De Povos Indígenas no Brasil
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Notícias
'Consegui dar uma vida melhor para meus filhos', diz indígena sobre ateliê em Manaus
24/09/2025
Fonte: FSP - https://www1.folha.uol.com.br/
'Consegui dar uma vida melhor para meus filhos', diz indígena sobre ateliê em Manaus
Lécia Witoto gera renda costurando peças com grafismos em projeto do Instituto Witoto
Projeto criado por Vanda Witoto é finalista do Empreendedor Social 2025 na categoria Soluções que Inspiram
24/09/2025
Victória Pacheco
Lécia Witoto, 34, levava três crianças nos braços quando deixou o interior do Amazonas. Recém-separada e desempregada, a indígena se mudou de Amaturá (AM) para Manaus em busca de emprego, com planos de se juntar a familiares na capital amazonense, como sua irmã, a ativista Vanda Witoto.
Por um ano, a mãe solo procurou trabalho, sem sucesso. "Passei por dificuldades por ser uma indígena vinda do interior, com filhos e sem formação. Existe muito preconceito na cidade grande", diz a mulher da etnia witoto.
Hoje moradora do Parque das Tribos, bairro da periferia que reúne 3.000 indígenas de 35 etnias, Lécia obtém seu sustento como artesã no Ateliê Derequine, do Instituto Witoto. A iniciativa criada por Vanda emprega oito indígenas, que recebem um salário mínimo.
A seguir, Lécia conta como transforma sua vida financeira por meio de roupas que estampam a história de seu povo.
"Cheguei a Manaus em 2018, após uma separação, com uma mão na frente e outra atrás. O Bolsa Família era a única renda que tinha para sustentar três filhos pequenos.
O primeiro produto feito pelo ateliê foram máscaras, que eu costurava com minha irmã, minha mãe e minha prima durante a pandemia de Covid-19. Naquele período, o projeto também passou a apoiar mulheres que tinham perdido o emprego, justamente para fortalecê-las dentro da comunidade.
Hoje, cuido do corte, da modelagem e da pintura de diferentes peças. Confeccionamos desde vestidos até blusas masculinas, aplicando grafismos do povo witoto.
Clientes de todo o país nos procuram por causa desses grafismos. As pessoas geralmente vêm atrás da arte, mas acabam levando proteção e cura, pois é isso que os desenhos simbolizam.
Fui me descobrindo dentro do ateliê. Digo que ele é minha segunda casa. E, por causa desse trabalho, consegui dar uma vida melhor para meus filhos. Agora, compro alimentos de qualidade, pago academia para eles e estou construindo minha casa.
O ateliê também nos trouxe conhecimento. Descobrimos mais sobre nossa identidade indígena, que minha família por muito tempo não abraçou. Isso só aconteceu quando Vanda veio estudar em Manaus, há nove anos, e se reconheceu witoto, ao ingressar na universidade.
Esse projeto está levando nosso nome, nossa arte e nosso trabalho para as pessoas de fora. Vemos peças que contam a história dos witoto chegando a todo o Brasil, o que era um grande sonho. Através das roupas, queremos mostrar que nosso povo existe.
Além dos witoto, o ateliê atualmente tem artesãs dos povos mura e kokama. Nosso objetivo é trazer mais mulheres, mas ainda não temos a estrutura necessária.
Trabalhamos na varanda da casa de Vanda, que cedeu o espaço. Antes, costurávamos sob uma tenda de lona. Quando chovia, tínhamos que correr para proteger as roupas.
Com o ateliê, todas as artesãs conseguem ter um salário mínimo. Aqui, aprendi a pintar e estou me profissionalizando em costura. Planejo fazer mais cursos, já que sonho em montar meu próprio negócio um dia.
