões sobre as ligações entre território, ambiente e saúde. O texto também aponta caminhos para superar dificuldades e desafios, além de propor dez ações de enfrentamento. Lideranças indígenas e especialistas compuseram o coletivo de pesquisadores que elaboraram a publicação. Um dos coordenadores do relatório é o professor-pesquisador da Escola Politécnica de Saúde (EPSJV/Fiocruz), Alexandre Pessoa, que também coordenada o GT Saúde e Ambiente da Abrasco. A professora-pesquisadora da EPSJV/Fiocruz, Ana Claudia Vasconcellos, também participou da produção de um dos textos - Garimpos, mercúrio e a contaminação das veias dos corpos-territórios.

Para Alexandre, a atual crise ecológica é gerada pela emergência climática e pelos impactos e danos socioambientais e à saúde, causados pelas atividades extrativistas, pelo agronegócio e pela mineração. "Isso precisa ser revertido. Os grandes temas de saúde e ambiente envolvem as populações do campo, da floresta e das águas, os povos e comunidades tradicionais, e evidenciamos os povos indígenas e seus territórios nesse relatório", ressaltou. Ele também acrescentou que a experiência dos autores, que fazem trabalhos em diversas comunidades indígenas pelo país, e os estudos à luz da determinação social da saúde permitiram destacar que, na defesa da saúde indígena, não se separa os territórios e os corpos hídricos dos corpos indígenas.

Esse é exatamente um dos pontos de destaque da publicação: a conservação da biodiversidade está intrinsicamente ligada aos povos indígenas e às comunidades locais. Segundo o documento, esses povos têm um profundo conhecimento e relação com a terra, e suas práticas tradicionais de manejo ambiental são importantes para a preservação dos biomas e da sociobiodiversidade.

Segundo Alexandre, a ecologia política é um campo interdisciplinar de conhecimento que possibilita revelar os circuitos capitalistas produtores de destruição ecológica e de processos de saúde-doença. "A imersão neste trabalho evidenciou que a proteção dos povos indígenas requer a atuação, não somente do Ministério da Saúde, mas uma forte e contínua atuação interministerial e de todas as instâncias do poder público, no sentido de enfrentarmos verdadeiros 'ecossistemas do crime' ", frisou.

Dentre as dez ações de enfrentamento, o relatório aponta as necessidades de garantia da atenção diferenciada à saúde para todos os indígenas; de promoção de políticas públicas que respeitem os direitos desses povos; de priorização do Programa Nacional de Saneamento Indígena; e de demarcação de terras indígenas sem o Marco Temporal. "A celeridade para a demarcação de terras indígenas e o enfrentamento do Marco Temporal são estratégicos e improrrogáveis. O futuro é indígena!", concluiu Alexandre.

https://portal.fiocruz.br/noticia/2024/08/relatorio-ressalta-violencias-historicas-e-continuas-sofridas-por-povos-indigenas
 

As notícias publicadas no site Povos Indígenas no Brasil são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos .Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.