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Ibama vai continuar destruindo o garimpo ilegal, afirma presidente do órgão
22/11/2025
Autor: Waldick Júnior
Fonte: A Critica - https://www.acritica.com
Presidente do Ibama disse que respeita a atuação da DPE mas que continuará a destruir as balsas usadas no garimpo ilegal nos rios da Amazônia
O presidente do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Rodrigo Agostinho, disse que o órgão fiscalizador vai manter o uso de explosivos para inutilização das balsas de garimpo nos rios amazônicos. A fala é uma resposta à Defensoria Pública do Amazonas (DPE-AM), que pediu à justiça a suspensão do uso de bombas, em setembro, após uma operação federal.
"O Ibama tem um respeito, um carinho muito grande pela Defensoria. Trabalhamos junto com eles em muitos estados. Mas, essa recomendação não será acatada pelo Ibama. O Ibama vai continuar destruindo o garimpo ilegal. O Ibama vai continuar atuando onde precisa", disse Rodrigo Agostinho para A CRÍTICA.
Rodrigo defendeu que a atuação do Ibama está no centrada no combate ao garimpo para proteção do ecossistema amazônico, e lembrou que a atividade ilegal é uma das principais formas de contaminação dos peixes por mercúrio, animais muito consumidos na região Norte.
"O garimpo não paga imposto. O garimpo deixa um rastro de destruição. A gente está perdendo biodiversidade, qualidade da água dos nossos rios. Enquanto o agente localizar garimpo ilegal em áreas federais, em rios, em terras indígenas, o Ibama vai continuar destruindo essas áreas de garimpo ilegal", afirmou o presidente.
Ele destacou que o Ibama não é contrário à mineração feita legalmente, e ressaltou, inclusive que "é uma atividade econômica importante, regulada". Para o presidente do órgão, o problema está no garimpo feito longe dessas condições. "Em alguns lugares, é feito até mesmo com mão de obra análoga à escravidão".
Contexto
No início de setembro, após operações da Polícia Federal e Ibama com explosões de balsas no rio Madeira, a DPE-AM entrou com uma ação para pedir à justiça a suspensão do protocolo de inutilização das embarcações.
No dia 11 do mesmo mês, o ministro Francisco Falcão negou a solicitação, entendendo que o tema é complexo e merece mais debate no curso da ação antes da decisão final. Posteriormente, em 15 de setembro, após novas operações no rio Madeira, a DPE fez um novo pedido à justiça. Ainda não há nova decisão.
A posição da Defensoria é que o combate ao garimpo ilegal é legítimo e necessário para a proteção ambiental, mas o órgão entende que o uso de explosivos impacta o direito à moradia dos ribeirinhos, expõe famílias inteiras ao desabrigo, insegurança alimentar e ruptura de vínculos comunitários.
No pedido à Justiça, a DPE classificou o uso de explosivos como "desproporcional" e "irrazoável". Também alertou sobre impactos causados à população local. Dentre eles, efeitos colaterais contra crianças e idosos, danos ambientais adicionais, risco contra a vida, ineficácia ao longo prazo, impacto social e humanitário sobre os mais pobres, aumento dos confrontos e violência, ausência de alternativas, violação do devido processo legal e aumento da miséria e exclusão social.
A ação no rio Madeira também recebeu críticas na Assembleia Legislativa do Amazonas (ALE-AM). No dia 16 de setembro, vários deputados se revessaram com discursos contrários à operação e defendendo a legalização do garimpo. Os parlamentares afirmaram que a ação colocou em risco o meio ambiente e a saúde da população que acompanhava, nas proximidades, as celebrações do Dia de Nossa Senhora das Dores, padroeira de Manicoré.
"Eu não sou a favor do garimpo ilegal. Eu sou a favor da gente legalizar e trazer oportunidades para a população do nosso estado. Eu sou a favor que a gente possa construir uma lei e que possam trabalhar de forma legal. Mas da forma que está hoje, esses eventos que estão acontecendo, nós temos que repudiar. Porque esse protocolo da PF de chegar e explodir, vai chegar uma hora que vai acontecer uma tragédia", disse o presidente da ALE-AM, Roberto Cidade, à época.
BR-319
Em julho, os Ministérios do Meio Ambiente e dos Transportes assinaram um acordo para elaborar um plano socioambiental que viabilize a recuperação da BR-319. A medida, embora apresentada pelo governo como uma solução para avançar com a estrada, é lida por críticos como uma forma de adiar a resposta para essa demanda.
Rodrigo Agostinho ressaltou que o plano vai ser importante para que não aconteça na BR-139 o que se viu em outras estradas da região: o aumento do desmatamento para abertura de ramais, exploração ilegal de recursos naturais e a pecuária.
"O que a gente quer é esse plano de governança. Isso não entrou na licença prévia. Hoje o Ibama não está analisando a licença de instalação, porque ainda não foi solicitada. O Dnit está fazendo os estudos. Quando eles entregarem, o Ibama vai analisar", ressaltou o presidente do Ibama.
