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Da infância marcada por Belo Monte à tribuna global: a trajetória que levou Rayane Xipaia à plenária da COP30
18/11/2025
Fonte: InfoAmazonia - https://www.amazoniavox.com
A jovem ativista Rayane Xipaia, 23 anos, começou a entender que seu território enfrentava ameaças socioambientais muito cedo. Vinda do município de Altamira, no Médio Xingu do Pará, era criança quando seu pai a chamou para dar uma olhada no que seria o último verão no rio, antes da construção da usina hidrelétrica de Belo Monte.
Hoje, ela é internacionalista e estudante de mestrado em Direitos Humanos da Universidade Federal do Pará (UFPA) e representou as Organizações dos Povos Indígenas (IPO) na plenária de abertura da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), na semana passada.
Com um discurso construído coletivamente pelas organizações de povos indígenas, Rayane criticou a falta de compromisso e ambição das Partes que levaram ao ponto de não-retorno e atentou para as ameaças aos povos indígenas. Para ela, foi uma surpresa ser apontada pelo movimento para ser a representante. "Quando isso aconteceu, de forma muito respeitosa com a opinião e com as decisões de todos os indígenas que compõem o caucus, isso para mim foi uma grata surpresa", diz.
A mensagem denunciava a exploração em várias frentes, como petróleo e mineração e mostrava como isso afeta os territórios. "Foi na realidade um grito, um pedido de ajuda, de que olhem os povos indígenas. Não adianta ter um discurso tão bonito dentro de salas de negociação e, na prática, estar destruindo a natureza e matando nossos parentes", denuncia. Nesta semana, ela espera ver as recomendações dos povos indígenas, especialmente nos textos referentes à transição justa.
Aos oito anos, despedia-se do rio que conhecia
Seu engajamento começou aos oito anos, quando a usina hidrelétrica de Belo Monte se instalou, na região do Xingu. "Veio um questionamento meu de criança de tentar entender por que de repente tudo tinha mudado. Como, do nada, uma cidade tão pacata, da noite para o dia, cresce? De repente tem muita gente entrando nas áreas rurais, na aldeia e em outras tantas outras áreas? Como de repente todo o fluxo do rio, tudo que a gente conhece, vai mudar?", perguntava-se.
Na época, seu pai a levou para ver seu último verão como conhecia. "Ele me disse: estou te levando para a gente subir todas as praias, todas as ilhas que a gente visitou durante sua infância, porque eu quero que tu te lembre", conta.
Crescendo com revolta e dúvidas na cabeça - em suas próprias palavras - Rayane passou, ao longo dos anos, a refletir sobre a pauta indígena a nível nacional e global e, quando chegou a vez de escolher um curso universitário, escolheu Relações Internacionais, para entender essa dinâmica política que envolve os territórios indígenas. "A decisão não foi nada assim muito espiritual, só fiz uma pesquisa na internet com o que eu buscava em um curso e uma das opções foi relações internacionais. Daí, eu vi que também era uma brecha ainda dentro do movimento indígena, já que tinha poucos na área", compartilha.
Há cerca de cinco anos, ela se engajou com o Instituto fundado por Juma Xipaia, liderança de seu povo. "Pensar na minha terra realmente me fortalece muito para poder estar aqui. Muitas famílias passaram por esse processo de desapropriação por Belo Monte, sejam indígenas ou não. Meu pai disse que meu avô falava que um dia a gente ia atravessar da beirada de um rio a outro a pé e ele não acreditava nisso", declara.
Para combater esse cenário, Rayane acredita que as políticas públicas precisam chegar a esses espaços e torce para que esta seja uma COP da implementação, para que medidas globais possam refletir em melhorias para as terras indígenas. "Acredito que todas as COPs são as COPs da esperança. A gente precisa ter esperança para estar nesse lugar e confiar que o trabalho de todos aqui também pode avançar positivamente dentro disso", reflete.
