De Povos Indígenas no Brasil
Notícias
Produção em aldeia não funciona
02/03/2005
Fonte: Dourados Agora-Dourados-MS
Índios plantam soja em aldeias sem qualquer infra-estrutura
Produzir soja nas aldeias de Dourados é um negócio praticamente inviável se levar em conta os obstáculos que os índios precisam transpor para conseguir fazer o plantio. Ontem a reportagem conversou com o indígena Fábio Ramires, que aos 23 anos não desiste da atividade e aposta na persistência. "Há dois anos estou tentando ser agricultor", disse o caiuá, que é casado, pai de um filho e mora numa casa de três peças com outras nove pessoas.
Apesar de parecer impossível, o jovem indígena conseguiu plantar 12 hectares de soja na aldeia Bororó em Dourados. As terras são herança do pai, que cometeu suicido por falta de pers-pectivas. "Ele ficava desesperado com a falta de recursos e de apoio", relata ao afirmar que antes de iniciar o plantio por conta própria, as terras eram arrendadas por R$ 2,5 mil por safra. Mesmo com o dinheiro fácil e proibido do arrendamento, Ramires explica que ainda prefere plantar na própria terra.
Na safra desse ano, ele conta orgulhoso que investiu R$ 5,9 mil no plantio da soja. No entanto, revela que para semear a terra foi preciso se desfazer dos bens da família. "Vendi oito cabeças de vaca, uma moto 2003 e um cavalo", disse. Com a venda dos bens, Ramires disse que conseguiu com-prar sementes, adubo e veneno. Para fazer o plantio, o indígena explica que foi preciso trocar serviços. "Trabalhei para um amigo durante um mês para poder emprestar o trator. Depois, trabalhei mais um mês para os grandes fazendeiros para conseguir veneno para combater a ferrugem", explicou.
Ramires conta que só co-nheceu a Funai há cinco anos. "Pensei que nem existia mais", frisou ao afirmar que defende o "status" de assentamento rural para as aldeias indígenas. "Se as aldeias fossem assentamentos teríamos como conseguir financiamentos e assistência técnica. Hoje não temos nada disso", afirmou. Ramires ainda não sabe como vai fazer para colher a soja, mas avalia que a produção não será das piores. "Só dependemos de mais uma chuva para nos ajudar um pouco", disse esperançoso. (GC)
Produzir soja nas aldeias de Dourados é um negócio praticamente inviável se levar em conta os obstáculos que os índios precisam transpor para conseguir fazer o plantio. Ontem a reportagem conversou com o indígena Fábio Ramires, que aos 23 anos não desiste da atividade e aposta na persistência. "Há dois anos estou tentando ser agricultor", disse o caiuá, que é casado, pai de um filho e mora numa casa de três peças com outras nove pessoas.
Apesar de parecer impossível, o jovem indígena conseguiu plantar 12 hectares de soja na aldeia Bororó em Dourados. As terras são herança do pai, que cometeu suicido por falta de pers-pectivas. "Ele ficava desesperado com a falta de recursos e de apoio", relata ao afirmar que antes de iniciar o plantio por conta própria, as terras eram arrendadas por R$ 2,5 mil por safra. Mesmo com o dinheiro fácil e proibido do arrendamento, Ramires explica que ainda prefere plantar na própria terra.
Na safra desse ano, ele conta orgulhoso que investiu R$ 5,9 mil no plantio da soja. No entanto, revela que para semear a terra foi preciso se desfazer dos bens da família. "Vendi oito cabeças de vaca, uma moto 2003 e um cavalo", disse. Com a venda dos bens, Ramires disse que conseguiu com-prar sementes, adubo e veneno. Para fazer o plantio, o indígena explica que foi preciso trocar serviços. "Trabalhei para um amigo durante um mês para poder emprestar o trator. Depois, trabalhei mais um mês para os grandes fazendeiros para conseguir veneno para combater a ferrugem", explicou.
Ramires conta que só co-nheceu a Funai há cinco anos. "Pensei que nem existia mais", frisou ao afirmar que defende o "status" de assentamento rural para as aldeias indígenas. "Se as aldeias fossem assentamentos teríamos como conseguir financiamentos e assistência técnica. Hoje não temos nada disso", afirmou. Ramires ainda não sabe como vai fazer para colher a soja, mas avalia que a produção não será das piores. "Só dependemos de mais uma chuva para nos ajudar um pouco", disse esperançoso. (GC)
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