De Povos Indígenas no Brasil
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Notícias
Impasse começa a ser solucionado
18/02/2001
Autor: Carla Pimentel
Fonte: Diário de Cuiabá-MT
Presença dos índios em Tabaporã alterou a rotina dos moradores da cidade, de 5 mil habitantes.
Chega ao fim do primeiro round o impasse dos kayabi. O grupo de 48 índios que esteve em Tabaporã (a 700 quilômetros de Cuiabá) desde a última quarta-feira (14) deslocou-se ontem para a aldeia Tatuy, em Juara, onde aguarda o avanço das providenciais legais relativas à criação de uma reserva indígena na região do rio dos Peixes. A Funai encaminhará amanhã ao Ministério Público Federal um documento assinado ontem pelo órgão e pelo prefeito Rogério Riva (PSDB), que prevê estudos para a possível demarcação da área no município.
A decisão de deslocamento até a aldeia Tatuy foi tomada ontem à noite, durante reunião entre os índios, a Funai e o prefeito. Na manhã de ontem, os três representantes da fundação, a prefeitura e fazendeiros locais participaram de uma longa conversa para discutir o tema. Segundo o procurador da Funai, Cezar Nascimento, o encontro foi marcado por um clima de tensão, gerado pela resistência dos proprietários de terras - já que parte deles continua negando a possibilidade de retorno dos índios kayabi à sua área de origem.
O documento assinado por Riva aponta o cumprimento de três itens. O primeiro, já colocado em prática, é o deslocamento dos índios para Juara, onde aguardam a criação de um Grupo Técnico (GT) oficialmente designado para estudar a identificação da terra indígena no vale do rio Batalhão, que deságua no rio dos Peixes.
Os estudos serão desencadeados a partir da criação de uma comissão mista que, segundo o documento, será formada por representantes indígenas kayabi e funcionários da administração regional de Cuiabá da Funai. Caberá a esse grupo apresentar ao presidente da Fundação, Glênio da Costa Alvarez, uma solicitação oficial para a criação do GT.
Para o cacique Nicolau José Kayabi, o desfecho do impasse que movimentou Tabaporã nos últimos dias foi uma vitória, destacando o fim do clima de tensão que havia prevalecido nos dias anteriores. A intenção dos kayabis é de retornarem para o Parque Indígena do Xingu assim que as providências legais iniciais estiverem encaminhadas. Segundo o indigenista José Eduardo Costa, da Funai, o trabalho desde a formação do GT até a definição da área de direito dos remanescentes kayabis de Tabaporã, hoje no Xingu, dura cerca de nove meses.
Apesar do impasse - gerado pelo bloqueio da estrada de acesso ao rio dos Peixes, mantida por fazendeiros da região desde a manhã da última quarta-feira - não houve cenas de violência em Tabaporã. O galpão da igreja, onde os índios estiveram alojados nos últimos dias, transformou-se em ponto turístico da cidade. Ontem, durante todo o dia, a área foi visitada por moradores locais, curiosos com a presença dos kayabis - alguns deles chegaram a passar o dia todo em companhia dos índios. Um dos signos mais evidentes da interação foi a partida de futebol, disputada entre brancos e índios no final da tarde - e vencida pelo time indígena.
Na cidade, as opiniões estiveram divididas nos últimos dias. Parte da população - a maior parte delas formada por paranaenses, atraídos pela região amazônica pelas melhores possibilidades de emprego - declarou-se simpática à causa indígena.
A secretária municipal de Educação de Tabaporã, Marleni Treuherz Giroto, pensa que se criou um clima de excessiva tensão em torno da questão, simples de ser resolvida através dos trâmites legais. A secretária - que já trabalhou nos anos 70 com índios irantxe, no atual Município de Brasnorte, através da Operação Amazônia (Opam) - crê na legitimidade das reivindicações dos kayabis. Esse ponto de vista é compartilhado por José Caetano da Silva, assentado da Gleba Mercedes: se a terra era dos índios e foi tirada, eles têm direito, considera.
Já para Danielson Augusto Abegg - conhecido como Caruncho - agricultor nascido na região em 1958, a reivindicação dos kayabis não é justa. Nunca ouvi falar que houvesse índios por aqui, afirma.
O impasse entre índios e fazendeiros mudou a rotina de Tabaporã na última semana. Ontem, parte do comércio manteve as portas fechadas - uma iniciativa que, segundo comerciantes locais, foi orientada por madeireiros da região. A barreira que, na última quarta-feira, foi instalada na metade dos 38 quilômetros que separam a sede do município e as margens do rio dos Peixes, deslocou-se ontem para a saída da cidade. Segundo cálculos de moradores da cidade, havia cerca de cem homens de prontidão no local. Além desse bloqueio, a saída para Juara também foi fechada com toras restando à cidade uma única porta de entrada.
