De Povos Indígenas no Brasil
Notícias
PF assume investigação de morte de índia
28/06/2008
Fonte: O Globo, O País, p. 14
PF assume investigação de morte de índia
Xavante de 16 anos, muda e paraplégica, foi empalada num abrigo no DF; Polícia Civil suspeita de índios
Jailton de Carvalho
A Polícia Federal vai assumir a investigação da morte da índia xavante que sofreu violência sexual no Distrito Federal. A informação é do ministro da Justiça, Tarso Genro. A índia Jaiya Pewewiio Tfiruipi Xavante, de 16 anos, foi estuprada, empalada e morta enquanto estava hospedada na Casa de Apoio à Saúde Indígena (Casai) no Gama, cidade-satélite de Brasília. Jaiya teve os órgãos internos perfurados por um objeto pontiagudo introduzido pela vagina e pelo ânus.
- A PF vai investigar rigorosamente e, quando estiver pronto o processo, levará ao Ministério Público e à Justiça para que a punição devida e compatível com a barbárie que o crime representa seja dada - disse o ministro.
0 ministro Tarso Genro lamentou o fato de este não ser o primeiro caso de violência contra índios:
- Lamentavelmente, a violência contra os indígenas não é novidade. Talvez a novidade seja o grau de violência e barbárie individual de alguns delitos. Um deles ocorreu aqui em Brasília também, há pouco tempo. Temos de trabalhar, não só para manter e aprofundar a qualidade de política indigenista, que o governo está desenvolvendo, como para desenvolver o trabalho técnico da PF, para dar punições exemplares para delitos como esse.
A Polícia Civil do Distrito Federal, até agora responsável pela investigação do caso, suspeita que Jaiya foi morta por um ou mais índios que estavam hospedados na mesma casa de apoio. 0 delegado Antônio Romeiro, da 2ª Delegacia de Polícia, trabalha com a hipótese de a adolescente ter sido vítima de um sacrifício. Jaiya, que teve meningite na infância, era muda e usava cadeira de rodas. 0 delegado disse que vai consultar antropólogos para saber se, entre os xavantes, é comum o assassínio de parentes com alguma deficiência física.
- Vamos conversar com um especialista - disse ele.
As suspeitas sobre o envolvimento de índios na morte de Jaiya surgiram depois dos primeiros interrogatórios. Em depoimento à polícia, a mãe da adolescente, Carmelita, e a tia, Maria Imaculada Xavante, disseram que Jaiya não sofreu qualquer agressão.
Mas o laudo do Instituto Médico-Legal (IML) informa que Jaiya foi morta de forma bárbara, com requintes de crueldade. Os peritos constataram "vestígios de violência sexual provocado por objeto contundente, introduzido no ânus e na vagina da indígena. 0 objeto, de acordo com o laudo, perfurou o baço, estômago e diafragma da vítima, causando infecção generalizada", diz nota da Polícia Civil.
No dia do crime, 60 índios estavam no abrigo
0 delegado Antônio Romeiro já interrogou alguns índios e, agora, pretende ouvir os demais hóspedes da Casai. Muitos deles já retornaram às aldeias. Romeiro vai chamá-los para depor em Brasília. Se não quiserem vir, o delegado disse
que pode fazer os interrogatórios nas próprias aldeias.
Jaiya começou a reclamar de dores na barriga na terça-feira. No dia seguinte morreu com forte hemorragia, logo depois de ser internada em estado grave no Hospital Universitário de Brasília. Ela estava hospedada desde 28 de maio na Casai com a mãe, Carmelita, e a tia, Maria Imaculada.
No dia do empalamento, aproximadamente 60 índios estava hospedados na Casai. Jaiya estava em Brasília para fazer tratamento médico no Hospital Sarah Kubitschek. A adolescente morava na aldeia São Pedro, no município de Campinápolis, Mato Grosso.
Foi a Fundação Nacional de Saúde (Funasa), autarquia do Ministério da Saúde responsável pela manutenção da Casai, que denunciou o assassinato à Polícia Federal. Inicialmente, a PF informou que, como se trata de um crime comum, as investigações seriam de competência da Polícia Civil. A ordem para a PF entrar nas investigações teve de partir do ministro Tarso Genro.
Também estavam em Brasília duas outras filhas de Carmelita. Jaiya foi atacada entre 24 horas e 48 horas antes de ser socorrida e, nesse período ficou na Casai, o que reforça a suspeita de que a violência, inclusive sexual, foi cometida por outros índios. 0 corpo de Jaiya seguiu para o enterro em Mato Grosso.
