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COP30: Funai defende etnoturismo com autonomia e protagonismo das comunidades indígenas

13/11/2025

Fonte: Funai - https://www.gov.br



A Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) reforçou seu papel na gestão territorial e ambiental das terras indígenas, além da defesa de um etnoturismo responsável. Foi nesta quinta-feira (13), durante o lançamento do Mapeamento do Turismo em Comunidades Indígenas no Brasil, realizado pelo Ministério do Turismo (Mtur), na Zona Verde da COP30, em Belém (PA).

A iniciativa é uma parceria do Mtur com a Funai e o Ministério dos Povos Indígenas (MPI). O documento apresenta um diagnóstico das iniciativas de turismo e experiências ofertadas por comunidades em diferentes biomas e reúne diversos conteúdos de etnoturismo elaborados por povos indígenas de todo o país e ajuda a consolidar o Brasil como referência no turismo responsável em territórios indígenas.

Durante o lançamento, a presidenta da Funai, Joenia Wapichana, destacou a contribuição estratégica do órgão no fornecimento de dados sobre terras indígenas, ressaltando o potencial do etnoturismo para alinhar a conservação da Amazônia com o desenvolvimento cultural, a geração de renda e a orientação sobre boas práticas de governança indígena, riscos e impactos.

Segundo Joenia, essa compilação de dados visa ampliar o Mapa Brasileiro do Turismo Responsável do MTur e contribui para fortalecer uma rede de turismo sustentável e culturalmente rico, sempre com a concordância dos envolvidos e o respeito à consulta livre, prévia e informada, conforme rege a Convenção 169 da OIT.

Autonomia indígena
A Funai enfatizou seu papel central na defesa dos direitos dos povos indígenas e na orientação das iniciativas de visitação. A atuação da autarquia é balizada pelo princípio de que o etnoturismo só deve ocorrer se houver garantia da autonomia e do protagonismo das comunidades.

A presidenta Joenia Wapichana ressaltou que, atualmente, a Funai acompanha experiências em mais de 120 terras indígenas, prestando apoio vital em normatização e segurança jurídica, orientando a elaboração de protocolos comunitários de visitação, e no fortalecimento local, por meio de cursos de gestão territorial e capacitação de jovens indígenas para atuarem como guias turísticos. O objetivo, segundo a presidenta, é assegurar a proteção territorial e a salvaguarda do patrimônio cultural imaterial. "A Funai tem atuado como indutora de iniciativas de etnoturismo, garantindo que as experiências respeitem, principalmente, a autonomia e o protagonismo dos povos indígenas e as suas comunidades", ressaltou.

Conheça a Instrução Normativa da Funai sobre atividades de visitação para fins turísticos em terras indígenas

Gestão ambiental e territorial
A Funai defende que o etnoturismo depende da segurança territorial e que, a gestão ambiental e territorial das terras indígenas reforça a salvaguarda do patrimônio cultural e material. "É a garantia da demarcação de terras indígenas que consolida o território, permitindo que as comunidades possam exercer sua autonomia, desenvolver protocolos comunitários de visitação e investir em atividades sustentáveis como o etnoturismo, que evita pressões predatórias como grilagem e garimpo, garantindo a integridade social e ambiental do povo", reforçou a presidenta.

Etnoturismo e o combate à crise climática
A escolha da COP30 para lançar o mapeamento demonstra que o etnoturismo é uma alternativa econômica que contribui para a agenda climática. Ao gerar renda de forma sustentável e de baixo impacto, o etnoturismo incentiva as comunidades a manterem a floresta em pé.

De acordo com a presidenta da Funai, nos territórios indígenas a taxa de desmatamento é, em média, 5 vezes menor que em áreas externas e a atividade, ao criar um valor econômico para a preservação cultural e ambiental, reforça a vigilância contra pressões predatórias. "É importante reconhecer o etnoturismo como aliado de primeira ordem no combate à crise climática, além de ter um forte caráter educativo, transformando o turista em um embaixador da causa indígena e do manejo tradicional da floresta", afirmou.

Fortalecimento cultural
Durante o lançamento do estudo, Joenia Wapichana ainda destacou que o etnoturismo, quando conduzido pelas comunidades, contribui significativamente para o fortalecimento da memória, valorizando a língua, os rituais, a culinária e os conhecimentos tradicionais.

Economias circulares e regenerativas têm sido geradas, com comunidades registrando um aumento médio de 15% a 40% na renda local em períodos de alta visitação. Este intercâmbio direto, segundo a presidenta, é fundamental para o enfrentamento ao racismo e a desconstrução de estereótipos. "O que a gente defende é que o etnoturismo seja um instrumento de fortalecimento cultural, e não um produto de mercado. Que gere dignidade econômica, sem ferir a identidade e as decisões das comunidades", reforçou a presidenta da Funai.

Abano do Clima
Para valorizar a cultura indígena e sua conexão com o meio ambiente, a presidenta da Funai apresentou a ação interativa Abano do Clima, uma iniciativa da autarquia indigenista realizada no Espaço da Biodiversidade, na Zona Verde da COP30.

A Funai adquiriu 5 mil abanos produzidos por indígenas ou suas organizações de todos os biomas brasileiros, por meio de chamamento público. Além de contribuir para dar visibilidade à importância das terras indígenas, a iniciativa é também um incentivo à geração de renda das comunidades indígenas.

Os abanos são produzidos em fibras vegetais, sem partes de origem animal, com cor natural ou com pinturas elaboradas a partir de tinturas naturais, respeitando os modos de fazer dos diferentes povos indígenas do Brasil. A cada abano entregue, o artesão indígena recebeu um valor unitário de R$ 99,00.

Para adquirir os abanos, os visitantes precisam assistir a um vídeo de temática indígena e preencher a um formulário no Espaço da Biodiversidade. Os artefatos indígenas são distribuídos das 11h às 12h e das 16h às 17h em todos os dias do evento até 21 de novembro.

https://www.gov.br/funai/pt-br/assuntos/noticias/2025/cop-30-funai-defende-etnoturismo-com-autonomia-e-protagonismo-das-comunidades-indigenas
 

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