De Povos Indígenas no Brasil

News

Indígenas pedem que países suspendam importação de commodities brasileiras

05/07/2016

Fonte: Cimi- http://cimi.org.br



Cerca de 150 lideranças indígenas manifestaram-se na manhã desta terça (5) na avenida das nações, em Brasília (DF). Em diversas embaixadas, eles entregaram um documento denunciando os ataques de ruralistas contra seus direitos e solicitando aos estrangeiros que suspendam as importações de commodities brasileiras. Os indígenas pedem que os países importadores condicionem a compra de produtos do agronegócio brasileiro à mudança de postura dos ruralistas e de suas entidades representativas.

"Inicialmente, informamos as embaixadas as situações que os povos indígenas vêm sofrendo por causa do agronegócio. A exportação ajuda a financiar o agronegócio, então financia o genocídio dos nossos povos, a pistolagem que vem atacando e ferindo as nossas lideranças e financia de fato a morte dos nossos povos", afirma Kâhu Pataxó. "Então, viemos trazer essa informação e pedir que eles possam dialogar com o governo brasileiro e com as empresas em seus países, para que essas exportações que eles fazem tenham condicionantes: que elas não sejam feitas dentro de áreas indígenas, que não sejam oriundas dessa situação de massacre dos povos indígenas, para que a gente possa garantir a vida dos nossos povos".

Pela manhã, os indígenas visitaram as embaixadas de Portugal, Rússia, Estados Unidos, Países Baixos, Canadá, França e China. No documento protocolado junto às embaixadas, os povos originários denunciam os ataques dos ruralistas, articulados por meio da Frente Parlamentar Agropecuária (FPA) e do Instituto Pensar Agropecuária (IPA), contra seus direitos constitucionais. O ofício cita como exemplo desta articulação a recente Pauta Positiva 2016/2017 da FPA e do IPA, conjunto de reivindicações entregues ao vice-presidente Michel Temer ainda antes do afastamento de Dilma Rousseff.

Entre medidas como a descaracterização do trabalho escravo e a liberação da compra de terras para empresas com capital estrangeiro, as cerca de 38 organizações e entidades que compõem a FPA e o IPA reivindicam, num item chamado "Direito de Propriedade e Segurança Jurídica", a aprovação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 215 e a revisão das demarcações de terras indígenas, entre outras medidas contrárias aos direitos indígenas.

Os indígenas também denunciaram aos diplomatas os atentados que têm sido realizados contra comunidades e lideranças, como no caso do recente massacre de Caarapó. "Há uma organização muito bem estabelecida na condução desses ataques", afirmam no documento, citando a "incitação explícita ao ódio e ao uso da violência contra os povos indígenas feita por dois deputados federais expoentes membros da FPA".

"Vamos esperar as respostas mais tarde, mas começamos a divulgar o que acontece com a gente. Falta de respeito com nossos direitos, direitos indígenas, direito de ir e vir, direito à terra, direito de viver com tranquilidade dentro do seu território, a criminalização, os assassinatos, tudo está ficando impune e ninguém sabe. Colocando isso pra fora do Brasil, você tá mostrando a cara de como o Brasil trata os povos", afirma Maria Valdelice, cacique da Terra Indígena Tupinambá de Olivença.

"Não contribua para a continuidade do roubo de nossas terras, do aprisionamento e da morte de nossas lideranças", apelam os indígenas, ao final do documento que pede o estabelecimento de uma moratória para a importação de commodities agrícolas brasileiras.


Delegação em Brasília


O ato reuniu lideranças indígenas da delegação dos povos Pataxó, Tupinambá de Olivença, Tupinambá de Belmonte e Tumbalalá, os quais saíram de diferentes regiões da Bahia e devem permanecer durante toda esta semana em Brasília, e professores indígenas de todas as regiões do país, que estão em Brasília nesta semana para o Fórum Nacional de Educação Escolar Indígena.

Durante a semana, os indígenas da delegação vinda da Bahia realizarão diversas agendas em órgãos do Legislativo, do Judiciário e do Executivo. Apesar da predominância dos povos do sul, extremo sul e norte da Bahia na ação desta manhã, as reivindicações não foram apresentadas apenas em nome destes povos. "Como a gente é atingido e nossos parentes também, a gente fez um documento em nome de todos os povos, porque a dor dos nossos parentes é a nossa dor também", afirma Kâhu Pataxó.



http://cimi.org.br/site/pt-br/?system=news&conteudo_id=8805&action=read
 

The news items published by the Indigenous Peoples in Brazil site are researched daily from a variety of media outlets and transcribed as presented by their original source. ISA is not responsible for the opinios expressed or errors contained in these texts. Please report any errors in the news items directly to the source