De Povos Indígenas no Brasil
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Notícias
Encontro anual da APITIKATXI fortalece implementação do plano de vida dos povos do Tumucumaque Oeste
23/06/2025
Fonte: Iepé - https://institutoiepe.org.br
Caciques e lideranças do lado Oeste da Terra Indígena (TI) Parque do Tumucumaque se reuniram na aldeia Missão Tiriyó, entre os dias 16 e 20 de junho, para planejar as próximas ações previstas no âmbito da implementação do seu Plano de Gestão Territorial e Ambiental (PGTA), documento construído pelos indígenas desse território, segundo suas aspirações e visões de futuro.
Anualmente organizado pela Associação dos Povos Indígenas Tiriyó, Katxuyana e Txikiyana (APITIKATXI), o conhecido "Encontrão de Planejamento", conta também com a participação de representantes das instituições já historicamente parceiras na implementação deste PGTA, como a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), o Distrito Sanitário Especial Indígena Amapá e Norte do Pará (DSEI ANP) e o Instituto Iepé. Neste ano, representantes do Pelotão de Fronteira do Exército (PEF Tiriyós), também se fizeram presentes em parte da programação.
Para o presidente da APITIKATXI, Aventino Tiriyó Kaxuyana, essas reuniões são importantes para que as lideranças das comunidades acompanhem as atividades da associação. "É um momento de união e trocas que fortalecem a todos", comentou, destacando que esta edição foi especial pois contou com a participação também de vários professores do território nas discussões e decisões.
Caravana do Fundo Pakará deve apoiar atualização do PGTA
Neste ano, pela primeira vez, integrantes da equipe indígena do Comitê Gestor do Fundo Pakará, criado e liderado pelos indígenas do Tumucumaque para financiar a implementação do PGTA, participaram do encontro. A equipe, recém-formada, contou aos parentes sobre o trabalho desde a oficialização do Comitê, que tem três indicados indígenas pela APITIKATXI e três pela Associação Dos Povos Indígenas Wayana Apalai (APIWA), que representa o lado Leste.
O Fundo Pakará inicia a sua operação exatamente no ano em que primeiro o PGTA do Tumucumaque Oeste e Leste completa 10 anos. Nesse contexto, o Comitê passa a ser parte importante dos ciclos anuais de implementação do documento e terá a oportunidade de atualizar o mesmo, tarefa que deve ser realizada a cada década para rever as prioridades do território.
Dentro deste plano, nos próximos meses, o Comitê Gestor vai realizar uma caravana, passando por todas as aldeias distribuídas pelos dois lados do Tumucumaque. "As pessoas estão nos esperando para falar sobre o que elas precisam, especialmente em questões de infraestrutura, saúde e educação. Com essa escuta vamos construir uma política de prioridades e trabalhar considerando as reivindicações das comunidades", comentou Merlane Tiriyó, uma das integrantes do Comitê.
Indígenas devem participar de monitoramento da biodiversidade nas Unidades de Conservação
Presente no encontro, a analista ambiental do Imazon, Jarine Reis, dialogou com os presentes sobre a construção de um plano de monitoramento da biodiversidade nas Unidades de Conservação (UCs) Estação Ecológica Grão-Pará e a Reserva Biológica Maicuru, vizinhas da TI Parque do Tumucumaque.
O monitoramento, previsto no Programa Grande Tumucumaque, deve utilizar uma metodologia de base colaborativa, o que significa que as coletas serão feitas com o apoio dos povos indígenas do território. A articulação está alinhada a um dos principais objetivos da iniciativa, que está trabalhando para fortalecer as alianças entre indígenas e povos vizinhos dessa grande área, que forma o maior conjunto contínuo de florestas tropicais protegidas do planeta.
Segundo a pesquisadora do Imazon, o monitoramento é essencial para entender o que está acontecendo na floresta ao longo dos anos. "Utilizando ferramentas como armadilhas fotográficas e gravadores de bioacústica, conseguimos acompanhar a dinâmica do ambiente para saber, por exemplo, como as mudanças climáticas estão afetando as espécies", detalhou Jarine.
