De Povos Indígenas no Brasil
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Quem quer aprender a língua Kaxinawá?
06/01/2008
Fonte: PAGINA 20
O correto é perguntar: quem quer aprender Hãtxa Kuî, a "fala verdadeira" do povo Huni Kuî? Porque "kaxinawá" - palavra que significa "morcego" nessa língua indígena - é uma denominação dada pelos não-índios num primeiro contato com o grupo, ainda no século 19. A lingüista Nietta Lindenberg Monte, da Comissão Pró-Índio do Acre, reproduz na apresentação do livro "Huni Kuinê Miyui" a história que os próprios índios contam:
"A primeira vez que um branco encontrou-se com um índio, este estava sem roupa e brincava com um morcego... Os brancos perguntaram quem era ele, e ele, que não entendia o português, respondeu em sua língua":
- "Estou matando morcego". O morcego a gente chama kaxi. Então o branco botou o nome nele: - "Sua tribo e você se chamam Kaxinawá..."
Hoje os Kaxinawá, autodenominados Huni Kuî ("gente verdadeira"), somam mais de 6 mil indivíduos em 12 áreas indígenas nos afluentes do rio Juruá, no Acre, e no Alto Purus na fronteira com o Peru. Desde os anos 1970 recebem forte apoio da Comissão Pró-Índio do Acre (e mais recentemente de instituições como governos estadual e federal, agências humanitárias e organismos internacionais) permitindo autonomia na ocupação de seus territórios e o resgate de cultura, história e desenvolvimento como povo da floresta.
De fato, entre os Kaxinawá já se contam em centenas os professores, agentes agroflorestais e de saúde e os agentes ambientais. Entre eles se destaca o índio Joaquim Paulo de Lima Kaxinawá, conhecido por Joaquim Maná, 45, professor bilíngüe com vários livros publicados em hãtxa kuî e português, um deles traduzido para o francês.
Maná é natural da região de Tarauacá e vive atualmente na aldeia Mucuripe, na Terra Indígena Praia do Carapanã. Desde 1983 é professor bilíngüe. Em 2000, concluiu o Magistério Indígena pela Comissão Pró-Índio do Acre (CPI-AC) e em 2006 formou-se pela Universidade Estadual do Mato Grosso (UNEMAT) no curso de Licenciatura para Professores Indígenas, o primeiro curso superior do Brasil voltado para público indígena. Sua monografia de conclusão de curso foi escrita em huni kuî e trata dos padrões geométricos (kene) tradicionais de seu povo. Esse trabalho deu origem ao livro Nukû Kene Kena Xarabu (OPIAC, 2006). Maná é o atual coordenador da Organização dos Professores Indígenas do Acre (OPIAC).
Curso na Biblioteca
A novidade relacionada à indagação do título desta matéria é que a Biblioteca da Floresta abriu inscrições (3 a 25 deste mês) para o curso experimental (e inédito) de iniciação à língua kaxinawá (Hãtxa Kuî), tendo como professor o sábio Joaquim Maná. O curso gratuito terá a duração de três meses (fevereiro a abril de 2008), com aulas no auditório da instituição às segundas e quintas-feiras, das 19 às 21 horas. A inscrição poderá ser feita na Biblioteca, no período de 3 a 25 (ou pelo e-mail: biblioteca.floresta@ac.gov.br).
Oferecendo apenas 20 vagas, os promotores do curso - Biblioteca da Floresta, Comissão Pró-Índio do Acre (CPI-AC) e Organização dos Professores Indígenas do Acre (OPIAC) - vão ser criteriosos na escolha dos candidatos. Uma dica é que o curso se destina ao público não-indígena, preferencialmente pessoas que querem aprender e valorizar a política lingüística dos povos do Estado. Por isso os candidatos, na hora da inscrição, terão que entregar uma carta de intenção (veja modelo no site: www.bibliotecadafloresta.ac.gov.br) explicando por que (ou para que) desejam aprender a língua do povo Huni Kuî. A seleção dos candidatos será feita no período de 28 a 31 de janeiro.
Os candidatos selecionados terão a oportunidade de aprender o vocabulário básico, aspectos gramaticais da língua hãtxa kuî e também um pouco da cultura dos Huni Kuî, podendo formular pequenas frases e manter diálogos. Eles contarão com material básico para a orientação das aulas: o livro "Lições para a Aprendizagem da Língua Kaxinawá" (Susan Montag, 2004) - que deverá ser adquirido no momento da matrícula -, filmes e CDs feitos por cinegrafistas e professores indígenas do Acre, bem como cartilhas e outros materiais didáticos destinados às escolas Huni Kuî. No fim do curso, receberão um certificado.
Além de Maná, o curso contará com a monitora Daniela Marchese, antropóloga, 42 anos, natural da Itália. Desde 1997 ela desenvolve pesquisas no Acre; sua dissertação de mestrado foi premiada na VI edição do concurso de teses organizado pelo Centro Orientamento América Latina de Florença, que deu origem ao livro "Eu entro pela perna direita: espaço, representação e identidade do seringueiro no Acre" (Edufac, 2005).
