De Povos Indígenas no Brasil
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Notícias
Guia de Atenção ao Pré-natal na Terra Indígena Yanomami é lançado em Boa Vista (RR)
16/07/2025
Fonte: MPI - https://www.gov.br/povosindigenas/pt-br/assuntos/noticias/2025/07/guia-de-atencao-ao-pre-natal
Guia de Atenção ao Pré-natal na Terra Indígena Yanomami é lançado em Boa Vista (RR)
A publicação foi elaborada com participação de pesquisadoras indígenas e servirá como documento orientador a profissionais de saúde no atendimento intercultural
Publicado em 16/07/2025 17h28 Atualizado em 16/07/2025 17h53
Na última semana foi realizado o lançamento do Guia de Atenção ao Pré-natal na Terra Indígena Yanomami. Com apoio do Ministério dos Povos Indígenas (MPI), o material foi produzido em parceria com as mulheres do território e orienta o trabalho de profissionais da saúde indígena, embasado na interculturalidade. O evento de lançamento foi realizado no dia 8 de julho na Universidade Federal de Roraima (UFRR), em Boa Vista (RR). A publicação está disponível para download gratuito online.
O documento contou com a participação de pesquisadoras indígenas do território e orienta o cuidado pré-natal com base na atenção diferenciada, respeitando os contextos, as cosmovisões dos povos da Terra Indígena Yanomami e as práticas de saúde baseadas em evidências científicas. Além da versão digital, o material será distribuído pelo governo federal e pela UFMG a profissionais e voluntários que atuam na região.
Carla Yanomami, presidente da Associação das Mulheres Yanomami Kumirayoma (AMYK), falou sobre a relevância do projeto. "O guia é resultado de demandas muito antigas das mulheres, é uma preocupação que nós tivemos, por isso reivindicamos esse material para as instituições de saúde. Hoje eu fico muito orgulhosa e vou levar pro território essa novidade: a gente, hoje, está reconhecida. Hoje, nosso conhecimento não está apenas na fala, nas palavras, também está na escrita, está na mídia", disse a liderança indígena.
A representante das mulheres do território ressaltou a importância do material contemplar os desejos e cosmologias dos povos indígenas. "Está sendo ouvida a nossa voz e respeitados os nossos costumes, estamos sendo reconhecidas por direito por todas as instituições do governo. Esse guia traz as regras que o pessoal da saúde poderá seguir, para aprenderem como nós, mulheres do território Yanomami, queremos que a gestante seja tratada. Esse é um resultado concreto, é uma resposta concreta que estamos recebendo nos nossos territórios", disse Carla.
O secretário de Direitos Territoriais Indígenas do MPI, Marcos Kaingang, destacou que o apoio do ministério objetiva potencializar e qualificar a atuação dos profissionais de saúde no território Yanomami. "É um guia inédito que vai aprimorar o trabalho desses profissionais na terra indígena. O guia será um material de referência durante todo o processo específico de assistência e atendimento à mulher indígena", explicou.
O secretário elogiou a metodologia de desenvolvimento do material e reforçou que a estratégia pode servir de referência a ser replicada em outros territórios e contextos indígenas. "Acreditamos que essa publicação poderá servir de exemplo para outros guias a serem produzidos no Brasil, visto que a metodologia usada por essas equipes e pesquisadores que trabalham no território valorizou a participação indígena, a escuta das mulheres indígenas nesse processo de desenvolvimento. E essa metodologia, se bem executada, pode ser reproduzida em outras regiões do país, junto com outros povos", reforçou o secretário.
