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Crime na reserva: PF divulga retrato-falado de suspeito

27/02/2004

Autor: Cyneida Correia

Fonte: Folha de Boa Vista-Boa Vista-RR



A Polícia Federal divulgou ontem o retrato-falado de um dos garimpeiros suspeitos de ter assassinado a tiros o agente da Funai Valdes Marinho Lima, 39, índio da etnia Xerente. O fato aconteceu na reserva Yanomami, na segunda-feira, 23.

O suspeito é um homem de aproximadamente 38 anos, moreno, com barba, cabelos e olhos castanho-escuros. O retrato-falado foi divulgado após o depoimento dos funcionários da Funai, testemunhas do crime. A oitiva das testemunhas que estava sendo feita pela delegada federal Adriana de Araújo Corrêa terminou na manhã de ontem.

A PF já tem o nome completo de três dos cinco garimpeiros suspeitos de envolvimento no crime. Os nomes não foram divulgados, segundo a delegada Adriana, para não atrapalhar as investigações.

A ficha dos três suspeitos já está sendo averiguada pela Polícia Federal. Como a perseguição está sendo feita de forma continuada, se os acusados forem presos serão flagranteados no artigo 121, por homicídio qualificado.

Na manhã de ontem, cerca de 40 homens, deslocados da Polícia Federal em Manaus (AM) e Brasília, partiram para a região. Eles foram divididos em equipes que farão uma vasculha na selva em busca dos criminosos.

"Cada uma das equipes está sendo guiada por um policial federal de Roraima, que tem conhecimento da região e sabe onde ficam as possíveis rotas de fuga que podem ser usadas pelos garimpeiros. A Funai também enviou funcionários que estão nos apoiando nas buscas", explicou a delegada. A reserva indígena Yanomami, onde ocorreu o homicídio, fica localizada a noroeste de Roraima.

As equipes levaram alimentos suficientes para sobreviver vários dias na selva. Além do rancho, os federais estão com rações, um tipo de alimentação balanceada com nutrientes para fazer com que um soldado possa ficar em local isolado pelo máximo de tempo possível. As patrulhas permanecerão na região até que os suspeitos sejam localizados e presos.

"Os aviões e helicóptero farão o apoio logístico das equipes, se for necessário. Nossos policiais ficarão na selva até que os garimpeiros sejam encontrados e presos. Na reserva existem pistas clandestinas que serão usadas como base de apoio e temos condições de ficar vários dias no local", complementou a delegada.

A operação é chefiada na área pelo delegado Mauro Spósito, coordenador de Operações Especiais de Fronteira. A região aonde o crime ocorreu, no rio Couto Magalhães, próximo à maloca Paapiu, já foi mapeada. Uma equipe de agentes esteve no local, fez o mapeamento da região, ouviu os seis servidores da Funai sobreviventes, colheu impressão digital e fez a perícia.

O crime - O agente da Funai foi morto a tiros supostamente por garimpeiros que trabalhavam ilegalmente no rio Couto Magalhães, dentro da reserva.

Valdes e outros membros da equipe investigavam a presença de garimpeiros dentro da terra indígena, denunciada por líderes Yanomami durante Assembléia Geral dos Tuxauas, realizada pelo Conselho Indígena de Roraima (CIR), no mês passado.

Na versão divulgada oficialmente, a equipe da Funai, composta de sete servidores, chegou ao local onde se encontravam os garimpeiros, por volta das 18h do dia 22, e foi recebida a tiros por garimpeiros fortemente armados.

Os servidores revidaram, fazendo com que os garimpeiros fugissem, abandonando a draga onde trabalhavam. No dia seguinte, segunda-feira, por volta das 7h, os servidores que tinham permanecido na draga apreendida foram atacados pelos garimpeiros, que portavam armas de grosso calibre. Na ocasião, o servidor Valdes, que fazia a guarda, levou um tiro na região do tórax, disparado de espingarda calibre 12mm, falecendo em seguida.

Pegos de surpresa, os outros seis servidores fugiram para a maloca Paapiu em busca de socorro, de onde fizeram contato com o administrador da Funai em Boa Vista, Martinho Alves. O corpo de Valdes foi resgatado, na tarde de terça-feira, por agentes da Polícia Federal, e conduzido ao Instituto Médico Legal de Boa Vista.
 

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