De Povos Indígenas no Brasil
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Notícias
Indígenas reflorestam a caatinga em Pernambuco diante da crise climática
10/10/2025
Fonte: FSP - https://www1.folha.uol.com.br/
Indígenas reflorestam a caatinga em Pernambuco diante da crise climática
Povo xukuru do Ororubá planta 50 mil mudas nativas por ano e recupera áreas degradadas
10/10/2025
Geovana Oliveira e Eduardo Knapp
No ano passado, os indígenas xukurus do Ororubá plantaram 50 mil mudas nativas da caatinga em seu território de 27 mil hectares na cidade de Pesqueira (PE).
O nome xukuru vem do pássaro uru, e o ororubá, da árvore ubá. Ou seja, o povo que ocupa a serra do Ororubá é o povo árvore-passarinho, explica o professor e agrônomo Iran Xukuru.
Por isso, quando tiveram a terra homologada em 2001, depois de um longo processo de demarcação, eles decidiram recuperar a mata degradada por queimadas, desmatamento e agrotóxicos durante a ocupação de latifundiários.
"Fomos observando quando a terra estava nua e esbranquiçada, que é aquela terra doente, precisando de cuidado", diz Bela Xukuru. Ao contrário do imaginário comum sobre a caatinga, que carrega no nome a versão tupi para "mata branca", o território tem uma mata verde e abundante fora do período de seca, como o evento Caatinga Climate Week mostrou a visitantes no começo deste mês.
A prática de regenerar áreas degradadas se espalha por todo o território, que reúne cerca de 12 mil pessoas distribuídas em 24 aldeias.
Dessas, no mínimo 20 pessoas do coletivo Jupago aparecem diariamente na sede do território para colher sementes e catalogá-las, cultivar mudas no viveiro ou nas hortas, e cuidar das áreas de restauração. Depois, distribuem as mudas nas aldeias e incentivam o reflorestamento.
O trabalho é contínuo. Apoiados por editais, nos últimos anos os xukurus passaram a usar um aplicativo que acompanha cada muda plantada a partir de uma pulseira de identificação. O sistema indica, por exemplo, se ela precisa de mais água para se desenvolver ou se não resistirá.
Segundo o grupo, sua função é recuperar o solo, as nascentes e resgatar a sabedoria e a tradição. "Cada árvore plantada cura uma ferida ancestral", diz Cristiano Xukuru, que cuida das sementes no coletivo Jupago.
Uma das recuperações feitas foi da árvore Mulungu, nativa e tradicional, que estava em extinção no território. Segundo Bela Xukuru, cerca de 250 mudas da árvore já foram plantadas, mas ainda não é suficiente. Junto com as árvores, diz, espécies de pássaros também foram embora da comunidade.
O grupo Jupago, então, estimula o cultivo de mais espécies frutíferas, que atraem os pássaros e ajudam a espalhar naturalmente o nascimento de novas árvores.
A forma encontrada para incentivar toda a comunidade a plantar não apenas horta, mas também floresta, diz Bela Xukuru, foi o potencial econômico dela -a partir da produção de remédios fitoterápicos com o conhecimento da medicina tradicional dos mais velhos. A tintura de mulungu, por exemplo, seria antidepressiva e aliviaria a insônia.
"A gente mostra que se eles preservarem, vão ter a possibilidade de ter plantas nativas futuramente para trazer uma renda, produzir uma renda. Para vender o produto, você tem que cuidar da mata, não pode degradar, não pode derrubar árvores sagradas que são importantes para o território", diz Bela Xukuru.
A meta do grupo é continuar plantando no mínimo 50 mil mudas anualmente, principalmente frente às mudanças climáticas.
"Estamos correndo contra o tempo", diz a líder indígena Bela Xukuru. "A gente protege a terra fazendo a nossa parte para os nossos e também para aqueles que não o fazem".
Segundo os indígenas xukurus, o tempo está cada vez mais desequilibrado. "Quando esquenta, tá quente demais, quando tá frio, tá frio demais. Quando tá úmido, tá úmido demais. Isso é um descontrole ambiental", diz Bela.
Para Iran Xukuru, é justamente a regeneração da caatinga que pode ajudar. "Plantar floresta atrai chuva", diz ao pontuar que a mata pode atuar como amortecedor para a crise climática.
É também por isso que a liderança jovem Cristiano Xukuru pede que as demandas de demarcação de terras indígenas e sua proteção sejam levadas para a COP30, conferência da ONU sobre mudanças climáticas que acontece em novembro.
