De Povos Indígenas no Brasil
Notícias
Povo Apurinã desenvolve manejo do pirarucu no Amazonas com apoio da Funai
29/10/2025
Fonte: Funai - https://www.gov.br
Nas margens do rio Purus, na Terra Indígena (TI) Itixi Mitari, localizado no município de Beruri (AM), o povo Apurinã realiza o projeto "Manejo Sustentável Participativo do Pirarucu". A Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) é a principal parceira do projeto. A presidenta da autarquia indigenista, Joenia Wapichana, cumpriu agenda na região, no domingo (26) e na segunda-feira (27), juntamente com a equipe técnica e conheceu o trabalho desenvolvido pelos indígenas.
O projeto de manejo do pirarucu, que beneficia 254 famílias do povo Apurinã, é realizado há 11 anos pela Associação do Povo Indígena Apurinã da Terra Indígena Itixi Mitari (Apiati), pela Organização Movimento Indígena Beruri (Omib) e pela Associação das Mulheres Indígenas Trabalhadoras da Terra Grande (AMITTG). A Funai oferece apoio logístico, técnico e financeiro e acompanha todo o manejo do pirarucu, por meio da Coordenação Regional em Manaus (CR-MAO) e da Coordenação-Geral de Atividades Produtivas (CGAP), vinculada à Diretoria de Gestão Ambiental e Territorial (Digat).
Proteção ambiental e territorial
A presidenta da Funai, Joenia Wapichana, reforçou que o projeto une autonomia, economia, sustentabilidade, boas práticas e proteção territorial. "Ao desenvolverem este projeto do piraruru, os povos Apurinã realizam ainda a vigilância da Terra Indígena Itixi Mitari, ajudando os órgãos de fiscalização no combate aos invasores", ressaltou.
Para ela, não é apenas um projeto sobre economia, mas uma boa prática de proteção ambiental e territorial, sendo um modelo e exemplo para outras comunidades. "E a Funai, está aqui para ser parceria e para reforçar as práticas sustentáveis dos povos indígenas, feitas com autonomia dessas populações e em prol da proteção territorial", complementou Joenia Wapichana.
O coordenador regional da Funai em Manaus, Emilson Lima, destacou que o projeto é realizado inteiramente pela comunidade, de forma organizada com apoio técnico e financeiro da Funai.
"O projeto vem crescendo anualmente. Os Apurinã sofriam muito com insegurança alimentar e invasões territoriais e, com ajuda da Funai no assessoramento técnico e financeiro, eles puderam fazer mais um evento, com pesca, manejo, venda e ainda garantem a segurança alimentar das famílias da TI Itixi Mitari. E, hoje, podem falar com alegria que conseguem comer com fartura aquilo que eles mesmo produzem", afirmou Emilson.
O chefe do Serviço de Gestão Ambiental e Territorial (Segat) da CR Manaus, Mário Stélio Rodrigues, lembrou que o projeto iniciou para minimizar as invasões e aumentar a produção de peixes no território indígena. "Quando iniciamos o projeto aqui junto com o povo Apurinã, logo eles perceberam que seria uma das soluções para as problemáticas que eles já enfrentavam. Hoje, eles produzem muito além de pirarucu, como outras espécies de peixes como o tambaqui, além de contribuir com a flora dentro da terra indígena, e especialmente para uma melhoria na vigilância do território", disse.
Agenda
No domingo (26), primeiro dia de agenda da presidenta da Funai e técnicos da autarquia indigenista, os Apurinã realizaram, na aldeia Santa Rita, da Terra Indígena Itixi Mitari, apresentações culturais como forma de recepção e acolhida, além de uma reunião das organizações indígenas locais do povo Apurinã com os representantes da Funai. No sábado (27), os indígenas apresentaram a prática da pesca tradicional do pirarucu no rio Purus.
O coordenador da Apiati, Mateus Apurinã, ressaltou que o manejo tem ainda uma importância de preservação cultural. "Aqui, estamos passando essa cultura do manejo do pirarucu dos mais velhos para os mais jovens. Com isso, a comunidade pode ter uma renda para sustentar as suas famílias e o que comer com qualidade. Vale lembrar que estamos ainda mantendo a vigilância da nossa terra e do nosso rio. E a Funai está sendo uma importante parceira em todo esse processo", pontuou.
Manejo sustentável do pirarucu
O projeto de Manejo Sustentável Participativo do Pirarucu faz parte do Plano de Gestão Territorial e Ambiental (PGTA), desenvolvido pela comunidade em parceria com a Funai. A prática acontece durante o período de estiagem, quando o rio Purus reduz a quantidade de água e favorece a pesca tradicional. Este ano, durante 30 dias, está previsto o manejo, desde a pesca, a limpeza, o acondicionamento, o transporte e até mesmo a comercialização de 1.070 pirarucus.
