De Povos Indígenas no Brasil
The printable version is no longer supported and may have rendering errors. Please update your browser bookmarks and please use the default browser print function instead.

Notícias

Iniciativa criada pelo Ministério dos Povos Indígenas vai mobilizar R$ 550 milhões em anúncio feito na COP 30

19/11/2025

Fonte: MPI - https://www.gov.br



Anunciado pelo Ministério dos Povos Indígenas (MPI), a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e o Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (FUNBIO), o VÍtuke - mecanismo financeiro inédito feito para impulsionar a Política Nacional de Gestão Ambiental e Territorial Indígena (PNGATI) - foi lançado na terça-feira (18) em um painel da Zona Azul da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, a COP 30, realizada em Belém-PA.

O fundo foi apresentado durante a palestra "PNGATI e Justiça Climática: a importância da gestão ambiental e da demarcação das Terras Indígenas no Brasil como estratégias de mitigação e adaptação climáticas". O mecanismo vai contribuir para estruturar os mecanismos diretos de financiamento dos Povos Indígenas, como a PNGATI e a aplicação do Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), entre outros, para gestão dos territórios e execução dos projetos de gestão ambiental.

O Banco Mundial, o Ministério para Cooperação e Desenvolvimento da Alemanha (BMZ) por meio do KFW (Banco de Desenvolvimento da Alemanha) e a Fundação Gordon & Betty Moore foram anunciados como os primeiros doadores da iniciativa que objetiva mobilizar, inicialmente, cerca de R$ 550 milhões para os povos indígenas (originários). Os valores divulgados durante o evento foram:

- 15 milhões de euros do Ministério de Cooperaçã e Desenvolvimento BMZ, por meio do KFW, Banco de Desenvolvimento da Alemanha;

- 10 milhões de dólares da Fundação Gordon & Betty Moore;

- 4 milhões de dólares do Banco Mundial (doação planejada: tem a intenção, mas não está formalizada ainda).

A iniciativa foi pensada, criada e estruturada conjuntamente pelo MPI e pelo movimento indígena por meio de suas organizações de representação como a APIB, ANMIGA, a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB), entre outras. A gestão do VÍtuke será do Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (FUNBIO) e o desenho do mecanismo teve o apoio do Bezos Earth Fund e da Re:wild.

O nome Vituke significa "nosso" no idioma terena, como sinal de que a governança sobre esses recursos precisa permanecer nas mãos dos povos indígenas. Assim como as demarcações dos territórios indígenas avançaram na COP 30, as ações do ministério incluem também a gestão destes territórios a partir de seus povos, como prevê a Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental de Terras Indígenas, a PNGATI, criada em 5 de junho de 2012, por meio do decreto 7.747.

Medida efetiva

De acordo com a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, o Vituke garantirá recursos diretos para as organizações indígenas implementarem seus planos de gestão territorial. "É a materialização de uma das nossas principais demandas: autonomia para seguir fazendo o que sempre fizemos, que é a defesa da vida."

"Esta COP 30, realizada na Amazônia, precisa ser lembrada como a COP dos Povos Indígenas. Para isso, esperamos das autoridades e negociadores um ato que pode tornar essa COP uma conferência para entrar para a história. Estamos trabalhando para que o texto final desta conferência inclua, de forma explícita, o reconhecimento e a proteção dos direitos territoriais indígenas como medida efetiva de mitigação climática", acrescentou a ministra no evento de lançamento do Vituke.

Por meio do VÍtuke, fundos de organizações indígenas e as próprias organizações poderão acessar diretamente os recursos numa ação com potencial para apoiar a proteção de 100 milhões de hectares e impactar mais de 300 mil indígenas, o equivalente a quase metade da população atual de acordo com dados do Censo Indígena de 2022, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O evento contou com participação da secretaria nacional de Gestão Ambiental e Territorial Indígena, Ceiça Pitaguary; do diretor do Departamento de Gestão Ambiental Territorial e Promoção ao Bem Viver Indígenas, Bruno Potiguara; da diretora de Gestão Ambiental e Territorial Indígena da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (FUNAI), Lúcia Alberta; do coordenador executivo da Articulação Nacional dos Povos Indígenas (APIB), Kleber Karipuna; e da diretora-executiva da Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (ANMIGA), Jozileia Kaingang.

PNGATI

A PNGATI foi criada para garantir e promover a proteção, a recuperação, a conservação e o uso sustentável dos recursos naturais das terras e territórios indígenas, assegurando a integridade do patrimônio indígena, a melhoria da qualidade de vida e as condições plenas de reprodução física e cultural das atuais e futuras gerações dos povos indígenas, respeitando sua autonomia sociocultural, nos termos da legislação vigente.

"A PNGATI não é apenas uma política pública. Ela é o instrumento que garante que nossos territórios demarcados continuem vivos, conservados e manejados de acordo com nossos saberes ancestrais. Enquanto o mundo busca soluções para a crise climática, nossos territórios seguem intactos, protegendo a biodiversidade e regulando o clima global. Mas não basta demarcar. É preciso garantir que esses territórios tenham gestão adequada e recursos para sua proteção", afirmou Sonia Guajajara.

O material apresenta resultados e exemplos de governança, trabalhos de prevenção e recuperação de danos ambientais, uso sustentável de recursos naturais, iniciativas produtivas indígenas além de capacitação, formação e intercâmbio e educação respeitando a cultura de cada povo.

"Lançamos finalmente nosso fundo de implementação da PNGATI. O Vituke vai dar acesso direto aos povos indígenas, bem como suas organizações e associações, para implementar seus Planos de Gestão Ambiental e Territorial Indígena em seus territórios. Temos um fundo para aportar nos territórios de todos os biomas, de forma igualitária", celebrou a secretária Ceiça Pitaguary.

Novo mecanismo irá apoiar projetos de proteção territorial e ambiental

Os investimentos devem ser destinados a projetos que promovam a consolidação da gestão territorial e ambiental nos territórios indígenas, considerando seis eixos de atuação: proteção territorial e dos recursos naturais; governança indígena e participação; prevenção e restauração de danos ambientais; uso sustentável dos recursos naturais e iniciativas produtivas; capacitação, formação e intercâmbio de conhecimentos e infraestrutura de gestão.

Entre as várias dimensões do impacto esperado estão o fortalecimento das comunidades indígenas; a preservação dos territórios como peça fundamental no enfrentamento das mudanças climáticas e os significativos benefícios para a biodiversidade, uma vez que, de acordo com estudos, esses territórios são altamente eficazes para a manutenção da floresta em pé e consequente redução do desmatamento.

Sobre o FUNBIO

O Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (FUNBIO) é um mecanismo financeiro nacional privado, sem fins lucrativos, que trabalha em parceria com os setores governamental, empresarial e a sociedade civil para que recursos estratégicos e financeiros sejam destinados a iniciativas efetivas de conservação da biodiversidade.

Desde o início das atividades, em 1996, o FUNBIO já apoiou mais de 400 projetos que beneficiaram número superior a 300 instituições em todo o país. Entre as principais atividades realizadas estão a gestão financeira de projetos, o desenho de mecanismos financeiros e estudos de novas fontes de recursos para a conservação, além de compras e contratações de bens e serviços.

https://www.gov.br/povosindigenas/pt-br/assuntos/noticias/2025/11/iniciativa-criada-pelo-ministerio-dos-povos-indigenas-vai-mobilizar-r-550-milhoes-em-anuncio-feito-na-cop-30
 

As notícias publicadas no site Povos Indígenas no Brasil são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos .Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.