Daniela está cursando doutorado na Universidade de Siena e sua tese tratará das mudanças sócio-culturais ocorridas entre os Kaxinawá após a demarcação de terras indígenas, no que diz respeito à organização do espaço. Na Itália, ela trabalhou durante seis anos ministrando aulas de italiano para estrangeiros.
"A primeira vez que um branco encontrou-se com um índio, este estava sem roupa e brincava com um morcego... Os brancos perguntaram quem era ele, e ele, que não entendia o português, respondeu em sua língua":
- "Estou matando morcego". O morcego a gente chama kaxi. Então o branco botou o nome nele: - "Sua tribo e você se chamam Kaxinawá..."
Hoje os Kaxinawá, autodenominados Huni Kuî ("gente verdadeira"), somam mais de 6 mil indivíduos em 12 áreas indígenas nos afluentes do rio Juruá, no Acre, e no Alto Purus na fronteira com o Peru. Desde os anos 1970 recebem forte apoio da Comissão Pró-Índio do Acre (e mais recentemente de instituições como governos estadual e federal, agências humanitárias e organismos internacionais) permitindo autonomia na ocupação de seus territórios e o resgate de cultura, história e desenvolvimento como povo da floresta.
De fato, entre os Kaxinawá já se contam em centenas os professores, agentes agroflorestais e de saúde e os agentes ambientais. Entre eles se destaca o índio Joaquim Paulo de Lima Kaxinawá, conhecido por Joaquim Maná, 45, professor bilíngüe com vários livros publicados em hãtxa kuî e português, um deles traduzido para o francês.
Maná é natural da região de Tarauacá e vive atualmente na aldeia Mucuripe, na Terra Indígena Praia do Carapanã. Desde 1983 é professor bilíngüe. Em 2000, concluiu o Magistério Indígena pela Comissão Pró-Índio do Acre (CPI-AC) e em 2006 formou-se pela Universidade Estadual do Mato Grosso (UNEMAT) no curso de Licenciatura para Professores Indígenas, o primeiro curso superior do Brasil voltado para público indígena. Sua monografia de conclusão de curso foi escrita em huni kuî e trata dos padrões geométricos (kene) tradicionais de seu povo. Esse trabalho deu origem ao livro Nukû Kene Kena Xarabu (OPIAC, 2006). Maná é o atual coordenador da Organização dos Professores Indígenas do Acre (OPIAC).
Curso na Biblioteca
A novidade relacionada à indagação do título desta matéria é que a Biblioteca da Floresta abriu inscrições (3 a 25 deste mês) para o curso experimental (e inédito) de iniciação à língua kaxinawá (Hãtxa Kuî), tendo como professor o sábio Joaquim Maná. O curso gratuito terá a duração de três meses (fevereiro a abril de 2008), com aulas no auditório da instituição às segundas e quintas-feiras, das 19 às 21 horas. A inscrição poderá ser feita na Biblioteca, no período de 3 a 25 (ou pelo e-mail: biblioteca.floresta@ac.gov.br).
Oferecendo apenas 20 vagas, os promotores do curso - Biblioteca da Floresta, Comissão Pró-Índio do Acre (CPI-AC) e Organização dos Professores Indígenas do Acre (OPIAC) - vão ser criteriosos na escolha dos candidatos. Uma dica é que o curso se destina ao público não-indígena, preferencialmente pessoas que querem aprender e valorizar a política lingüística dos povos do Estado. Por isso os candidatos, na hora da inscrição, terão que entregar uma carta de intenção (veja modelo no site: www.bibliotecadafloresta.ac.gov.br) explicando por que (ou para que) desejam aprender a língua do povo Huni Kuî. A seleção dos candidatos será feita no período de 28 a 31 de janeiro.
Os candidatos selecionados terão a oportunidade de aprender o vocabulário básico, aspectos gramaticais da língua hãtxa kuî e também um pouco da cultura dos Huni Kuî, podendo formular pequenas frases e manter diálogos. Eles contarão com material básico para a orientação das aulas: o livro "Lições para a Aprendizagem da Língua Kaxinawá" (Susan Montag, 2004) - que deverá ser adquirido no momento da matrícula -, filmes e CDs feitos por cinegrafistas e professores indígenas do Acre, bem como cartilhas e outros materiais didáticos destinados às escolas Huni Kuî. No fim do curso, receberão um certificado.
Além de Maná, o curso contará com a monitora Daniela Marchese, antropóloga, 42 anos, natural da Itália. Desde 1997 ela desenvolve pesquisas no Acre; sua dissertação de mestrado foi premiada na VI edição do concurso de teses organizado pelo Centro Orientamento América Latina de Florença, que deu origem ao livro "Eu entro pela perna direita: espaço, representação e identidade do seringueiro no Acre" (Edufac, 2005).
Daniela está cursando doutorado na Universidade de Siena e sua tese tratará das mudanças sócio-culturais ocorridas entre os Kaxinawá após a demarcação de terras indígenas, no que diz respeito à organização do espaço. Na Itália, ela trabalhou durante seis anos ministrando aulas de italiano para estrangeiros.
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