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Pessoas indígenas representam menos de 1% da força de trabalho no Brasil, enfrentam preconceitos e ganham menos

13/08/2025

Fonte: Portal Amazonia - https://portalamazonia.com



Um estudo inédito da Diversitera, revela dados exclusivos sobre a população indígena no mercado formal de trabalho. Ele é fundamental, já que há um blecaute histórico ou incipiência de informações sobre esse agrupamento, além da complexidade de autodeclaração que os distorce, dificultando o destino de políticas públicas e privadas.

"Soa óbvio, mas é preciso dizer: a presença mais ou menos expressiva de indígenas nas organizações não quer dizer que eles não existam, tampouco que as empresas não devam apoiar essa população. Pelo contrário. É um compromisso ético e cidadão visibilizá-la e incluí-la e os dados podem ajudar", afirma Tamiris Hilário, especialista em Raça e Etnia da Diversitera.

Sabe-se que a população indígena no Brasil representa 0,83% dos brasileiros (IBGE), com mais de 250 etnias, cujos integrantes ocupam 0,9% da força de trabalho no país , de acordo com o relatório "Panorama da população indígena no mercado de trabalho formal brasileiro" da Diversitera. O estudo é baseado em pesquisas realizadas entre julho de 2022 e março de 2025, com uma amostra de 112.947 pessoas em 53 empresas de médio e grande porte, de mais de 17 segmentos de mercado, em diversas regiões do país.

Ele também afirma quase 61% dos profissionais indígenas ocupando funções operacionais, contra 29% da população branca em funções semelhantes. O contraste salta ao observarmos o acesso a cargos de liderança e tomada de decisão: há apenas 0,4% dos indígenas em cargos de média liderança, contra 72,6% de pessoas brancas; e apenas 0,3% na alta liderança, enquanto 85,2% destas vagas são ocupadas por pessoas brancas.

Pessoas indígenas enfrentam ainda discriminação no ambiente de trabalho. O relatório aponta que 22% dos profissionais já foram alvo ou testemunharam manifestações de preconceito no cotidiano , sendo 66% dos casos relacionados a questões como origem, práticas religiosas e características fenotípicas.

"O imaginário popular é ainda colonizado, isto é, repleto de vieses que ou romantizam ou barbarizam os indígenas, descolando-os das questões do dia a dia como o trabalho formal", diz Tamiris Hilário.

Outro dado alarmante é a disparidade salarial: os profissionais indígenas ganham, em média, 23% a menos que os brancos para desempenharem as mesmas funções, evidenciando um abismo de desigualdade no mercado de trabalho.

"Precisamos arquitetar novas práticas de inclusão de pessoas indígenas. As organizações têm condições de melhorar esses números fazendo-se perguntas chave: Já realizamos um censo de diversidade para constatar a presença ou ausência de indígenas na empresa? Estamos situados em regiões, no Brasil ou América Latina, com alto índice populacional de autodeclarados indígenas, consciente dessa característica do contexto? Promovemos conversas sobre raça e etnia, incluindo indígenas na pauta e colaborando no processo de autodeclaração dos colaboradores?

Temos como escopo de trabalho áreas que podem impactar comunidades indígenas diretamente, como o agronegócio, a mineração e os químicos? Apresentamos políticas de preservação que incluam o combate ao racismo ambiental? Investimos em desenvolvimento local, apoiando empreendedores e trabalhadores informais indígenas? Apostamos em talentos indígenas e apoiamos cotas raciais?", finaliza Tamiris.

Confira a pesquisa completa, aqui.

Indígenas e diversidade no mercado de trabalho
Além dos dados sobre a população indígena, a Diversitera também aponta desigualdades em outros grupos minorizados no mercado de trabalho brasileiro. Segundo levantamento, apenas 1,5% dos cargos de diretoria e gerência executiva são ocupados por pessoas com deficiência física, um número que reflete a exclusão desse grupo das posições de liderança nas empresas.

Pessoas com deficiência intelectual representam apenas 0,09% da força de trabalho empregada no Brasil, evidenciando a falta de oportunidades e de políticas eficazes para integrar esse grupo ao mercado de trabalho formal.

As mulheres, por sua vez, ocupam 35% dos cargos de alta liderança no Brasil, um número que, embora significativo, ainda está longe de refletir a paridade de gênero nas posições de decisão. Pessoas do sexo feminino também representam a maioria em funções elementares, sendo responsáveis por 70% da presença em cargos de serviços gerais, o que demonstra uma concentração da força de trabalho feminina em funções de menor poder e remuneração.

Outro dado preocupante revelado pela Diversitera é a representatividade das pessoas negras, que ocupam apenas 9,7% das lideranças de topo, uma porcentagem bem abaixo de sua participação na força de trabalho ativa brasileira que corresponde, segundo o IBGE, a 55,2%. Além disso, elas ocupam 55% da participação em serviços gerais, o que reforça a desigualdade racial no acesso a cargos de maior responsabilidade e remuneração.

*Com informações de Divesitera

https://portalamazonia.com/estados/indigenas-forca-de-trabalho/
 

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