O presidente do Ibama pontuou que o plano será essencial para a avaliação da recuperação da estrada e que o órgão irá trabalhar para que "se consiga ter algum equilíbrio entre o desenvolvimento e a sustentabilidade".
https://www.acritica.com/amazonia/ibama-vai-continuar-destruindo-o-garimpo-ilegal-afirma-presidente-do-org-o-1.389602
O presidente do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Rodrigo Agostinho, disse que o órgão fiscalizador vai manter o uso de explosivos para inutilização das balsas de garimpo nos rios amazônicos. A fala é uma resposta à Defensoria Pública do Amazonas (DPE-AM), que pediu à justiça a suspensão do uso de bombas, em setembro, após uma operação federal.
"O Ibama tem um respeito, um carinho muito grande pela Defensoria. Trabalhamos junto com eles em muitos estados. Mas, essa recomendação não será acatada pelo Ibama. O Ibama vai continuar destruindo o garimpo ilegal. O Ibama vai continuar atuando onde precisa", disse Rodrigo Agostinho para A CRÍTICA.
Rodrigo defendeu que a atuação do Ibama está no centrada no combate ao garimpo para proteção do ecossistema amazônico, e lembrou que a atividade ilegal é uma das principais formas de contaminação dos peixes por mercúrio, animais muito consumidos na região Norte.
"O garimpo não paga imposto. O garimpo deixa um rastro de destruição. A gente está perdendo biodiversidade, qualidade da água dos nossos rios. Enquanto o agente localizar garimpo ilegal em áreas federais, em rios, em terras indígenas, o Ibama vai continuar destruindo essas áreas de garimpo ilegal", afirmou o presidente.
Ele destacou que o Ibama não é contrário à mineração feita legalmente, e ressaltou, inclusive que "é uma atividade econômica importante, regulada". Para o presidente do órgão, o problema está no garimpo feito longe dessas condições. "Em alguns lugares, é feito até mesmo com mão de obra análoga à escravidão".
Contexto
No início de setembro, após operações da Polícia Federal e Ibama com explosões de balsas no rio Madeira, a DPE-AM entrou com uma ação para pedir à justiça a suspensão do protocolo de inutilização das embarcações.
No dia 11 do mesmo mês, o ministro Francisco Falcão negou a solicitação, entendendo que o tema é complexo e merece mais debate no curso da ação antes da decisão final. Posteriormente, em 15 de setembro, após novas operações no rio Madeira, a DPE fez um novo pedido à justiça. Ainda não há nova decisão.
A posição da Defensoria é que o combate ao garimpo ilegal é legítimo e necessário para a proteção ambiental, mas o órgão entende que o uso de explosivos impacta o direito à moradia dos ribeirinhos, expõe famílias inteiras ao desabrigo, insegurança alimentar e ruptura de vínculos comunitários.
No pedido à Justiça, a DPE classificou o uso de explosivos como "desproporcional" e "irrazoável". Também alertou sobre impactos causados à população local. Dentre eles, efeitos colaterais contra crianças e idosos, danos ambientais adicionais, risco contra a vida, ineficácia ao longo prazo, impacto social e humanitário sobre os mais pobres, aumento dos confrontos e violência, ausência de alternativas, violação do devido processo legal e aumento da miséria e exclusão social.
A ação no rio Madeira também recebeu críticas na Assembleia Legislativa do Amazonas (ALE-AM). No dia 16 de setembro, vários deputados se revessaram com discursos contrários à operação e defendendo a legalização do garimpo. Os parlamentares afirmaram que a ação colocou em risco o meio ambiente e a saúde da população que acompanhava, nas proximidades, as celebrações do Dia de Nossa Senhora das Dores, padroeira de Manicoré.
"Eu não sou a favor do garimpo ilegal. Eu sou a favor da gente legalizar e trazer oportunidades para a população do nosso estado. Eu sou a favor que a gente possa construir uma lei e que possam trabalhar de forma legal. Mas da forma que está hoje, esses eventos que estão acontecendo, nós temos que repudiar. Porque esse protocolo da PF de chegar e explodir, vai chegar uma hora que vai acontecer uma tragédia", disse o presidente da ALE-AM, Roberto Cidade, à época.
BR-319
Em julho, os Ministérios do Meio Ambiente e dos Transportes assinaram um acordo para elaborar um plano socioambiental que viabilize a recuperação da BR-319. A medida, embora apresentada pelo governo como uma solução para avançar com a estrada, é lida por críticos como uma forma de adiar a resposta para essa demanda.
Rodrigo Agostinho ressaltou que o plano vai ser importante para que não aconteça na BR-139 o que se viu em outras estradas da região: o aumento do desmatamento para abertura de ramais, exploração ilegal de recursos naturais e a pecuária.
"O que a gente quer é esse plano de governança. Isso não entrou na licença prévia. Hoje o Ibama não está analisando a licença de instalação, porque ainda não foi solicitada. O Dnit está fazendo os estudos. Quando eles entregarem, o Ibama vai analisar", ressaltou o presidente do Ibama.
O presidente do Ibama pontuou que o plano será essencial para a avaliação da recuperação da estrada e que o órgão irá trabalhar para que "se consiga ter algum equilíbrio entre o desenvolvimento e a sustentabilidade".
https://www.acritica.com/amazonia/ibama-vai-continuar-destruindo-o-garimpo-ilegal-afirma-presidente-do-org-o-1.389602
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