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Museu Nacional dos Povos Indígenas lança filmes dirigidos por indígenas do Acre e servidores da Funai na COP30

21/11/2025

Fonte: Funai - https://www.gov.br



O Festival de Cinema Ecos da Terra lançou dois filmes dirigidos por indígenas do Acre e por servidores do Museu Nacional dos Povos Indígenas (MNPI), órgão científico-cultural da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai). As exibições de lançamento aconteceram nos dias 15 e 16 de novembro, no Museu da Imagem e do Som (MIS), em Belém (PA), durante a COP30.

O festival ocorreu de 13 a 19 de novembro em conjunto com a 10ª Mostra de Cinema da Amazônia e foi realizado pelo MNPI em parceria com a Mekaron Filmes, o Instituto Cultural Amazônia Brasil e o Museu da Pessoa. O evento contou com o apoio da Secretaria de Cultura do Estado do Pará.

Lançamentos

Um dos filmes lançados foi "Katxa nawa: cantar para o crescer das plantas", produzido em parceria com o povo indígena Huni Kui. O documentário aborda o ritual "Katxa nawa", realizado para chamar vitalidade e fertilidade para os plantios, para a caça e para o povo Huni Kui~.

O outro lançamento foi o filme "Nosso alimento, nosso jeito de viver Madiha", uma produção em parceria com o povo Madiha Kulina que aborda a alimentação e os modos de vida do povo Madiha.

Ambos os povos envolvidos na produção dos filmes fazem parte da Terra Indígena (TI) Alto Rio Purus, no estado do Acre, na Amazônia brasileira.

Valorização do cinema indígena

A diretora do MNPI/Funai, Juliana Tupinambá, destacou a importância do fomento e valorização da produção audiovisual indígena pelo órgão indigenista em espaços como a COP30. "O cinema indígena é uma flecha lançada de sabedoria das nossas ancestralidades, é uma ferramenta de luta. Com ele, a gente fortalece nossa memória e nossa identidade. É fundamental podermos fomentar projetos e políticas culturais junto aos territórios, garantindo participação indígena em todas as etapas desse processo", ressaltou.

O produtor do filme "Katxa nawa: cantar para o crescer das plantas", Ixã Huni Kui, explicou que o documentário fez parte da sua pesquisa. Ele contou que foi emocionante ver o trabalho exibido durante a COP30. "A gente fez esse filme para o futuro. Quando nossos netos verem, eles vão pensar: 'aquela memória não vai acabar, vai ficar ali para sempre'. E, assim, vamos continuar registrando e contando as histórias e costumes do nosso povo Huni Kui", refletiu.

A especialista em indigenismo do MNPI/Funai e uma das diretoras dos filmes, Thayná Ferraz, explicou que as produções buscam destacar a importância dos povos indígenas como mantenedores da floresta em pé e do clima. "A ciência indígena e suas práticas milenares de manejo e enriquecimento da biodiversidade precisam ser valorizadas e reconhecidas. Os povos indígenas estão na linha de frente da manutenção do clima e da vida na Terra. Precisamos valorizar isso em forma de políticas públicas participativas nas áreas de saúde, educação e cultura", defendeu.

As sessões contaram com a participação de produtores e diretores indígenas do estado do Acre. Indígenas de diferentes povos do Acre, do sul do Amazonas e do noroeste de Rondônia também participaram do lançamento dos filmes.

Katxa nawa

O documentário "Katxa nawa: cantar para o crescer das plantas", de 72 minutos, foi dirigido por Jorge Naxima Huni Kui~, Maria de Fátima Pai Huni Kui~, Thayná Ferraz, Alice Riff, contando com co-direção de Els Lagrou.

As gravações foram realizadas na aldeia Huni Kui~ Mae Shane Kayta, também conhecida como Nova Fronteira, da Terra Indígena Alto Rio Purus, no Acre, retratando a produção e a realização de uma festa tradicional do povo Huni Kui.

O filme mostra a luta do agente agroflorestal indígena Jorge Naxima para manter suas sementes originárias e seus rituais que chamam a fertilidade dos plantios e da caça, além de fortalecerem a cultura do povo Huni Kui~.

