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V Seminário de Saúde, Ambiente e Sustentabilidade projeta ações integradas entre Fiocruz e ICMBio

24/07/2025

Fonte: ICMBio - https://www.gov.br/icmbio/pt-br/



V Seminário de Saúde, Ambiente e Sustentabilidade projeta ações integradas entre Fiocruz e ICMBio
Enfrentamento da crise ecológica e climática passa pela atuação intersetorial e interinstitucional

De 15 a 18 de julho, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) participou do V Seminário de Saúde, Ambiente e Sustentabilidade: Fiocruz frente à crise ecológica e climática, realizado no município de Eusébio (CE). O evento foi coordenado pela Vice-Presidência de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde (VPAAPS/Fiocruz) e reuniu representantes das unidades da Fundação Oswaldo Cruz, pesquisadores, movimentos sociais, povos tradicionais, além de parceiros institucionais e territoriais.

Mais do que um espaço de debate, o seminário foi uma oportunidade de articulação interinstitucional e de escuta sensível às emergências do nosso tempo. Em um momento em que o planeta enfrenta uma tripla crise ambiental - mudanças climáticas, poluição e perda da biodiversidade - o ICMBio destacou a relevância de construir respostas coletivas, valorizando os saberes ancestrais, a ciência, os territórios e o cuidado com a vida em todas as suas dimensões.

Durante o seminário, foi possível avançar nas tratativas para a celebração de Acordo de Cooperação Técnica entre o ICMBio e a Fiocruz, uma proposta que pretende aproximar o Sistema Único de Saúde (SUS) e o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC). A meta é promover cuidado e proteção nos territórios das Unidades de Conservação e demais áreas protegidas de forma integrada e fortalecer a relação da sociedade com a natureza, na promoção da saúde integrada, envolvendo parceiros estratégicos, como a Rede Saúde e Natureza.

A aliança entre saúde e conservação ambiental nasce no conceito de saúde única e firma-se atualmente como resposta à complexidade da crise climática, ao crescente déficit de natureza e seu impacto em todas as esferas da vida humana, e à realidade dos povos e comunidades que vivem, resistem e cuidam da sociobiodiversidade, mas encontram-se em grande vulnerabilidade nas emergências ambientais.

Entre as linhas temáticas debatidas e alinhadas entre ICMBio e Fiocruz, destacaram-se:

A aplicação do conceito de Saúde Única, que reconhece a interdependência entre a saúde humana, animal e ambiental;

A epidemiologia voltada à saúde da fauna e da flora, como indicadora da saúde dos ecossistemas;

A valorização da saúde mental e integral, com articulação entre Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) e Unidades Básicas de Saúde (UBS) para um atendimento diferenciado nos territórios;

A construção de políticas públicas de saúde específicas para povos e comunidades tradicionais;

A valorização dos saberes tradicionais, das práticas terapêuticas populares e das farmácias vivas;

A promoção dos Territórios Saudáveis e Sustentáveis como modelo integrado de bem-viver;

O fortalecimento de fóruns e redes comunitárias como espaços legítimos de participação e decisão.

O seminário teve início com a conferência "A Responsabilidade Climática é Coletiva", chamando à corresponsabilidade de instituições, governos e sociedade na superação da emergência planetária.

Entre os destaques, esteve o painel "O Ambiente na Práxis da Saúde Coletiva", que tratou da renovação teórica e prática do campo da saúde coletiva diante das urgências ecológicas. Outro momento relevante foi a conferência "Ciência, Sociedade e Política Pública de Saúde - Processos Estruturantes da Fiocruz", na qual foi reafirmado o compromisso da Fiocruz com a sustentabilidade e a equidade socioambiental.

A escuta dos movimentos sociais foi celebrada durante o evento. No painel "Os Movimentos Sociais e a Agenda de Saúde e Ambiente da Fiocruz", foram compartilhadas experiências territoriais, desafios e proposições que enriquecem e tensionam a agenda institucional, resgatando o protagonismo das comunidades.

No painel "Saúde, Ambiente e Sustentabilidade: Perspectivas para a Fiocruz", dirigentes da Fundação apresentaram estratégias e compromissos para o futuro, alinhando esforços para consolidar uma política pública robusta e sensível às múltiplas crises.

As rodas de conversa temáticas abrangendo pesquisa, educação, inovação, gestão, comunicação e saúde global foram espaços de construção coletiva. Facilitadas graficamente, essas rodas resultaram em sistematizações que serão incorporadas às diretrizes da Fiocruz rumo à COP30, que ocorrerá em novembro de 2025, em Belém (PA).

Durante o seminário, o ICMBio apresentou a iniciativa "Raízes do Bem Viver: Saberes Integrativos em Saúde e Conservação nos Territórios Tradicionais", que vem sendo construída no Ceará, em parceria com o Instituto Religare, comunidades tradicionais das Resex Prainha do Canto Verde, Resex do Batoque e duas Reservas Indígenas, que está alinhado as propostas da Fiocruz.

O projeto propõe uma resposta integrativa à crise ecológica e à fragilização da saúde mental nos territórios tradicionais. Reunindo práticas terapêuticas não farmacológicas, saberes ancestrais, espiritualidade e ciência, a proposta visa fortalecer a saúde coletiva, a autonomia cultural e a conservação ambiental.

A participação do Instituto Chico Mendes no seminário reafirma o papel estratégico das Unidades de Conservação como territórios de vida e resistência, lugares onde se expressa a cultura dos povos tradicionais, a resiliência da biodiversidade e a necessidade de políticas públicas que articulem saúde, ambiente e justiça social.

Desde 2023, a Diretoria de Ações Socioambientais e Consolidação Territorial do ICMBio (DISAT) promove a aproximação entre as ações das duas instituições, buscando o mapeamento e a visibilização das parcerias que já ocorrem nos territórios, identificação de estratégias e prioridades em comum e espaços de compartilhamento, entendendo a parceria como estratégica na promoção da saúde integral, com base em práticas sustentáveis e no respeito à diversidade ambiental, cultural, epistemológica e de modos de vida.

Para a diretora da DISAT, Kátia Torres, a parceria com a Fiocruz representa uma oportunidade concreta de transformação nos territórios, "Essa parceria entre ICMBio e Fiocruz é uma construção estratégica e necessária. Unir o SUS ao SNUC significa falar de territórios vivos, onde a saúde dos ecossistemas está diretamente conectada ao bem-viver das populações tradicionais. É com essa visão integradora que queremos avançar, fortalecendo redes, valorizando saberes e promovendo justiça ambiental".

https://www.gov.br/icmbio/pt-br/assuntos/noticias/ultimas-noticias/v-seminario-de-saude-ambiente-e-sustentabilidade-projeta-acoes-integradasentre-fiocruz-e-icmbio
 

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