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COP30: Ativistas ocupam escritório da Stora Enso contra as violações de direitos humanos e ambientais dos Pataxó

10/11/2025

Fonte: Cimi - https://cimi.org.br



A COP30 teve início em Belém e ativistas do Extinction Rebellion e do Skogsupproret o escritório central da Stora Enso em Estocolmo, na Suécia, para denunciar, na manhã desta segunda-feira (10), horário local, o envolvimento da empresa em práticas violentas de grilagem de terras e destruição ambiental em territórios indígenas do povo Pataxó, no sul da Bahia.

Conforme comunicado distribuído à imprensa, os manifestantes exigem que "a Stora Enso indenize os danos causados aos ecossistemas e comunidades locais e devolva as terras roubadas dos Pataxó e de pequenos agricultores". A Stora Enso e sua subsidiária brasileira Veracel participam da COP30.

Os ativistas reivindicam ainda que a Stora Enso financie a restauração das florestas e dos cursos d'água. "É vergonhoso e extremamente cínico que uma empresa criminosa tenha permissão para fazer greenwashing na COP, apesar de destruir florestas nativas em terras indígenas, cometer grilagem e usar métodos mafiosos", declarou Annika Leers, porta-voz do Skogsupproret.

Greenwashing é uma estratégia de marketing enganosa onde uma empresa se promove como sustentável ou amiga do meio ambiente, sem que suas práticas realmente sejam. A intenção é ajustar a imagem corporativa às demandas socioambientais e atrair consumidores. Essa tática cria uma impressão falsa de responsabilidade ecológica, muitas vezes através de alegações vagas, rótulos falsos ou publicidade enganosa.

A situação é tão grave que o MPF solicitou a suspensão das atividades da Veracel no sul da Bahia, devido aos impactos sociais e ambientais

A subsidiária Veracel, a qual Stora Enso é detentora de 50%, foi flagrada destruindo ecossistemas valiosos da Mata Atlântica, ressalta o comunicado dos manifestantes, falsificando títulos de terra, destruindo moradias em áreas públicas e vendendo terras roubadas.

"Diversas denúncias relatam que a Veracel silencia seus críticos - pessoas que se opõem à empresa têm sido ameaçadas, presas e agredidas. Além disso, a substituição de áreas agrícolas por imensas plantações de eucalipto ameaça a segurança alimentar de milhões de pessoas. As plantações da Veracel também prejudicam a biodiversidade e os recursos hídricos", diz o comunicado.

A situação é tão grave que o Ministério Público Federal (MPF) solicitou a suspensão das atividades da Veracel no sul da Bahia, devido aos impactos sociais e ambientais.

Co-proprietária da Veracel, a Stora Enso é uma das maiores produtoras de celulose e papel do mundo e uma das maiores proprietárias privadas de florestas. No Brasil, através da Veracel, controla cerca de 100 mil hectares de plantações de eucalipto.

Pataxó: no caminho da destruição

Um dos povos mais afetados pela atuação da Veracel é o povo Pataxó. Nas terras indígenas Barra Velha do Monte Pascoal e Comexatibá, as plantações de eucalipto tomaram o lugar da floresta nativa e secaram nascentes.

A ocupação ao escritório da Stora Enso levou ao centro do debate o ponto de vista de quem é diretamente afetado pela ação devastadora da empresa e sua subsidiária no Brasil.

A liderança indígena Mandyn Pataxó, da Terra Indígena (TI) Comexatibá, relata no comunicado dirigido à imprensa que "uma das maiores monoculturas que destrói nossas vidas hoje é o eucalipto. A empresa Veracel Celulose planta grandes extensões de eucalipto em nosso território. Eles cometem esse crime, secam nossas fontes, nossos rios, enfraquecem e envenenam nossa terra, matam nossos peixes, contaminam o solo e destroem a vida silvestre".

"Estamos em solidariedade com os povos indígenas que, com toda razão, exigem o reconhecimento de seus territórios, e apelamos ao presidente Lula para assinar as 104 demarcações pendentes", declarou Annika, do Skogsupproret

Também a liderança Uruba Pataxó, vice-cacique da TI Barra Velha, denuncia a destruição da natureza: "para os povos originários, a água é nosso sangue, a terra é nosso corpo e a floresta é nosso espírito. Se não cuidamos da Mãe Natureza, não cuidamos de nós mesmos."

A TI Barra Velha do Monte Pascoal é uma das 104 terras indígenas com processo administrativo de demarcação pendentes de apenas uma assinatura do presidente Lula, no caso das homologações, ou do ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski.

A Stora Enso se aproveita desse limbo jurídico e continua cultivando eucalipto em terras pertencentes aos Pataxó da Barra Velha. Enquanto o povo aguarda o reconhecimento oficial, enfrenta ataques constantes de milícias e homens armados.

Sobre as organizações envolvidas

O Extinction Rebellion é um movimento internacional descentralizado e apartidário que usa ações diretas não violentas e desobediência civil para pressionar os governos a agirem de forma justa diante das emergências climática e ecológica. Está presente em 88 países.

Já o Skogsupproret é um coletivo fundado em 2020 por ativistas do Extinction Rebellion e lideranças do povo indígena Sami. O grupo realiza ações pacíficas e desobediência civil para combater a destruição florestal, promover mudanças significativas na indústria madeireira e apoiar a luta pelos direitos dos povos indígenas.

O grupo já protestou em 2024 no escritório da Stora Enso, em Estocolmo, e, em 2025, organizou na Suécia um encontro de Uruba Pataxó com grupos ambientais e de ação direta.

https://cimi.org.br/2025/11/cop30-ocupa-escritorio-da-stora-enso-veracel-pataxo/
 

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