O povo Huni Kui é falante da língua Pano e originário da Amazônia, na fronteira entre o Brasil e o Peru. No Brasil, os Huni Kui vivem no estado do Acre. "Huni" significa "gente" e "kui" quer dizer "verdadeiro".

Madiha Kulina

O documentário "Nosso alimento, nosso jeito de viver Madiha" foi dirigido por Francisco Kulina, Daima Kulina, Thayná Ferraz, Alice Riff, e contou com co-direção de Genoveva Amorim e Felipe Cerqueira.

As gravações aconteceram na Terra Indígena Alto Rio Purus e retratou a produção e a realização da festa tradicional Ahie do povo Madiha-Kulina, que também vive no Acre, os quais são conhecidos pela força de seus cantos e seus amplos conhecimentos xamânicos.

O documentário de 75 minutos traz uma mensagem de resistência por manterem sua cultura, seus plantios, além de mostrar a relação deles com a floresta e com a alimentação tradicional.

"Esse filme é muito importante para a gente. É profundo, mexe espiritualmente, porque foi pensando no futuro das nossas gerações, das nossas crianças. A gente quis mostrar para elas que a gente está aqui para salvar nossas florestas e nossa humanidade. Estamos aqui para trazer as demandas do povo Madiha Kulina, para a gente viver com saúde nos nossos territórios", conta Talita Kulina, produtora do filme.

Os Madiha-Kulina são um povo indígena pertencente à família linguística Arawá. Eles vivem nos estados do Acre, na região de Alto Rio Purus e rio Envira, e no Amazonas, no médio e baixo rio Juruá. A autodenominação do grupo é "Madiha", que significa "os que são gente".

Mostra

A programação do Festival de Cinema Ecos da Terra aconteceu entre os dias 13 e 19 de novembro. O Festival se propôs a convidar o Brasil e o mundo a enxergarem o cinema como território, um espaço para "aldear o futuro", em que a arte e a palavra promovem a justiça climática e a esperança.

Com mais de 30 sessões audiovisuais, o festival buscou ainda retratar narrativas que destacam a força, a diversidade e a sabedoria dos povos indígenas - protagonistas de um modo de pensar que equilibra os conhecimentos ancestrais e as inovações.

Inspirado pelos debates da COP30, o Festival propôs uma reflexão sobre os vários papéis que os povos indígenas exercem na defesa da vida e dos territórios, mostrando que onde há floresta em pé, há futuro possível. Suas histórias falam de resistência, cultura e inovação, apresentando caminhos para uma economia na qual progresso e preservação caminham lado a lado.

A programação do Festival contou, também, com filmes premiados como "A Queda do Céu", "Terra Doente", "Minha Terra Estrangeira", "Amazônia: a nova minamata?", com debates com as lideranças e cineastas indígenas como Ixã Huni Kui, Talita Kulina, Kamikia Kisedje, Takumã Kuikuro, Almir Suruí, Txai Suruí.

Houve ainda a exibição do documentário "Estética da Diversidade - 70 anos do Museu Nacional dos Povos Indígenas", dirigido e roteirizado pelo servidor da Funai Rodolpho Villanova Machado. O filme retrata os 70 anos do MNPI, localizado no Rio de Janeiro (RJ).

MNPI

O Museu Nacional dos Povos Indígenas é responsável pela política de preservação e divulgação do patrimônio cultural dos povos indígenas no Brasil, tendo sob sua guarda um significativo conjunto de bens culturais de natureza arquivística, museológica e bibliográfica sobre esses povos.

O acervo etnográfico da instituição reúne mais de 20 mil objetos contemporâneos que são expressões da cultura material de mais de 150 povos indígenas brasileiros. Suas origens remontam à década de 1940 e se estendem à atualidade, tendo em vista a crescente participação indígena nos processos para salvaguarda do patrimônio cultural e a constante incorporação de novas coleções obtidas junto a comunidades de todo o país.

https://www.gov.br/funai/pt-br/assuntos/noticias/2025/museu-nacional-dos-povos-indigenas-lanca-filmes-dirigidos-por-indigenas-do-acre-e-servidores-da-funai-na-cop30
 

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