Chega ao fim do primeiro round o impasse dos kayabi. O grupo de 48 índios que esteve em Tabaporã (a 700 quilômetros de Cuiabá) desde a última quarta-feira (14) deslocou-se ontem para a aldeia Tatuy, em Juara, onde aguarda o avanço das providenciais legais relativas à criação de uma reserva indígena na região do rio dos Peixes. A Funai encaminhará amanhã ao Ministério Público Federal um documento assinado ontem pelo órgão e pelo prefeito Rogério Riva (PSDB), que prevê estudos para a possível demarcação da área no município.
A decisão de deslocamento até a aldeia Tatuy foi tomada ontem à noite, durante reunião entre os índios, a Funai e o prefeito. Na manhã de ontem, os três representantes da fundação, a prefeitura e fazendeiros locais participaram de uma longa conversa para discutir o tema. Segundo o procurador da Funai, Cezar Nascimento, o encontro foi marcado por um clima de tensão, gerado pela resistência dos proprietários de terras - já que parte deles continua negando a possibilidade de retorno dos índios kayabi à sua área de origem.
O documento assinado por Riva aponta o cumprimento de três itens. O primeiro, já colocado em prática, é o deslocamento dos índios para Juara, onde aguardam a criação de um Grupo Técnico (GT) oficialmente designado para estudar a identificação da terra indígena no vale do rio Batalhão, que deságua no rio dos Peixes.
Os estudos serão desencadeados a partir da criação de uma comissão mista que, segundo o documento, será formada por representantes indígenas kayabi e funcionários da administração regional de Cuiabá da Funai. Caberá a esse grupo apresentar ao presidente da Fundação, Glênio da Costa Alvarez, uma solicitação oficial para a criação do GT.
Para o cacique Nicolau José Kayabi, o desfecho do impasse que movimentou Tabaporã nos últimos dias foi uma vitória, destacando o fim do clima de tensão que havia prevalecido nos dias anteriores. A intenção dos kayabis é de retornarem para o Parque Indígena do Xingu assim que as providências legais iniciais estiverem encaminhadas. Segundo o indigenista José Eduardo Costa, da Funai, o trabalho desde a formação do GT até a definição da área de direito dos remanescentes kayabis de Tabaporã, hoje no Xingu, dura cerca de nove meses.
Apesar do impasse - gerado pelo bloqueio da estrada de acesso ao rio dos Peixes, mantida por fazendeiros da região desde a manhã da última quarta-feira - não houve cenas de violência em Tabaporã. O galpão da igreja, onde os índios estiveram alojados nos últimos dias, transformou-se em ponto turístico da cidade. Ontem, durante todo o dia, a área foi visitada por moradores locais, curiosos com a presença dos kayabis - alguns deles chegaram a passar o dia todo em companhia dos índios. Um dos signos mais evidentes da interação foi a partida de futebol, disputada entre brancos e índios no final da tarde - e vencida pelo time indígena.
Na cidade, as opiniões estiveram divididas nos últimos dias. Parte da população - a maior parte delas formada por paranaenses, atraídos pela região amazônica pelas melhores possibilidades de emprego - declarou-se simpática à causa indígena.
A secretária municipal de Educação de Tabaporã, Marleni Treuherz Giroto, pensa que se criou um clima de excessiva tensão em torno da questão, simples de ser resolvida através dos trâmites legais. A secretária - que já trabalhou nos anos 70 com índios irantxe, no atual Município de Brasnorte, através da Operação Amazônia (Opam) - crê na legitimidade das reivindicações dos kayabis. Esse ponto de vista é compartilhado por José Caetano da Silva, assentado da Gleba Mercedes: se a terra era dos índios e foi tirada, eles têm direito, considera.
Já para Danielson Augusto Abegg - conhecido como Caruncho - agricultor nascido na região em 1958, a reivindicação dos kayabis não é justa. Nunca ouvi falar que houvesse índios por aqui, afirma.
O impasse entre índios e fazendeiros mudou a rotina de Tabaporã na última semana. Ontem, parte do comércio manteve as portas fechadas - uma iniciativa que, segundo comerciantes locais, foi orientada por madeireiros da região. A barreira que, na última quarta-feira, foi instalada na metade dos 38 quilômetros que separam a sede do município e as margens do rio dos Peixes, deslocou-se ontem para a saída da cidade. Segundo cálculos de moradores da cidade, havia cerca de cem homens de prontidão no local. Além desse bloqueio, a saída para Juara também foi fechada com toras restando à cidade uma única porta de entrada.
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