De Povos Indígenas no Brasil
Notícias
Unicef vai destinar dinheiro aos kaiowá
14/04/2005
Fonte: CB, Brasil, p.19
Unicef vai destinar dinheiro aos kaiowá
Paloma Oliveto
Da equipe do Correio
Além da fome, é a falta de água potável que está matando as crianças indígenas da etnia guarani-kaiowá na região de Dourados (MS). Ontem, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e a Fundação Nacional de Saúde (Funasa) anunciaram um programa emergencial para conter os índices de mortalidade infantil nas aldeias indígenas. Desde janeiro, 18 indiozinhos morreram vítimas de desnutrição aguda. Segundo a representante do Unicef no Brasil, Marie-Pierre Poirier, o órgão da ONU vai investir R$ 270 mil na compra e instalação de caixas dágua nas casas onde há crianças com até 6 anos, e na perfuração de poços para captação de água limpa. O dinheiro será aplicado no próximo mês.
Para evitar a desnutrição, a Funasa vai distribuir nas aldeias vitamina A para 9.562 índios de 6 meses a 5 anos de idade que estão em estado de risco nutricional. Basta uma dose por criança, diz o médico Halim Girade, oficial de projetos do Unicef. É barato e dá um grande reforço à imunidade. Em maio, a medida será ampliada pelo Ministério da Saúde a todas as outras aldeias indígenas do estado. O Exército, o governo do Mato Grosso do Sul e as prefeituras de 18 cidades do estado vão participar do mutirão.
Halim Girade esteve em Dourados duas vezes este ano para visitar as aldeias gauarani-kaiowá. A última visita aconteceu na semana passada. Ele alerta que em 62% das aldeias Bororó e Jaguaripu, onde as crianças estão morrendo, não existe água potável. Segundo o médico, as condições precárias de saneamento básico são responsáveis por mais de 60% das internações hospitalares no país. Levar água tratada para as aldeias é uma questão urgentíssima, avisa Girade. Uma criança desidratada que recebe água contaminada não só não vai melhorar, como vai piorar muito, alerta o médico.
Nas aldeias, Girade se comoveu com os esforços das mães muitas delas, desnutridas para garantir o mínimo de nutrientes para seus filhos. As índias amamentam as crianças até o peito secar. Mas, a partir dos seis meses de idade, o leite materno tem de ser complementado por outros alimentos, coisa rara na região. Em fevereiro do ano passado, em uma audiência pública no Senado, a índia Maria Regina de Souza alertou: Nas áreas dos guarani-kaiowá, o que acontece? Muita desnutrição. Não temos terra para plantar. Justamente por causa disso, há miséria e fome em nossas aldeias. Em 2004, a taxa de mortalidade de crianças da etnia com menos de um ano foi de quase cem em cada mil nascidos vivos. Isso é três vezes mais que a média nacional.
A cantora Daniela Mercury, embaixadora do Unicef no Brasil, lembrou que as ações de curto prazo são necessárias, mas o trabalho precisa ser continuado. A situação que enfrentam hoje as crianças guarani-kaiowá requer nossa intervenção imediata. Mas tão importante quanto as ações emergenciais nesse momento é o desafio de agirmos em longo prazo, disse. Para além da questão da mortalidade infantil, há problemas como a falta de terra, os altos índices de suicídio e de alcoolismo entre os jovens, o crescente número de meninas grávidas e a educação descontextualizada que não respeita a cultura desse povo, lembrou.
O número
Socorro financeiro
270 mil reais serão aplicados pelo Unicef na compra de caixas dágua para as aldeias guarani-kaiowá, no Mato Grosso do Sul
Para ajudar
O Unicef abriu duas contas para pessoas físicas e jurídicas que quiserem contribuir com a campanha emergencial para os índios. As contas ficam abertas até o dia 13 de maio. As contribuições são para Banco do Brasil: 3382-0 (agência) e 404.700-1 (conta corrente).
