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Falta de formação ambiental entre professores compromete ensino sobre o clima, avalia geógrafo da USP
08/10/2025
Autor: Adele Robichez, José Eduardo Bernardes e Larissa Bohrer
Fonte: Brasil de Fato - https://www.brasildefato.com.br/
Falta de formação ambiental entre professores compromete ensino sobre o clima, avalia geógrafo da USP
Wagner Ribeiro defende capacitação docente e critica impactos de modelos energéticos concentrados em grandes empresas
O geógrafo e professor da Universidade de São Paulo (USP) Wagner Ribeiro afirmou que a falta de formação específica dos professores compromete o ensino ambiental nas escolas brasileiras. A análise foi feita em entrevista ao Conexão BdF, da Rádio Brasil de Fato, a propósito da 6ª Conferência Nacional Infantojuvenil pelo Meio Ambiente, que começou nesta quarta-feira (8) com foco em políticas educacionais sobre biodiversidade e clima.
"Na grade do ensino fundamental, por exemplo, isso estaria distribuído em geografia e ciências. Mas, infelizmente, a partir da reforma do golpe do [ex-presidente Michel] Temer, pessoas que não têm formação nessas áreas têm até preferência para ministrar aula", criticou. Segundo Ribeiro, essa lacuna formativa impede a consolidação da chamada "educação para a sustentabilidade". "Nada melhor que capacitar os professores para que possamos ter uma geração com mais informação sobre esses temas tão fundamentais no mundo contemporâneo", defendeu.
O pesquisador também comentou o debate sobre a exploração de petróleo na Foz do Amazonas e defendeu alternativas energéticas menos agressivas, como a energia maré-motriz, solar e eólica. Porém, alertou que o atual modelo de geração "está montado em cima do grande capital que vem investir e acaba expulsando essas populações, com impactos seríssimos", o que, para ele, caracteriza "uma situação de racismo ambiental".
Ao tratar da expansão de data centers no Brasil, Ribeiro afirmou que a promessa de torná-los "verdes" esbarra no uso intensivo de água e na fragilidade da legislação. "Esses data centers são refrigerados à água, e é muita água que é usada, inclusive com evaporação. É uma água que entra no sistema e se perde", explicou, ressaltando que o país precisa ponderar os impactos ambientais antes de se tornar polo desse tipo de estrutura.
Sobre a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que ocorrerá em Belém (PA) em 2025, o professor defendeu a realização do evento na Amazônia e a popularização do debate climático no país. Um levantamento da Ipsos-Ipec indicou que 64% dos brasileiros aprovam a realização do evento Brasil, mas que 55% dos entrevistados se declaram "nada informados" sobre o evento. "É fundamental fazer esse evento em Belém, mas, ao mesmo tempo, é preciso popularizar essa discussão. Quanto mais falarmos, mais será necessário falar porque é bom que as pessoas tenham dúvidas. O duro é quando gera indiferença", opinou.
Ribeiro também elogiou a proposta do Ministério dos Povos Indígenas de incluir a demarcação de terras indígenas nas metas de redução de carbono. "Vários estudos mostram que o nível de conservação de uma terra indígena é superior, inclusive, às unidades de conservação. Nós temos que aprender com eles, para adiar o fim do mundo, como diz [Ailton] Krenak", destacou.
https://www.brasildefato.com.br/2025/10/08/falta-de-formacao-ambiental-entre-professores-compromete-ensino-sobre-o-clima-avalia-geografo-da-usp/
Wagner Ribeiro defende capacitação docente e critica impactos de modelos energéticos concentrados em grandes empresas
O geógrafo e professor da Universidade de São Paulo (USP) Wagner Ribeiro afirmou que a falta de formação específica dos professores compromete o ensino ambiental nas escolas brasileiras. A análise foi feita em entrevista ao Conexão BdF, da Rádio Brasil de Fato, a propósito da 6ª Conferência Nacional Infantojuvenil pelo Meio Ambiente, que começou nesta quarta-feira (8) com foco em políticas educacionais sobre biodiversidade e clima.
"Na grade do ensino fundamental, por exemplo, isso estaria distribuído em geografia e ciências. Mas, infelizmente, a partir da reforma do golpe do [ex-presidente Michel] Temer, pessoas que não têm formação nessas áreas têm até preferência para ministrar aula", criticou. Segundo Ribeiro, essa lacuna formativa impede a consolidação da chamada "educação para a sustentabilidade". "Nada melhor que capacitar os professores para que possamos ter uma geração com mais informação sobre esses temas tão fundamentais no mundo contemporâneo", defendeu.
O pesquisador também comentou o debate sobre a exploração de petróleo na Foz do Amazonas e defendeu alternativas energéticas menos agressivas, como a energia maré-motriz, solar e eólica. Porém, alertou que o atual modelo de geração "está montado em cima do grande capital que vem investir e acaba expulsando essas populações, com impactos seríssimos", o que, para ele, caracteriza "uma situação de racismo ambiental".
Ao tratar da expansão de data centers no Brasil, Ribeiro afirmou que a promessa de torná-los "verdes" esbarra no uso intensivo de água e na fragilidade da legislação. "Esses data centers são refrigerados à água, e é muita água que é usada, inclusive com evaporação. É uma água que entra no sistema e se perde", explicou, ressaltando que o país precisa ponderar os impactos ambientais antes de se tornar polo desse tipo de estrutura.
Sobre a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que ocorrerá em Belém (PA) em 2025, o professor defendeu a realização do evento na Amazônia e a popularização do debate climático no país. Um levantamento da Ipsos-Ipec indicou que 64% dos brasileiros aprovam a realização do evento Brasil, mas que 55% dos entrevistados se declaram "nada informados" sobre o evento. "É fundamental fazer esse evento em Belém, mas, ao mesmo tempo, é preciso popularizar essa discussão. Quanto mais falarmos, mais será necessário falar porque é bom que as pessoas tenham dúvidas. O duro é quando gera indiferença", opinou.
Ribeiro também elogiou a proposta do Ministério dos Povos Indígenas de incluir a demarcação de terras indígenas nas metas de redução de carbono. "Vários estudos mostram que o nível de conservação de uma terra indígena é superior, inclusive, às unidades de conservação. Nós temos que aprender com eles, para adiar o fim do mundo, como diz [Ailton] Krenak", destacou.
https://www.brasildefato.com.br/2025/10/08/falta-de-formacao-ambiental-entre-professores-compromete-ensino-sobre-o-clima-avalia-geografo-da-usp/
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