A monitora do projeto, Rosa Caldas, afirmou que o resultado de tantos pescados é o reflexo de um trabalho feito em conjunto com todos os membros da comunidade e com apoio da Funai.
"Aqui são todos envolvidos, jovens, meninos, meninas, adultos e até mesmo os mais velhos da comunidade. E com tantos peixes, só mostra o potencial da nossa terra indígena, e é por isso que buscamos cada vez mais ter vigilância e soberania alimentar, para que não falte comida em nossas mesas e nem trabalho para o nosso povo", disse.
Xiricari Apurinã, coordenador do manejo do pirarucu da TI Itixi Mitari, ressaltou que todo trabalho é para que a pesca do pirarucu nunca acabe e beneficie cada vez mais a comunidade.
"Depois do projeto, vimos o bem-estar da comunidade. Existe uma participação de grande parte da comunidade. Eles esperam sempre pelo período do manejo porque é daqui que eles tiram o sustento da família e ainda contribuem para uma alimentação de qualidade na mesa do nosso povo", explicou.
O mesmo projeto acontece da TI Lago do Aiapuá, do povo Mura, também no Amazonas, onde está previsto o manejo de 330 pirarucus.
O objetivo geral do projeto é garantir a melhoria da qualidade de vida das populações indígenas, recuperar os estoques naturais da espécie de pirarucu e de outros peixes, valorizar o conhecimento tradicional e a cultura dos povos, além de coibir a pesca ilegal de pirarucu e de outras espécies nas áreas indígenas.
Apurinã
Os Apurinãs são um dos povos indígenas que habitam a região amazônica, pertencentes ao tronco linguístico Arawak. Sua autodenominação é "Popákéra", que significa "gente verdadeira", enquanto o termo "Apurinã" foi atribuído por outras etnias. Hoje, eles estão localizados, principalmente, no estado do Amazonas, ao longo dos rios Purus e Acre.
PGTA
O PGTA é a principal ferramenta de implementação da Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental de Terras Indígenas (Pngati). Os Planos de Gestão Territorial e Ambiental de Terras Indígenas visam à valorização do patrimônio material e imaterial indígena, à recuperação, à conservação e ao uso sustentável dos recursos naturais, assegurando a melhoria da qualidade de vida e as condições plenas de reprodução física e cultural das atuais e futuras gerações indígenas.
Os PGTAs devem expressar o protagonismo, a autonomia e a autodeterminação dos povos na negociação e no estabelecimento de acordos internos que permitam o fortalecimento da proteção e do controle territorial, bem como ser um subsídio que oriente a execução de políticas públicas voltadas para os povos indígenas.
https://www.gov.br/funai/pt-br/assuntos/noticias/2025/povo-apurina-desenvolve-manejo-do-pirarucu-no-amazonas-com-apoio-da-funai
O projeto de manejo do pirarucu, que beneficia 254 famílias do povo Apurinã, é realizado há 11 anos pela Associação do Povo Indígena Apurinã da Terra Indígena Itixi Mitari (Apiati), pela Organização Movimento Indígena Beruri (Omib) e pela Associação das Mulheres Indígenas Trabalhadoras da Terra Grande (AMITTG). A Funai oferece apoio logístico, técnico e financeiro e acompanha todo o manejo do pirarucu, por meio da Coordenação Regional em Manaus (CR-MAO) e da Coordenação-Geral de Atividades Produtivas (CGAP), vinculada à Diretoria de Gestão Ambiental e Territorial (Digat).
Proteção ambiental e territorial
A presidenta da Funai, Joenia Wapichana, reforçou que o projeto une autonomia, economia, sustentabilidade, boas práticas e proteção territorial. "Ao desenvolverem este projeto do piraruru, os povos Apurinã realizam ainda a vigilância da Terra Indígena Itixi Mitari, ajudando os órgãos de fiscalização no combate aos invasores", ressaltou.
Para ela, não é apenas um projeto sobre economia, mas uma boa prática de proteção ambiental e territorial, sendo um modelo e exemplo para outras comunidades. "E a Funai, está aqui para ser parceria e para reforçar as práticas sustentáveis dos povos indígenas, feitas com autonomia dessas populações e em prol da proteção territorial", complementou Joenia Wapichana.
O coordenador regional da Funai em Manaus, Emilson Lima, destacou que o projeto é realizado inteiramente pela comunidade, de forma organizada com apoio técnico e financeiro da Funai.
"O projeto vem crescendo anualmente. Os Apurinã sofriam muito com insegurança alimentar e invasões territoriais e, com ajuda da Funai no assessoramento técnico e financeiro, eles puderam fazer mais um evento, com pesca, manejo, venda e ainda garantem a segurança alimentar das famílias da TI Itixi Mitari. E, hoje, podem falar com alegria que conseguem comer com fartura aquilo que eles mesmo produzem", afirmou Emilson.
