De Povos Indígenas no Brasil
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Notícias

Reserva será criada na Serra do Tucano

23/06/2010

Autor: Andrezza Trajano

Fonte: Folha de Boa Vista - http://www.folhabv.com.br/



Depois da Serra da Lua, agora a investida do Instituto Chico Mendes da Biodiversidade (ICMBio) é para criar o Parque Nacional do Lavrado na Serra do Tucano, no Município do Bonfim. Em último caso, a unidade de conservação deve ficar na mesma área onde está a Pedra Pintada, um sítio arqueológico, no Município de Pacaraima.

A questão, polêmica, foi divulgada com exclusividade ano passado pela Folha. A proposta de criação da reserva ambiental na Serra da Lua, e a consequente retirada de pelo menos 200 produtores rurais levou a passeatas e diversas manifestações pela cidade, pessoas contrárias ao empreendimento ambiental.

A segunda opção e que já está em andamento pretende criar o parque em uma área de 74 mil hectares, na Serra do Tucano, o que afetará aproximadamente 100 produtores. O território abrange 20 mil hectares pertencentes ao Exército Brasileiro - onde os militares fazem treinamento - e dezenas de propriedades particulares, inclusive com título definitivo.

Uma faixa de dez quilômetros ao redor da reserva torna-se área de amortecimento, ou seja, qualquer atividade que pretenda ser desenvolvida em fazendas situadas nesta localidade dependerá de autorização do ICMBio. Assim, toda a área protegida chegará a 246 mil hectares.

Conforme o projeto de criação, o Parque Nacional do Lavrado iniciará no lado esquerdo da BR-401, a partir da terra indígena Jabuti, e vai até a ponte da Conceição do Maú, na entrada do Município de Normandia.

O arrozeiro Genor Faccio foi quem descobriu que o "Plano B" - como ele mesmo chama -, estava em execução. Na quinta-feira, o produtor teve acesso ao projeto, contratou especialistas em mapas e convocou todas as pessoas afetadas pela medida para uma reunião.

Faccio é proprietário da fazenda Paraíso, instalada na Serra do Tucano, há nove anos. Parte de sua propriedade de 7 mil hectares, toda titulada, está situada dentro do parque e o restante está na faixa de amortecimento.

Lá, ele planta arroz irrigado, a mesma cultura que mantinha na terra indígena Raposa Serra do Sol, de onde foi retirado no ano passado, depois que a demarcação da reserva foi validada pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

"Já fui expulso uma vez e agora estou sendo enxotado pelo Chico Mendes. Chega de unidades de conservação e de terras indígenas no estado", ponderou.

A Folha registrou ontem uma reunião com cerca de 50 produtores da Serra do Tucano, realizada no Distrito Industrial. Produtores de milho e de soja, pecuaristas, piscicultores e representantes de diversas associações agrícolas prometem resistir a qualquer demarcação ambiental naquela localidade.

Genor Faccio disse que ontem pela manhã esteve reunido com o governador Anchieta Júnior, que teria garantido apoio aos produtores. O arrozeiro pediu ainda ao chefe do Executivo que crie uma lei proibindo a criação de novas unidades de conservação e de reservas indígenas.

Os produtores voltam a se reunir no próximo sábado, 26, em um bar na vila da Serra do Tucano, para discutir a questão. De lá devem sair estratégias que serão adotadas pelos produtores para evitar que sejam retirados de suas propriedades.

MILITARES - O Exército Brasileiro informou à Folha que tem conhecimento do projeto ambiental há pelo menos dois anos, mas que "não abrirá mão da área pleiteada nem de nenhuma outra".

ICMBIO - De acordo a assessoria de comunicação do Instituto Chico Mendes, o processo de criação do Parque Nacional do Lavrado ainda está na fase de estudos iniciais, com proposição de que seja criado na Serra do Tucano.

Diferente do que é apontado no projeto, o ICMBio informou a Folha que 75% da reserva ambiental ficará dentro da área do Exército Brasileiro. O restante, que abrangerá área particular, terá outra categoria de unidade de conservação, conhecida como monumento natural, ou seja, que permite a existência de posses no mesmo espaço.

"A população vai ser ouvida em consultas públicas. O instituto tem adotado a política de ouvir a comunidade, também com reuniões, conversas. Nunca iremos criar uma unidade sem que os moradores sejam consultados. Podemos fazer ajustes até que se chegue a uma proposta sem conflito", frisou o ICMBio.

http://www.folhabv.com.br/noticia.php?id=88937
 

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