O guia é uma iniciativa do Projeto Redes de Cuidado na Terra Indígena Yanomami, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). A coordenadora do projeto, Érica Dumont, explica que a publicação é uma resposta direta à demanda das mulheres Yanomami e Ye'kwana diante da crise humanitária que atinge o território. "Ele orienta o cuidado à gestação, ao parto e ao pós-parto a partir de uma perspectiva que respeita os modos de vida na TI Yanomami, considera os desafios do território, como as longas distâncias, a diversidade linguística, o impacto do garimpo e do racismo estrutural, e aposta na construção de redes entre os diferentes sistemas de cuidado", destacou Érica, que é professora do Departamento de Enfermagem Materno Infantil e Saúde Pública da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
A pesquisadora ressalta que o guia é o primeiro documento oficial no país que normatiza o trabalho dos profissionais da saúde indígena com base explícita na interculturalidade, o que representa um alerta em relação à lacuna histórica nesse campo. "A interculturalidade não está dada, ela precisa ser construída, negociada, refletida e nós vimos o quão desafiador foi essa construção. Muito ainda pode, e deve, ser aprimorado. Mas esse guia abre um caminho necessário: que todos os documentos técnicos que orientam a saúde indígena, a partir de agora, enfrentem essa responsabilidade", defende Érica.
Histórico
A demanda do desenvolvimento do projeto surgiu nos Encontros de Mulheres Yanomami realizados nos anos 2023 e 2024, em que a gestação, o parto e o nascimento foram temas centrais nos debates das mulheres do território, que reivindicaram a melhoria da qualidade do pré-natal e a atenção com a saúde das mulheres da região.
Entre os temas contemplados na publicação estão os desafios da atenção à saúde na TI Yanomami, a estratificação de risco e cuidados na gestação no contexto deste território, imunizações recomendadas, diretrizes em situações especiais na gestação, como anemia, malária, infecções do trato urinário, infecções sexualmente transmissíveis, contaminação por mercúrio, violência, cuidados indicados no puerpério e outros temas.
A publicação é uma iniciativa do Projeto Redes de Cuidado na Terra Indígena Yanomami, da UFMG, em parceria com o MPI, o Ministério Saúde, por meio da Secretaria de Saúde Indígena (Sesai) e do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI/Yanomami), da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), do Hospital Sofia Feldman, do Instituto Socioambiental (ISA) e das organizações indígenas do território: a Hutukara Associação Yanomami, a Associação Wanasseduume Ye'kwana e a Associação das Mulheres Yanomami Kumirayoma (AMIK).
https://www.gov.br/povosindigenas/pt-br/assuntos/noticias/2025/07/guia-de-atencao-ao-pre-natal-na-terra-indigena-yanomami-e-lancado-em-boa-vista-rr
A publicação foi elaborada com participação de pesquisadoras indígenas e servirá como documento orientador a profissionais de saúde no atendimento intercultural
Publicado em 16/07/2025 17h28 Atualizado em 16/07/2025 17h53
Na última semana foi realizado o lançamento do Guia de Atenção ao Pré-natal na Terra Indígena Yanomami. Com apoio do Ministério dos Povos Indígenas (MPI), o material foi produzido em parceria com as mulheres do território e orienta o trabalho de profissionais da saúde indígena, embasado na interculturalidade. O evento de lançamento foi realizado no dia 8 de julho na Universidade Federal de Roraima (UFRR), em Boa Vista (RR). A publicação está disponível para download gratuito online.
O documento contou com a participação de pesquisadoras indígenas do território e orienta o cuidado pré-natal com base na atenção diferenciada, respeitando os contextos, as cosmovisões dos povos da Terra Indígena Yanomami e as práticas de saúde baseadas em evidências científicas. Além da versão digital, o material será distribuído pelo governo federal e pela UFMG a profissionais e voluntários que atuam na região.
Carla Yanomami, presidente da Associação das Mulheres Yanomami Kumirayoma (AMYK), falou sobre a relevância do projeto. "O guia é resultado de demandas muito antigas das mulheres, é uma preocupação que nós tivemos, por isso reivindicamos esse material para as instituições de saúde. Hoje eu fico muito orgulhosa e vou levar pro território essa novidade: a gente, hoje, está reconhecida. Hoje, nosso conhecimento não está apenas na fala, nas palavras, também está na escrita, está na mídia", disse a liderança indígena.
