De Povos Indígenas no Brasil

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Índios

03/03/2005

Autor: OLIVEIRA, Malu

Fonte: FSP, Painel do Leitor, p. A3



Índios

"O Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) esclarece que o Estado de Mato Grosso do Sul aplicou R$ 3,8 milhões dos R$ 5 milhões repassados pelo governo federal ao Fome Zero Indígena, e não apenas R$ 1 milhão, como informou o editorial "Fome na riqueza" (Opinião, pág. A2, 1º/3). O valor investido na região de Dourados é que corresponde a R$ 1 milhão do total repassado para o Estado. O repasse não está sendo tratado de forma burocrática. Periodicamente, técnicos do ministério visitam as áreas onde as atividades agropecuárias são desenvolvidas e mantêm reuniões com a Secretaria Estadual de Assistência Social, responsável pela execução do convênio. Em 2004, por exemplo, o Centro de Atendimento ao Desnutrido Indígena, localizado em Dourados, foi totalmente reformado com recursos do MDS. Também data de 2004 o repasse de equipamentos, sementes e adubos ao município de Dourados. Há ainda o programa emergencial de distribuição de cestas de alimentos. E cerca de 2.300 famílias indígenas de Dourados estão sendo cadastradas no Bolsa Família. O MDS reconhece que a situação dos índios em Dourados é grave, tanto que em 2003 foi criado o programa Fome Zero Indígena, mas, como na origem dos atuais problemas nutricionais dos guaranis-caiuás estão problemas históricos e complexos, de ordem fundiária e de perda de identidade cultural, as ações federais não se restringem aos programas desenvolvidos por este ministério, e envolvem historicamente outros órgãos federais, como a Funai, a Funasa e o Incra."

Malu Oliveira, coordenadora da assessoria de imprensa do MDS (Brasília, DF)

Nota da Redação - Leia a seção "Erramos", abaixo.

"Concordo integralmente com a primeira parte do editorial "Fome na riqueza", no qual a Folha responsabiliza os governos federal e estadual pelas mortes das crianças guarani-caiuá de Mato Grosso do Sul. É inaceitável que crianças continuem a morrer de fome no nosso país, sejam elas indígenas ou não. Considero, no entanto, preocupante a desinformação do jornal ao dizer que o IBGE derrubou o número de pessoas que vivem em insegurança alimentar no país. O problema da insegurança alimentar no país não se resolve com números, mas com promoção de eqüidade e de qualidade de vida. A pesquisa do IBGE não mensurou insegurança alimentar, e sim subnutrição em adultos, o que não pode ser utilizado como indicador de fome ou de insegurança alimentar -a não ser que a Folha concorde que é adequado que as pessoas, desde que mantenham seu peso "normal", possam ficar dias sem comer ou comendo lixo e restos alimentares dos outros. Precisamos qualificar o debate em respeito aos direitos humanos das pessoas que vivenciam todos os dias a situação de não ter o que comer ou de ter de comer o que está "disponível"."
Flavio Luiz Schieck Valente, médico, coordenador técnico da Abrandh -Ação Brasileira pela Nutrição e Direitos Humanos-, membro observador do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e membro do Comitê Permanente de Nutrição da ONU (Brasília, DF)

FSP, 03/03/2005, Painel do Leitor, p. A3
 

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