Ele conta que se sentia isolado no esforço para manter a floresta em pé até participar de um curso da Funai sobre restaurações de áreas degradadas. "Fui com a visão de 'será que é só eu?' e ao chegar lá caiu minha ficha: somos nós, povos indígenas de todo o Brasil, que lutamos contra a desertificação."
https://www1.folha.uol.com.br/ambiente/2025/10/indigenas-reflorestam-a-caatinga-em-pernambuco-diante-da-crise-climatica.shtml
Povo xukuru do Ororubá planta 50 mil mudas nativas por ano e recupera áreas degradadas
10/10/2025
Geovana Oliveira e Eduardo Knapp
No ano passado, os indígenas xukurus do Ororubá plantaram 50 mil mudas nativas da caatinga em seu território de 27 mil hectares na cidade de Pesqueira (PE).
O nome xukuru vem do pássaro uru, e o ororubá, da árvore ubá. Ou seja, o povo que ocupa a serra do Ororubá é o povo árvore-passarinho, explica o professor e agrônomo Iran Xukuru.
Por isso, quando tiveram a terra homologada em 2001, depois de um longo processo de demarcação, eles decidiram recuperar a mata degradada por queimadas, desmatamento e agrotóxicos durante a ocupação de latifundiários.
"Fomos observando quando a terra estava nua e esbranquiçada, que é aquela terra doente, precisando de cuidado", diz Bela Xukuru. Ao contrário do imaginário comum sobre a caatinga, que carrega no nome a versão tupi para "mata branca", o território tem uma mata verde e abundante fora do período de seca, como o evento Caatinga Climate Week mostrou a visitantes no começo deste mês.
A prática de regenerar áreas degradadas se espalha por todo o território, que reúne cerca de 12 mil pessoas distribuídas em 24 aldeias.
Dessas, no mínimo 20 pessoas do coletivo Jupago aparecem diariamente na sede do território para colher sementes e catalogá-las, cultivar mudas no viveiro ou nas hortas, e cuidar das áreas de restauração. Depois, distribuem as mudas nas aldeias e incentivam o reflorestamento.
O trabalho é contínuo. Apoiados por editais, nos últimos anos os xukurus passaram a usar um aplicativo que acompanha cada muda plantada a partir de uma pulseira de identificação. O sistema indica, por exemplo, se ela precisa de mais água para se desenvolver ou se não resistirá.
Segundo o grupo, sua função é recuperar o solo, as nascentes e resgatar a sabedoria e a tradição. "Cada árvore plantada cura uma ferida ancestral", diz Cristiano Xukuru, que cuida das sementes no coletivo Jupago.
Uma das recuperações feitas foi da árvore Mulungu, nativa e tradicional, que estava em extinção no território. Segundo Bela Xukuru, cerca de 250 mudas da árvore já foram plantadas, mas ainda não é suficiente. Junto com as árvores, diz, espécies de pássaros também foram embora da comunidade.
O grupo Jupago, então, estimula o cultivo de mais espécies frutíferas, que atraem os pássaros e ajudam a espalhar naturalmente o nascimento de novas árvores.
A forma encontrada para incentivar toda a comunidade a plantar não apenas horta, mas também floresta, diz Bela Xukuru, foi o potencial econômico dela -a partir da produção de remédios fitoterápicos com o conhecimento da medicina tradicional dos mais velhos. A tintura de mulungu, por exemplo, seria antidepressiva e aliviaria a insônia.
"A gente mostra que se eles preservarem, vão ter a possibilidade de ter plantas nativas futuramente para trazer uma renda, produzir uma renda. Para vender o produto, você tem que cuidar da mata, não pode degradar, não pode derrubar árvores sagradas que são importantes para o território", diz Bela Xukuru.
A meta do grupo é continuar plantando no mínimo 50 mil mudas anualmente, principalmente frente às mudanças climáticas.
"Estamos correndo contra o tempo", diz a líder indígena Bela Xukuru. "A gente protege a terra fazendo a nossa parte para os nossos e também para aqueles que não o fazem".
Segundo os indígenas xukurus, o tempo está cada vez mais desequilibrado. "Quando esquenta, tá quente demais, quando tá frio, tá frio demais. Quando tá úmido, tá úmido demais. Isso é um descontrole ambiental", diz Bela.
Para Iran Xukuru, é justamente a regeneração da caatinga que pode ajudar. "Plantar floresta atrai chuva", diz ao pontuar que a mata pode atuar como amortecedor para a crise climática.
É também por isso que a liderança jovem Cristiano Xukuru pede que as demandas de demarcação de terras indígenas e sua proteção sejam levadas para a COP30, conferência da ONU sobre mudanças climáticas que acontece em novembro.
Ele conta que se sentia isolado no esforço para manter a floresta em pé até participar de um curso da Funai sobre restaurações de áreas degradadas. "Fui com a visão de 'será que é só eu?' e ao chegar lá caiu minha ficha: somos nós, povos indígenas de todo o Brasil, que lutamos contra a desertificação."
https://www1.folha.uol.com.br/ambiente/2025/10/indigenas-reflorestam-a-caatinga-em-pernambuco-diante-da-crise-climatica.shtml
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