A cobertura especial do Amazônia Vox na COP30 tem o apoio da Fundação Itaú, Roche e Tereos.
https://www.amazoniavox.com/noticias/view/521/da_infancia_marcada_por_belo_monte_a_tribuna_global_a_trajetoria_que_levou_rayane_xipaia_a_plenaria_da_cop30
Hoje, ela é internacionalista e estudante de mestrado em Direitos Humanos da Universidade Federal do Pará (UFPA) e representou as Organizações dos Povos Indígenas (IPO) na plenária de abertura da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), na semana passada.
Com um discurso construído coletivamente pelas organizações de povos indígenas, Rayane criticou a falta de compromisso e ambição das Partes que levaram ao ponto de não-retorno e atentou para as ameaças aos povos indígenas. Para ela, foi uma surpresa ser apontada pelo movimento para ser a representante. "Quando isso aconteceu, de forma muito respeitosa com a opinião e com as decisões de todos os indígenas que compõem o caucus, isso para mim foi uma grata surpresa", diz.
A mensagem denunciava a exploração em várias frentes, como petróleo e mineração e mostrava como isso afeta os territórios. "Foi na realidade um grito, um pedido de ajuda, de que olhem os povos indígenas. Não adianta ter um discurso tão bonito dentro de salas de negociação e, na prática, estar destruindo a natureza e matando nossos parentes", denuncia. Nesta semana, ela espera ver as recomendações dos povos indígenas, especialmente nos textos referentes à transição justa.
Aos oito anos, despedia-se do rio que conhecia
Seu engajamento começou aos oito anos, quando a usina hidrelétrica de Belo Monte se instalou, na região do Xingu. "Veio um questionamento meu de criança de tentar entender por que de repente tudo tinha mudado. Como, do nada, uma cidade tão pacata, da noite para o dia, cresce? De repente tem muita gente entrando nas áreas rurais, na aldeia e em outras tantas outras áreas? Como de repente todo o fluxo do rio, tudo que a gente conhece, vai mudar?", perguntava-se.
Na época, seu pai a levou para ver seu último verão como conhecia. "Ele me disse: estou te levando para a gente subir todas as praias, todas as ilhas que a gente visitou durante sua infância, porque eu quero que tu te lembre", conta.
Crescendo com revolta e dúvidas na cabeça - em suas próprias palavras - Rayane passou, ao longo dos anos, a refletir sobre a pauta indígena a nível nacional e global e, quando chegou a vez de escolher um curso universitário, escolheu Relações Internacionais, para entender essa dinâmica política que envolve os territórios indígenas. "A decisão não foi nada assim muito espiritual, só fiz uma pesquisa na internet com o que eu buscava em um curso e uma das opções foi relações internacionais. Daí, eu vi que também era uma brecha ainda dentro do movimento indígena, já que tinha poucos na área", compartilha.
Há cerca de cinco anos, ela se engajou com o Instituto fundado por Juma Xipaia, liderança de seu povo. "Pensar na minha terra realmente me fortalece muito para poder estar aqui. Muitas famílias passaram por esse processo de desapropriação por Belo Monte, sejam indígenas ou não. Meu pai disse que meu avô falava que um dia a gente ia atravessar da beirada de um rio a outro a pé e ele não acreditava nisso", declara.
Para combater esse cenário, Rayane acredita que as políticas públicas precisam chegar a esses espaços e torce para que esta seja uma COP da implementação, para que medidas globais possam refletir em melhorias para as terras indígenas. "Acredito que todas as COPs são as COPs da esperança. A gente precisa ter esperança para estar nesse lugar e confiar que o trabalho de todos aqui também pode avançar positivamente dentro disso", reflete.
A cobertura especial do Amazônia Vox na COP30 tem o apoio da Fundação Itaú, Roche e Tereos.
https://www.amazoniavox.com/noticias/view/521/da_infancia_marcada_por_belo_monte_a_tribuna_global_a_trajetoria_que_levou_rayane_xipaia_a_plenaria_da_cop30
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