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Povo Ingarikó rejeita criação de parques e ecoturismo no Monte Roraima

23/11/2000

Fonte: Cimi-Brasília-DF



O povo indigena Ingariko rejeitou a proposta do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaveis (Ibama) em construir, nos limites do Monte Roraima, uma unidade de apoio e fiscalizacao as atividades de ecoturismo. A decisao foi tomada na 3AA Assembleia Geral do Povo Ingariko, de 6 a 8 de novembro, na maloca Serra do Sol, em Roraima. No documento os indios destacam que o Monte Roraima e uma parte sagrada de seu territorio, um simbolo fortemente ligado a sua identidade etnica. "E inadmissivel para nos a violacao deste ambiente mistico e 'moradia eterna de nossos ancestrais'".

O Monte Roraima tem 2.875 metros de altitude. E o quarto ponto mais alto do pais e esta localizado na Serra de Pacaraima, ao norte de Roraima, na divisa da Guiana com a Venezuela. Em 1989 o Ibama instituiu o Parque Nacional do Monte Roraima provocando a sobreposicao da unidade de conservacao na terra indigena. O Ibama quer transformar o local em ponto turistico, mas para os indios a proposta de construcao de uma unidade de apoio e prova de que o orgao ambiental "insiste em fomentar a exploracao economica das riquezas naturais e do patrimonio cultural dos povos da Terra Indigena Raposa/Serra do Sol". Os Ingariko afirmam que toda e qualquer atividade proposta devera ser discutida apos a homologacao da area, protelada desde 1998.

Os indios consideram que a decisao do Ibama e isolada e arbitraria, pois desconsidera a posicao dos indios e ignora a presenca e a ocupacao das populacoes nos dominios do Monte Roraima. Ha pouco tempo a comunidade indigena, com cerca de 900 pessoas, foi convidada a participar de uma oficina sobre a exploracao turistica da regiao, declarando, nesta ocasiao, nao aceitar a atividade.

O Conselho Indigena de Roraima (CIR) encaminhou a decisao dos Ingariko a Funai, Procuradoria da Republica, Ibama, ministerios da Justica e do Meio Ambiente, solicitando providencias para a garantia e protecao dos direitos culturais, tradicionais, territoriais e de crenca religiosa "contra qualquer atividade que esteja na iminencia de causar danos as
comunidades da Raposa/Serra do Sol".

A Diocese de Roraima aprovou, em Assembleia, uma nota de repudio a criacao do Parque Nacional Monte Roraima (em 1989) e ao Parque Nacional Serra da Mocidade (em 1998), na terra indigena Yanomami, no mesmo Estado.

A Diocese de Roraima afirma que os parques nacionais tornam as comunidades prisioneiras em seu proprio habitat e legitimam o roubo das terras e das riquezas das florestas e lavrados de Roraima atraves da liberacao do acesso de pessoas estranhas a cultura indigena com risco de proliferacao de doencas. "Nao passa tambem de mais uma estrategia para inviabilizar a homologacao da Terra Indigena Raposa/Serra do Sol", afirma o documento da 14AA Assembleia Regional Diocesana de Evangelizacao da Diocese de Roraima.
 

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