A representante das mulheres do território ressaltou a importância do material contemplar os desejos e cosmologias dos povos indígenas. "Está sendo ouvida a nossa voz e respeitados os nossos costumes, estamos sendo reconhecidas por direito por todas as instituições do governo. Esse guia traz as regras que o pessoal da saúde poderá seguir, para aprenderem como nós, mulheres do território Yanomami, queremos que a gestante seja tratada. Esse é um resultado concreto, é uma resposta concreta que estamos recebendo nos nossos territórios", disse Carla.
O secretário de Direitos Territoriais Indígenas do MPI, Marcos Kaingang, destacou que o apoio do ministério objetiva potencializar e qualificar a atuação dos profissionais de saúde no território Yanomami. "É um guia inédito que vai aprimorar o trabalho desses profissionais na terra indígena. O guia será um material de referência durante todo o processo específico de assistência e atendimento à mulher indígena", explicou.
O secretário elogiou a metodologia de desenvolvimento do material e reforçou que a estratégia pode servir de referência a ser replicada em outros territórios e contextos indígenas. "Acreditamos que essa publicação poderá servir de exemplo para outros guias a serem produzidos no Brasil, visto que a metodologia usada por essas equipes e pesquisadores que trabalham no território valorizou a participação indígena, a escuta das mulheres indígenas nesse processo de desenvolvimento. E essa metodologia, se bem executada, pode ser reproduzida em outras regiões do país, junto com outros povos", reforçou o secretário.
O guia é uma iniciativa do Projeto Redes de Cuidado na Terra Indígena Yanomami, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). A coordenadora do projeto, Érica Dumont, explica que a publicação é uma resposta direta à demanda das mulheres Yanomami e Ye'kwana diante da crise humanitária que atinge o território. "Ele orienta o cuidado à gestação, ao parto e ao pós-parto a partir de uma perspectiva que respeita os modos de vida na TI Yanomami, considera os desafios do território, como as longas distâncias, a diversidade linguística, o impacto do garimpo e do racismo estrutural, e aposta na construção de redes entre os diferentes sistemas de cuidado", destacou Érica, que é professora do Departamento de Enfermagem Materno Infantil e Saúde Pública da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
A pesquisadora ressalta que o guia é o primeiro documento oficial no país que normatiza o trabalho dos profissionais da saúde indígena com base explícita na interculturalidade, o que representa um alerta em relação à lacuna histórica nesse campo. "A interculturalidade não está dada, ela precisa ser construída, negociada, refletida e nós vimos o quão desafiador foi essa construção. Muito ainda pode, e deve, ser aprimorado. Mas esse guia abre um caminho necessário: que todos os documentos técnicos que orientam a saúde indígena, a partir de agora, enfrentem essa responsabilidade", defende Érica.
Histórico
A demanda do desenvolvimento do projeto surgiu nos Encontros de Mulheres Yanomami realizados nos anos 2023 e 2024, em que a gestação, o parto e o nascimento foram temas centrais nos debates das mulheres do território, que reivindicaram a melhoria da qualidade do pré-natal e a atenção com a saúde das mulheres da região.
Entre os temas contemplados na publicação estão os desafios da atenção à saúde na TI Yanomami, a estratificação de risco e cuidados na gestação no contexto deste território, imunizações recomendadas, diretrizes em situações especiais na gestação, como anemia, malária, infecções do trato urinário, infecções sexualmente transmissíveis, contaminação por mercúrio, violência, cuidados indicados no puerpério e outros temas.
A publicação é uma iniciativa do Projeto Redes de Cuidado na Terra Indígena Yanomami, da UFMG, em parceria com o MPI, o Ministério Saúde, por meio da Secretaria de Saúde Indígena (Sesai) e do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI/Yanomami), da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), do Hospital Sofia Feldman, do Instituto Socioambiental (ISA) e das organizações indígenas do território: a Hutukara Associação Yanomami, a Associação Wanasseduume Ye'kwana e a Associação das Mulheres Yanomami Kumirayoma (AMIK).
https://www.gov.br/povosindigenas/pt-br/assuntos/noticias/2025/07/guia-de-atencao-ao-pre-natal-na-terra-indigena-yanomami-e-lancado-em-boa-vista-rr
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