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Plano de saúde yanomami está em debate

25/05/2004

Autor: MARILENA FREITAS

Fonte: Folha de Boa Vista-Boa Vista-RR



Lideranças Yanomami, representantes da Funasa (Fundação Nacional do Índio) e das organizações não governamentais (Ongs) que trabalham na saúde yanomami devem aprovar hoje o Plano Distrital de Saúde para área Yanomami para vigorar no segundo semestre deste ano e em 2005.
Eles estão reunidos desde ontem, no hotel Uiramutã, para apreciar o plano elaborado pela Funasa em parcerias com os representantes dos índios e das Ongs, que têm 17 ações a serem desenvolvidas.
As ações foram propostas durante as duas oficinas que ocorreram em 2003 e 2004, nas quais identificaram os principais problemas de saúde entre os índios.
O presidente do Conselho Distrital Yanomami, Arakona Yanomami, que vive no Paapiu Novo, disse que não é pertinente agora fazer críticas à Funasa, que voltou a coordenar a saúde indígena no Brasil. "Vamos aguardar a Funasa assumir", limitou-se a dizer, ao ressaltar que primeiro vai observar se ações desenvolvidas pela Funasa atende as expectativas dos índios.
Arakona afirmou que a Urihi, organização não governamental que atuará na área até o dia 30 de junho, fez um bom trabalho dentro da área. "Urihi é muito boa. Ela cuida bem da saúde dos índios", disse.
Participaram da reunião representantes da Urihi, Secoya (Sociedade dos Yanomami), que atua no rio Marauia e região Pandares, em Santa Isabel do Rio Negro, no Amazonas, IBDS (Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Sócio-ambiental), que atua rio Cauburis e Maia, em São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas, Diocese de Roraima, Meva (Missões Evangélicas do Amazonas) e MNTB (Missão Novas Tribos do Brasil, sendo os três últimos com atuação no Estado de Roraima. Todas as entidades prestam serviço à saúde indígena do povo Yanomami.
TRANSIÇÃO - Esse período que Urihi passará em área é para fazer a transição dos serviços de saúde para Funasa, que assumirá todos os funcionários da entidade que atuam em campo.
O presidente da Urihi, Cláudio Esteves, fez um balanço das atividades realizadas pela entidade e disse que ainda tem dúvidas sobre o futuro atendimento da Funasa aos índios.
Ele relembrou que no passado, na década de 90, a Funasa não teve estrutura para realizar o atendimento. "Para ser diferente, a mudança teria que ser profunda. As mesmas causas poderão provocar os mesmos efeitos e, infelizmente, as causas ainda são as mesmas", criticou.
Esteves ressaltou que se o plano a ser aprovado hoje for aplicado integralmente os resultados serão positivos. "O que tememos é que a Funasa tenha dificuldade na execução direta", reforçou.
Lembrou que a participação da Urihi na redução significativa de algumas doenças que acometiam os índios foi de grande importância durante o tempo em que estiveram em área.
"O resultado da parceria Funasa/Urihi foi positivo porque conseguimos reduzir em 60% a mortalidade infantil e em 99% o índice de malária, principal causa da morte dos yanomami", afirmou.
Disse que não interessa à Urihi ser parceira nas ações complementares, "sem ter o controle dos recursos". Ele informou que após o dia 30 de junho todos os funcionários da Urihi terão os contratos reincididos e, posteriormente, serão contratados pela Funasa.
FUNASA - O coordenador da Funasa, Ipojucan Carneiro, confirmou que todos os funcionários que prestam serviços à Urihi, trabalhando na área yanomami, serão absorvidos pela Funasa, por meio de um convênio com a Universidade de Brasília. Alguns que trabalhavam na cidade também serão aproveitados.
Explicou que essa é uma contratação temporária e que alguns direitos trabalhistas serão assegurados. Indagado se o salário seria reduzido, mantido ou reajustado, Carneiro respondeu que serão equiparados aos da administração pública. Isso possibilitará uma margem de reajuste, o qual não soube informar alegando que os ajustes ainda estão sendo feitos.
 

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