O chefe do Serviço de Gestão Ambiental e Territorial (Segat) da CR Manaus, Mário Stélio Rodrigues, lembrou que o projeto iniciou para minimizar as invasões e aumentar a produção de peixes no território indígena. "Quando iniciamos o projeto aqui junto com o povo Apurinã, logo eles perceberam que seria uma das soluções para as problemáticas que eles já enfrentavam. Hoje, eles produzem muito além de pirarucu, como outras espécies de peixes como o tambaqui, além de contribuir com a flora dentro da terra indígena, e especialmente para uma melhoria na vigilância do território", disse.
Agenda
No domingo (26), primeiro dia de agenda da presidenta da Funai e técnicos da autarquia indigenista, os Apurinã realizaram, na aldeia Santa Rita, da Terra Indígena Itixi Mitari, apresentações culturais como forma de recepção e acolhida, além de uma reunião das organizações indígenas locais do povo Apurinã com os representantes da Funai. No sábado (27), os indígenas apresentaram a prática da pesca tradicional do pirarucu no rio Purus.
O coordenador da Apiati, Mateus Apurinã, ressaltou que o manejo tem ainda uma importância de preservação cultural. "Aqui, estamos passando essa cultura do manejo do pirarucu dos mais velhos para os mais jovens. Com isso, a comunidade pode ter uma renda para sustentar as suas famílias e o que comer com qualidade. Vale lembrar que estamos ainda mantendo a vigilância da nossa terra e do nosso rio. E a Funai está sendo uma importante parceira em todo esse processo", pontuou.
Manejo sustentável do pirarucu
O projeto de Manejo Sustentável Participativo do Pirarucu faz parte do Plano de Gestão Territorial e Ambiental (PGTA), desenvolvido pela comunidade em parceria com a Funai. A prática acontece durante o período de estiagem, quando o rio Purus reduz a quantidade de água e favorece a pesca tradicional. Este ano, durante 30 dias, está previsto o manejo, desde a pesca, a limpeza, o acondicionamento, o transporte e até mesmo a comercialização de 1.070 pirarucus.
A monitora do projeto, Rosa Caldas, afirmou que o resultado de tantos pescados é o reflexo de um trabalho feito em conjunto com todos os membros da comunidade e com apoio da Funai.
"Aqui são todos envolvidos, jovens, meninos, meninas, adultos e até mesmo os mais velhos da comunidade. E com tantos peixes, só mostra o potencial da nossa terra indígena, e é por isso que buscamos cada vez mais ter vigilância e soberania alimentar, para que não falte comida em nossas mesas e nem trabalho para o nosso povo", disse.
Xiricari Apurinã, coordenador do manejo do pirarucu da TI Itixi Mitari, ressaltou que todo trabalho é para que a pesca do pirarucu nunca acabe e beneficie cada vez mais a comunidade.
"Depois do projeto, vimos o bem-estar da comunidade. Existe uma participação de grande parte da comunidade. Eles esperam sempre pelo período do manejo porque é daqui que eles tiram o sustento da família e ainda contribuem para uma alimentação de qualidade na mesa do nosso povo", explicou.
O mesmo projeto acontece da TI Lago do Aiapuá, do povo Mura, também no Amazonas, onde está previsto o manejo de 330 pirarucus.
O objetivo geral do projeto é garantir a melhoria da qualidade de vida das populações indígenas, recuperar os estoques naturais da espécie de pirarucu e de outros peixes, valorizar o conhecimento tradicional e a cultura dos povos, além de coibir a pesca ilegal de pirarucu e de outras espécies nas áreas indígenas.
Apurinã
Os Apurinãs são um dos povos indígenas que habitam a região amazônica, pertencentes ao tronco linguístico Arawak. Sua autodenominação é "Popákéra", que significa "gente verdadeira", enquanto o termo "Apurinã" foi atribuído por outras etnias. Hoje, eles estão localizados, principalmente, no estado do Amazonas, ao longo dos rios Purus e Acre.
PGTA
O PGTA é a principal ferramenta de implementação da Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental de Terras Indígenas (Pngati). Os Planos de Gestão Territorial e Ambiental de Terras Indígenas visam à valorização do patrimônio material e imaterial indígena, à recuperação, à conservação e ao uso sustentável dos recursos naturais, assegurando a melhoria da qualidade de vida e as condições plenas de reprodução física e cultural das atuais e futuras gerações indígenas.
Os PGTAs devem expressar o protagonismo, a autonomia e a autodeterminação dos povos na negociação e no estabelecimento de acordos internos que permitam o fortalecimento da proteção e do controle territorial, bem como ser um subsídio que oriente a execução de políticas públicas voltadas para os povos indígenas.
https://www.gov.br/funai/pt-br/assuntos/noticias/2025/povo-apurina-desenvolve-manejo-do-pirarucu-no-amazonas-com-apoio-da-funai
As notícias publicadas no site Povos Indígenas no Brasil são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos .Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.