Localizada na fronteira do Brasil com o Suriname, a região do Grande Tumucumaque é uma das áreas mais megadiversas do mundo, lar de inúmeras plantas e animais endêmicos (que só ocorrem nessa área) e ameaçados de extinção. O monitoramento é uma ferramenta essencial para conservar essa biodiversidade e também para garantir a proteção territorial e fortalecer a gestão das TIS e UCs.
Projeto Educação Soberana vai apoiar formação de professores indígenas
Entre os destaques desta edição, esteve ainda o planejamento de uma agenda de ações para o projeto Educação Soberana, voltado para a articulação e formação de professores indígenas e apoio para a produção de materiais didáticos. Um terceiro componente inovador deste projeto é a possibilidade de que as próprias comunidades criem escolas experimentais, com modelos pensados por elas, para elas. Vários professores da região estiveram presentes para a construção coletiva do planejamento dessas atividades.
"O objetivo de uma educação soberana é empoderar professores indígenas junto com suas organizações representativas e comunidades para que eles decidam como querem melhorar a educação dentro de seus territórios", explicou a coordenadora do Programa Tumucumaque-Wayamu do Iepé, Denise Fajardo. Ela lembrou que o Iepé começou a trabalhar na região há mais de 20 anos justamente na área de educação.
"Esse projeto vai possibilitar que a gente converse sobre tudo aquilo que precisa melhorar, marcando encontro com os órgãos competentes para levar as nossas demandas", comentou Otávio Mitipo Kaxuyana Tiriyó, liderança e diretor da Escola Tawyanendo Tumucumaque. Segundo ele, já foi organizado um grupo com cerca de 40 professores, onde, em votação, decidiram o nome oficial da articulação: Articulação dos Professores Indígenas Tiriyó, Kaxuyana e Tixikyana (APROITKATXI).
A iniciativa é parte de um projeto maior, apoiado pela Nia Tero, que também contempla os territórios Wayamu, Yanomami, Vale do Javari e Rio Negro.
*Esta edição de mais um Encontrão de planejamento do PGTA do Tumucumaque Oeste contou com financiamento do LLF, da Nia Tero, e Bezos Earth Fund.
https://institutoiepe.org.br/2025/06/encontro-anual-da-apitikatxi-fortalece-implementacao-do-plano-de-vida-dos-povos-do-tumucumaque-oeste/
Anualmente organizado pela Associação dos Povos Indígenas Tiriyó, Katxuyana e Txikiyana (APITIKATXI), o conhecido "Encontrão de Planejamento", conta também com a participação de representantes das instituições já historicamente parceiras na implementação deste PGTA, como a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), o Distrito Sanitário Especial Indígena Amapá e Norte do Pará (DSEI ANP) e o Instituto Iepé. Neste ano, representantes do Pelotão de Fronteira do Exército (PEF Tiriyós), também se fizeram presentes em parte da programação.
Para o presidente da APITIKATXI, Aventino Tiriyó Kaxuyana, essas reuniões são importantes para que as lideranças das comunidades acompanhem as atividades da associação. "É um momento de união e trocas que fortalecem a todos", comentou, destacando que esta edição foi especial pois contou com a participação também de vários professores do território nas discussões e decisões.
Caravana do Fundo Pakará deve apoiar atualização do PGTA
Neste ano, pela primeira vez, integrantes da equipe indígena do Comitê Gestor do Fundo Pakará, criado e liderado pelos indígenas do Tumucumaque para financiar a implementação do PGTA, participaram do encontro. A equipe, recém-formada, contou aos parentes sobre o trabalho desde a oficialização do Comitê, que tem três indicados indígenas pela APITIKATXI e três pela Associação Dos Povos Indígenas Wayana Apalai (APIWA), que representa o lado Leste.
O Fundo Pakará inicia a sua operação exatamente no ano em que primeiro o PGTA do Tumucumaque Oeste e Leste completa 10 anos. Nesse contexto, o Comitê passa a ser parte importante dos ciclos anuais de implementação do documento e terá a oportunidade de atualizar o mesmo, tarefa que deve ser realizada a cada década para rever as prioridades do território.