Por enquanto, quero continuar no ateliê para aprender cada vez mais. E por que não passar esse conhecimento para meus filhos, para que eles possam trabalhar comigo futuramente?"
https://www1.folha.uol.com.br/folha-social-mais/2025/09/consegui-dar-uma-vida-melhor-para-meus-filhos-diz-indigena-sobre-atelie-em-manaus.shtml
Lécia Witoto gera renda costurando peças com grafismos em projeto do Instituto Witoto
Projeto criado por Vanda Witoto é finalista do Empreendedor Social 2025 na categoria Soluções que Inspiram
24/09/2025
Victória Pacheco
Lécia Witoto, 34, levava três crianças nos braços quando deixou o interior do Amazonas. Recém-separada e desempregada, a indígena se mudou de Amaturá (AM) para Manaus em busca de emprego, com planos de se juntar a familiares na capital amazonense, como sua irmã, a ativista Vanda Witoto.
Por um ano, a mãe solo procurou trabalho, sem sucesso. "Passei por dificuldades por ser uma indígena vinda do interior, com filhos e sem formação. Existe muito preconceito na cidade grande", diz a mulher da etnia witoto.
Hoje moradora do Parque das Tribos, bairro da periferia que reúne 3.000 indígenas de 35 etnias, Lécia obtém seu sustento como artesã no Ateliê Derequine, do Instituto Witoto. A iniciativa criada por Vanda emprega oito indígenas, que recebem um salário mínimo.
A seguir, Lécia conta como transforma sua vida financeira por meio de roupas que estampam a história de seu povo.
"Cheguei a Manaus em 2018, após uma separação, com uma mão na frente e outra atrás. O Bolsa Família era a única renda que tinha para sustentar três filhos pequenos.
O primeiro produto feito pelo ateliê foram máscaras, que eu costurava com minha irmã, minha mãe e minha prima durante a pandemia de Covid-19. Naquele período, o projeto também passou a apoiar mulheres que tinham perdido o emprego, justamente para fortalecê-las dentro da comunidade.
Hoje, cuido do corte, da modelagem e da pintura de diferentes peças. Confeccionamos desde vestidos até blusas masculinas, aplicando grafismos do povo witoto.
Clientes de todo o país nos procuram por causa desses grafismos. As pessoas geralmente vêm atrás da arte, mas acabam levando proteção e cura, pois é isso que os desenhos simbolizam.
Fui me descobrindo dentro do ateliê. Digo que ele é minha segunda casa. E, por causa desse trabalho, consegui dar uma vida melhor para meus filhos. Agora, compro alimentos de qualidade, pago academia para eles e estou construindo minha casa.
O ateliê também nos trouxe conhecimento. Descobrimos mais sobre nossa identidade indígena, que minha família por muito tempo não abraçou. Isso só aconteceu quando Vanda veio estudar em Manaus, há nove anos, e se reconheceu witoto, ao ingressar na universidade.
Esse projeto está levando nosso nome, nossa arte e nosso trabalho para as pessoas de fora. Vemos peças que contam a história dos witoto chegando a todo o Brasil, o que era um grande sonho. Através das roupas, queremos mostrar que nosso povo existe.
Além dos witoto, o ateliê atualmente tem artesãs dos povos mura e kokama. Nosso objetivo é trazer mais mulheres, mas ainda não temos a estrutura necessária.
Trabalhamos na varanda da casa de Vanda, que cedeu o espaço. Antes, costurávamos sob uma tenda de lona. Quando chovia, tínhamos que correr para proteger as roupas.
Com o ateliê, todas as artesãs conseguem ter um salário mínimo. Aqui, aprendi a pintar e estou me profissionalizando em costura. Planejo fazer mais cursos, já que sonho em montar meu próprio negócio um dia.
Por enquanto, quero continuar no ateliê para aprender cada vez mais. E por que não passar esse conhecimento para meus filhos, para que eles possam trabalhar comigo futuramente?"
https://www1.folha.uol.com.br/folha-social-mais/2025/09/consegui-dar-uma-vida-melhor-para-meus-filhos-diz-indigena-sobre-atelie-em-manaus.shtml
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