O Globo, 28/06/2008, O País, p. 14
Xavante de 16 anos, muda e paraplégica, foi empalada num abrigo no DF; Polícia Civil suspeita de índios
Jailton de Carvalho
A Polícia Federal vai assumir a investigação da morte da índia xavante que sofreu violência sexual no Distrito Federal. A informação é do ministro da Justiça, Tarso Genro. A índia Jaiya Pewewiio Tfiruipi Xavante, de 16 anos, foi estuprada, empalada e morta enquanto estava hospedada na Casa de Apoio à Saúde Indígena (Casai) no Gama, cidade-satélite de Brasília. Jaiya teve os órgãos internos perfurados por um objeto pontiagudo introduzido pela vagina e pelo ânus.
- A PF vai investigar rigorosamente e, quando estiver pronto o processo, levará ao Ministério Público e à Justiça para que a punição devida e compatível com a barbárie que o crime representa seja dada - disse o ministro.
0 ministro Tarso Genro lamentou o fato de este não ser o primeiro caso de violência contra índios:
- Lamentavelmente, a violência contra os indígenas não é novidade. Talvez a novidade seja o grau de violência e barbárie individual de alguns delitos. Um deles ocorreu aqui em Brasília também, há pouco tempo. Temos de trabalhar, não só para manter e aprofundar a qualidade de política indigenista, que o governo está desenvolvendo, como para desenvolver o trabalho técnico da PF, para dar punições exemplares para delitos como esse.
A Polícia Civil do Distrito Federal, até agora responsável pela investigação do caso, suspeita que Jaiya foi morta por um ou mais índios que estavam hospedados na mesma casa de apoio. 0 delegado Antônio Romeiro, da 2ª Delegacia de Polícia, trabalha com a hipótese de a adolescente ter sido vítima de um sacrifício. Jaiya, que teve meningite na infância, era muda e usava cadeira de rodas. 0 delegado disse que vai consultar antropólogos para saber se, entre os xavantes, é comum o assassínio de parentes com alguma deficiência física.
- Vamos conversar com um especialista - disse ele.
As suspeitas sobre o envolvimento de índios na morte de Jaiya surgiram depois dos primeiros interrogatórios. Em depoimento à polícia, a mãe da adolescente, Carmelita, e a tia, Maria Imaculada Xavante, disseram que Jaiya não sofreu qualquer agressão.
Mas o laudo do Instituto Médico-Legal (IML) informa que Jaiya foi morta de forma bárbara, com requintes de crueldade. Os peritos constataram "vestígios de violência sexual provocado por objeto contundente, introduzido no ânus e na vagina da indígena. 0 objeto, de acordo com o laudo, perfurou o baço, estômago e diafragma da vítima, causando infecção generalizada", diz nota da Polícia Civil.
No dia do crime, 60 índios estavam no abrigo
0 delegado Antônio Romeiro já interrogou alguns índios e, agora, pretende ouvir os demais hóspedes da Casai. Muitos deles já retornaram às aldeias. Romeiro vai chamá-los para depor em Brasília. Se não quiserem vir, o delegado disse
que pode fazer os interrogatórios nas próprias aldeias.
Jaiya começou a reclamar de dores na barriga na terça-feira. No dia seguinte morreu com forte hemorragia, logo depois de ser internada em estado grave no Hospital Universitário de Brasília. Ela estava hospedada desde 28 de maio na Casai com a mãe, Carmelita, e a tia, Maria Imaculada.
No dia do empalamento, aproximadamente 60 índios estava hospedados na Casai. Jaiya estava em Brasília para fazer tratamento médico no Hospital Sarah Kubitschek. A adolescente morava na aldeia São Pedro, no município de Campinápolis, Mato Grosso.
Foi a Fundação Nacional de Saúde (Funasa), autarquia do Ministério da Saúde responsável pela manutenção da Casai, que denunciou o assassinato à Polícia Federal. Inicialmente, a PF informou que, como se trata de um crime comum, as investigações seriam de competência da Polícia Civil. A ordem para a PF entrar nas investigações teve de partir do ministro Tarso Genro.
Também estavam em Brasília duas outras filhas de Carmelita. Jaiya foi atacada entre 24 horas e 48 horas antes de ser socorrida e, nesse período ficou na Casai, o que reforça a suspeita de que a violência, inclusive sexual, foi cometida por outros índios. 0 corpo de Jaiya seguiu para o enterro em Mato Grosso.
O Globo, 28/06/2008, O País, p. 14
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