Dentro deste plano, nos próximos meses, o Comitê Gestor vai realizar uma caravana, passando por todas as aldeias distribuídas pelos dois lados do Tumucumaque. "As pessoas estão nos esperando para falar sobre o que elas precisam, especialmente em questões de infraestrutura, saúde e educação. Com essa escuta vamos construir uma política de prioridades e trabalhar considerando as reivindicações das comunidades", comentou Merlane Tiriyó, uma das integrantes do Comitê.
Indígenas devem participar de monitoramento da biodiversidade nas Unidades de Conservação
Presente no encontro, a analista ambiental do Imazon, Jarine Reis, dialogou com os presentes sobre a construção de um plano de monitoramento da biodiversidade nas Unidades de Conservação (UCs) Estação Ecológica Grão-Pará e a Reserva Biológica Maicuru, vizinhas da TI Parque do Tumucumaque.
O monitoramento, previsto no Programa Grande Tumucumaque, deve utilizar uma metodologia de base colaborativa, o que significa que as coletas serão feitas com o apoio dos povos indígenas do território. A articulação está alinhada a um dos principais objetivos da iniciativa, que está trabalhando para fortalecer as alianças entre indígenas e povos vizinhos dessa grande área, que forma o maior conjunto contínuo de florestas tropicais protegidas do planeta.
Segundo a pesquisadora do Imazon, o monitoramento é essencial para entender o que está acontecendo na floresta ao longo dos anos. "Utilizando ferramentas como armadilhas fotográficas e gravadores de bioacústica, conseguimos acompanhar a dinâmica do ambiente para saber, por exemplo, como as mudanças climáticas estão afetando as espécies", detalhou Jarine.
Localizada na fronteira do Brasil com o Suriname, a região do Grande Tumucumaque é uma das áreas mais megadiversas do mundo, lar de inúmeras plantas e animais endêmicos (que só ocorrem nessa área) e ameaçados de extinção. O monitoramento é uma ferramenta essencial para conservar essa biodiversidade e também para garantir a proteção territorial e fortalecer a gestão das TIS e UCs.
Projeto Educação Soberana vai apoiar formação de professores indígenas
Entre os destaques desta edição, esteve ainda o planejamento de uma agenda de ações para o projeto Educação Soberana, voltado para a articulação e formação de professores indígenas e apoio para a produção de materiais didáticos. Um terceiro componente inovador deste projeto é a possibilidade de que as próprias comunidades criem escolas experimentais, com modelos pensados por elas, para elas. Vários professores da região estiveram presentes para a construção coletiva do planejamento dessas atividades.
"O objetivo de uma educação soberana é empoderar professores indígenas junto com suas organizações representativas e comunidades para que eles decidam como querem melhorar a educação dentro de seus territórios", explicou a coordenadora do Programa Tumucumaque-Wayamu do Iepé, Denise Fajardo. Ela lembrou que o Iepé começou a trabalhar na região há mais de 20 anos justamente na área de educação.
"Esse projeto vai possibilitar que a gente converse sobre tudo aquilo que precisa melhorar, marcando encontro com os órgãos competentes para levar as nossas demandas", comentou Otávio Mitipo Kaxuyana Tiriyó, liderança e diretor da Escola Tawyanendo Tumucumaque. Segundo ele, já foi organizado um grupo com cerca de 40 professores, onde, em votação, decidiram o nome oficial da articulação: Articulação dos Professores Indígenas Tiriyó, Kaxuyana e Tixikyana (APROITKATXI).
A iniciativa é parte de um projeto maior, apoiado pela Nia Tero, que também contempla os territórios Wayamu, Yanomami, Vale do Javari e Rio Negro.
*Esta edição de mais um Encontrão de planejamento do PGTA do Tumucumaque Oeste contou com financiamento do LLF, da Nia Tero, e Bezos Earth Fund.
https://institutoiepe.org.br/2025/06/encontro-anual-da-apitikatxi-fortalece-implementacao-do-plano-de-vida-dos-povos-do-tumucumaque-oeste/
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