De Povos Indígenas no Brasil

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Urihi domina malária

26/11/2001

Fonte: Boletim Yanomami



Índices de malária caem dramaticamente em menos de dois anos

Dentro do programa da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) de atendimento às populações indígenas, a Urihi - Saúde Yanomami vem diminuindo dramaticamente a incidência de malária nas áreas yanomami onde atua desde fim de 1999, no âmbito do Distrito Sanitário Yanomami, com recursos da Funasa. Nos nove pólos onde atua em Roraima e no Amazonas, a Urihi registrou uma importante queda nos casos de malária em menos de dois anos: em janeiro de 2000, havia incidência de 8,2% de casos registrados; em setembro de 2001, esse número caiu para 0,3%. Esse é de longe o índice mais baixo de malária desde 1987 quando começou a corrida do ouro na área yanomami. O resultado espetacular da Urihi no combate à malária deve-se, principalmente, à assistência intensiva de equipes médicas nos nove postos de saúde que a ONG mantém atualmente entre os Yanomami. Uma parte importante do seu programa de saúde é o treinamento de agentes de saúde yanomami que foi iniciado através da formação de 24 microscopistas indígenas que já estão integrados nos trabalhos da URIHI. Toda esta formação também está sendo financiada com recursos da Funasa. Além dos microscopistas Yanomami, a Urihi conta com dois médicos, quatro enfermeiros, 48 auxiliares de enfermagem, seis técnicos de serviço de apoio e dezesseis microscopistas não indígenas

Urihi inova tratamento de tuberculose

As equipes médicas da Urihi estão conseguindo diagnosticar e tratar os casos de tuberculose nas próprias aldeias dos pacientes. Evitam, assim, que os Yanomami passem os seis meses de tratamento em Boa Vista, o que acarretava grandes transtornos para eles e suas famílias, não só em termos de desgaste psicológico, mas também com relação às suas atividades econômicas e rituais. A novidade no combate à tuberculose é a supervisão direta de profissionais de saúde que acompanham os pacientes em suas aldeias e em expedições à floresta, assegurando assim que estes sigam rigorosamente o tratamento até o fim e que continuem a desempenhar suas atividades normalmente. Graças à utilização de equipamento de raio X portátil, os diagnósticos podem ser realizados em qualquer lugar e a qualquer momento.

Os locais de maior incidência de tuberculose na área de atuação da Urihi são Aratha-ú e Auaris. Neste final de 2001, ainda existem cinco pacientes de Aratha-ú em tratamento. Em Auaris registrou-se em 1999 uma incidência de 27 casos; em 2000, quatro casos e em 2001, três casos. Hoje estão todos curados e não foram registrados casos novos.

As vantagens do atendimento in loco são inestimáveis e pode ser comparado à situação anterior, descrito pelo médico Cláudio Esteves de Oliveira, presidente da Urihi: "Adultos e crianças chegavam a Boa Vista extremamente desnutridos e com a doença em estágio avançado; depois de um ou dois meses, quando começavam a se sentir bem, queriam abandonar a medicação. Eles não entendiam o motivo de continuar tomando remédio se não se sentiam mais doentes". Dr. Cláudio continua, ressaltando a importância do novo sistema de tratamento da tuberculose: "O método de tratamento não é novo, existe há décadas, mas quando eu cheguei aqui, há onze anos, não podia imaginar que o atendimento nas aldeias fosse possível. Faltava pessoal para ficar nas comunidades. Agora temos um sistema de saúde que torna isso possível. Essa é uma dívida que estamos pagando aos Yanomami".
Corte de verba ameaça saúde yanomami


Um corte de mais de R$ 420.000,00 no orçamento de cerca de R$ 6.785.000,00 para 2001, a partir de agosto, tem dificultado substancialmente as atividades de assistência da Urihi. Porém, ainda mais preocupante é a ameaça de um corte de 20% no orçamento da Funasa para todo o Distrito Sanitário Yanomami em 2002, o que implica em interromper o trabalho de dois anos em que a Urihi conseguiu controlar as epidemias de malária e a incidência de tuberculose nas nove regiões yanomami onde atua. A suspensão do programa de saúde yanomami nos padrões alcançados pela Urihi trará conseqüências desastrosas não apenas para os Yanomami, mas para a imagem do Brasil que, com a deterioração da saúde dos Yanomami poderá sofrer sérios revezes depois de seus recentes sucessos em foros internacionais por sua posição firme quanto à produção de genéricos e ao tratamento grátis de pacientes portadores de HIV.
 

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