Itaú: 0542 (agência) e 40.140-0 (conta corrente). O CNPJ do Unicef é 03744126/0001-69.
CB, 14/04/2005, p. 19
Paloma Oliveto
Da equipe do Correio
Além da fome, é a falta de água potável que está matando as crianças indígenas da etnia guarani-kaiowá na região de Dourados (MS). Ontem, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e a Fundação Nacional de Saúde (Funasa) anunciaram um programa emergencial para conter os índices de mortalidade infantil nas aldeias indígenas. Desde janeiro, 18 indiozinhos morreram vítimas de desnutrição aguda. Segundo a representante do Unicef no Brasil, Marie-Pierre Poirier, o órgão da ONU vai investir R$ 270 mil na compra e instalação de caixas dágua nas casas onde há crianças com até 6 anos, e na perfuração de poços para captação de água limpa. O dinheiro será aplicado no próximo mês.
Para evitar a desnutrição, a Funasa vai distribuir nas aldeias vitamina A para 9.562 índios de 6 meses a 5 anos de idade que estão em estado de risco nutricional. Basta uma dose por criança, diz o médico Halim Girade, oficial de projetos do Unicef. É barato e dá um grande reforço à imunidade. Em maio, a medida será ampliada pelo Ministério da Saúde a todas as outras aldeias indígenas do estado. O Exército, o governo do Mato Grosso do Sul e as prefeituras de 18 cidades do estado vão participar do mutirão.
Halim Girade esteve em Dourados duas vezes este ano para visitar as aldeias gauarani-kaiowá. A última visita aconteceu na semana passada. Ele alerta que em 62% das aldeias Bororó e Jaguaripu, onde as crianças estão morrendo, não existe água potável. Segundo o médico, as condições precárias de saneamento básico são responsáveis por mais de 60% das internações hospitalares no país. Levar água tratada para as aldeias é uma questão urgentíssima, avisa Girade. Uma criança desidratada que recebe água contaminada não só não vai melhorar, como vai piorar muito, alerta o médico.
Nas aldeias, Girade se comoveu com os esforços das mães muitas delas, desnutridas para garantir o mínimo de nutrientes para seus filhos. As índias amamentam as crianças até o peito secar. Mas, a partir dos seis meses de idade, o leite materno tem de ser complementado por outros alimentos, coisa rara na região. Em fevereiro do ano passado, em uma audiência pública no Senado, a índia Maria Regina de Souza alertou: Nas áreas dos guarani-kaiowá, o que acontece? Muita desnutrição. Não temos terra para plantar. Justamente por causa disso, há miséria e fome em nossas aldeias. Em 2004, a taxa de mortalidade de crianças da etnia com menos de um ano foi de quase cem em cada mil nascidos vivos. Isso é três vezes mais que a média nacional.
A cantora Daniela Mercury, embaixadora do Unicef no Brasil, lembrou que as ações de curto prazo são necessárias, mas o trabalho precisa ser continuado. A situação que enfrentam hoje as crianças guarani-kaiowá requer nossa intervenção imediata. Mas tão importante quanto as ações emergenciais nesse momento é o desafio de agirmos em longo prazo, disse. Para além da questão da mortalidade infantil, há problemas como a falta de terra, os altos índices de suicídio e de alcoolismo entre os jovens, o crescente número de meninas grávidas e a educação descontextualizada que não respeita a cultura desse povo, lembrou.
O número
Socorro financeiro
270 mil reais serão aplicados pelo Unicef na compra de caixas dágua para as aldeias guarani-kaiowá, no Mato Grosso do Sul
Para ajudar
O Unicef abriu duas contas para pessoas físicas e jurídicas que quiserem contribuir com a campanha emergencial para os índios. As contas ficam abertas até o dia 13 de maio. As contribuições são para Banco do Brasil: 3382-0 (agência) e 404.700-1 (conta corrente).
Itaú: 0542 (agência) e 40.140-0 (conta corrente). O CNPJ do Unicef é 03744126/0001-69.
CB, 14/04/2005, p. 19
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