De Povos Indígenas no Brasil
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Noticias
Cegueira do Descaso
10/02/2001
Autor: Lia Bock
Fonte: Revista Isto É
Documentos anexos
Infecção nos olhos se espalha entre os índios Maku do Alto Rio Negro
A antiga história de que um surto de gripe pode dizimar uma tribo sempre assustou. Hoje uma outra doença, para os ocidentais quase tão banal quanto a gripe, põe em risco a qualidade de vida de índios que vivem no Alto Rio Negro, região amazônica que faz divisa com a Venezuela e a Colômbia. Casos de tracoma uma doença causada por uma bactéria e caracterizada por uma inflamação na parte interna da pálpebra foram dectados entre os indígenas. Até ser identificado na tribo dos Maku, o mal era considerado erradicado no Brasil. E não se sabe por que se alastrou de forma tão grave e tão rápida nessa tribo. Em outras comunidades da região, a intensidade da epidemia não é a mesma. Nada menos do que 70% dos Maku foram infectados pela bactéria e alguns índios mais velhos já estão cegos.
Se não for tratado, o tracoma causa repetidas infecções nos olhos. O incômodo é semelhante ao da conjuntivite. O problema é que cada vez que a inflamação cicatriza, a pele repuxa, fazendo com que a pálpebra vire cada vez mais para dentro. No limite dessa inversão, os cílios entram completamente nos olhos e lesam a córnea, causando a cegueira . Todo esse sofrimento, no entanto, pode ser evitado. Há pomadas e colírios que em quatro semanas acabam com o tracoma. Diferenças culturais, no entanto, atrapalham esse tratamento de longa duração. Para os índios, é difícil seguir a rotina de tomar os remédios nos horários e nas quantidades prescritas pelos médicos. Além disso, eles costumam ser tratados pelo pajé. Mas o Antropólogo pernambucano Renato Athias, que estuda a tribo há mais de 20 anos, conta que se houvesse um médico à disposição para passar a pomada, os índios não se importariam em tratar a doença.
A Organização Mundial de Saúde prescreve para o tratamento do tracoma a azitromicina, antibiótico que pode ser usado em dose única por via oral. Teoricamente esta seria a solução. Mas o custo do remédio é muito caro para os índios: cerca de R$ 50 por pessoa, incluindo duas doses anuais. A ONG Saúde Sem Limites (SSL), que cuida da saúde dos índios da região, busca patrocínio para o tratamento. " tentamos uma parceria com a Pfizer, que produz o remédio Zitromax, cujo princípio ativo é a azitromicina e é específico para tratamento do tracoma, mas eles não aceitaram", desabafa a coordenadora da SSL, Marina Machado. A indústria alega que faz doações eventuais a uma ONG americana que trabalha para o controle da doença. Por isso, não fez uma doação direta para a Saúde Sem Limites. A entidade brasileira diz que continuará à procura de ajuda. "O ruim é que o tracoma não nos espera", diz Marina. É verdade e também uma pena. "Tratar a saúde dos povos indígenas é defender o patrimônio cultural do País. O que para nós é tratar uma doença boba, para eles é recobrar a possibilidade de uma vida normal. É isso o que está em jogo", frisa Norimar Pinto de Oliveira, médico sanitarista que identificou a epidemia.
A antiga história de que um surto de gripe pode dizimar uma tribo sempre assustou. Hoje uma outra doença, para os ocidentais quase tão banal quanto a gripe, põe em risco a qualidade de vida de índios que vivem no Alto Rio Negro, região amazônica que faz divisa com a Venezuela e a Colômbia. Casos de tracoma uma doença causada por uma bactéria e caracterizada por uma inflamação na parte interna da pálpebra foram dectados entre os indígenas. Até ser identificado na tribo dos Maku, o mal era considerado erradicado no Brasil. E não se sabe por que se alastrou de forma tão grave e tão rápida nessa tribo. Em outras comunidades da região, a intensidade da epidemia não é a mesma. Nada menos do que 70% dos Maku foram infectados pela bactéria e alguns índios mais velhos já estão cegos.
Se não for tratado, o tracoma causa repetidas infecções nos olhos. O incômodo é semelhante ao da conjuntivite. O problema é que cada vez que a inflamação cicatriza, a pele repuxa, fazendo com que a pálpebra vire cada vez mais para dentro. No limite dessa inversão, os cílios entram completamente nos olhos e lesam a córnea, causando a cegueira . Todo esse sofrimento, no entanto, pode ser evitado. Há pomadas e colírios que em quatro semanas acabam com o tracoma. Diferenças culturais, no entanto, atrapalham esse tratamento de longa duração. Para os índios, é difícil seguir a rotina de tomar os remédios nos horários e nas quantidades prescritas pelos médicos. Além disso, eles costumam ser tratados pelo pajé. Mas o Antropólogo pernambucano Renato Athias, que estuda a tribo há mais de 20 anos, conta que se houvesse um médico à disposição para passar a pomada, os índios não se importariam em tratar a doença.
A Organização Mundial de Saúde prescreve para o tratamento do tracoma a azitromicina, antibiótico que pode ser usado em dose única por via oral. Teoricamente esta seria a solução. Mas o custo do remédio é muito caro para os índios: cerca de R$ 50 por pessoa, incluindo duas doses anuais. A ONG Saúde Sem Limites (SSL), que cuida da saúde dos índios da região, busca patrocínio para o tratamento. " tentamos uma parceria com a Pfizer, que produz o remédio Zitromax, cujo princípio ativo é a azitromicina e é específico para tratamento do tracoma, mas eles não aceitaram", desabafa a coordenadora da SSL, Marina Machado. A indústria alega que faz doações eventuais a uma ONG americana que trabalha para o controle da doença. Por isso, não fez uma doação direta para a Saúde Sem Limites. A entidade brasileira diz que continuará à procura de ajuda. "O ruim é que o tracoma não nos espera", diz Marina. É verdade e também uma pena. "Tratar a saúde dos povos indígenas é defender o patrimônio cultural do País. O que para nós é tratar uma doença boba, para eles é recobrar a possibilidade de uma vida normal. É isso o que está em jogo", frisa Norimar Pinto de Oliveira, médico sanitarista que identificou a epidemia.
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