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Senadores não veem falta de convite como ofensa

25/03/2010

Fonte: Folha de Boa Vista - http://www.folhabv.com.br/




A Folha procurou ontem os três senadores roraimenses e o governador Anchieta Júnior para comentar a declaração dada pelo CIR (Conselho Indígena de Roraima) de que Augusto Botelho (PT), Mozarildo Cavalcanti (PTB) e Romero Jucá (PMDB), assim como Anchieta, não fariam parte da lista de convidados da entidade para a festa indígena a ser realizada na comunidade de Maturuca, durante a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a Roraima no próximo dia 19 de abril.

A assessoria de Comunicação do CIR informou à Folha que eles não serão convidados por terem sido contra a homologação da terra indígena Raposa Serra do Sol de forma contínua. "Se eles quiserem participar, terão que pedir credenciamento como as demais autoridades, e a autorização será analisada pela comissão organizadora do evento, formada por coordenadores e lideranças da Raposa Serra do Sol", explicou a assessoria.

Ainda conforme o CIR, os políticos podem ir à comunidade compondo a comitiva do presidente, mas a entidade "não vai se responsabilizar pelo o que eles podem ouvir ou passar dentro da comunidade".

Mozarildo Cavalcanti (PTB) disse que quando alguém faz uma festa pode convidar quem quiser. "Só vou a uma festa quando sou convidado, nem quando era curumim [criança] ia a festas de enxerido", comentou o senador.

Entretanto, segundo ele, quando tiver que entrar na área indígena para assuntos de interesse do Estado, o fará sem dar satisfações para quem quer que seja. "Isso é assegurado pela Constituição e em julgados do Supremo Tribunal Federal. E entendo como ameaça o fato de o conselho dizer que não se responsabiliza pelo que aconteceria lá dentro caso comparecesse e vou analisar com cautela para tomar as medidas que achar necessárias", frisou.

O parlamentar salientou ter considerado desnecessárias as declarações do CIR com relação à lista de convidados. "Bastava informar quem havia sido convidado. E, ainda assim, mesmo que fosse convidado não iria, porque eles convidaram uma pessoa que é um insulto a Roraima, o presidente Lula", concluiu.

Já o senador Augusto Botelho disse que o CIR está em seu direito de convidar apenas quem quer para o festejo. "A casa é deles, e podem convidar quem quiserem. Não recebo como ofensa e nem pretendo pedir credenciamento. Respeito a opinião deles e só gostaria de participar de festejos desse tipo quando todos tiverem satisfeitos, tanto os que foram postos para fora de suas casas, quanto os que foram beneficiados com a decisão. Quando tiver uma solução humana para os problemas, vamos participar, por enquanto, não faço questão", ponderou.

Por outro lado, o parlamentar reafirmou seu compromisso com as comunidades indígenas e lembrou que nos últimos sete anos trouxe uma série de recursos para a população indígena no Estado. "Trouxemos recursos para a compra de matrizes ovinas e bovinas, transferência de tecnologias para o melhoramento e multiplicação de mandioca nas reservas, recursos para plantio de feijão, para várias regiões, entre elas as terras indígenas São Marcos e Raposa Serra do Sol", salientou.

Para o senador Romero Jucá, a declaração tem caráter político-partidário. "A informação que tenho é que essa declaração foi dada pelo Júlio Macuxi, que é pré-candidato a deputado federal. E acredito que essa questão não pode ser partidarizada. Fico tranquilo de ir a qualquer comunidade indígena porque defendi o tempo todo uma solução de entendimento que pacificasse a solução. Infelizmente fui voto vencido. A questão da comitiva do presidente é prerrogativa dele próprio e não do CIR", analisou. Para o parlamentar, o CIR estaria desconhecendo que foi ajudado em diversas oportunidades. "Inclusive no tocante à saúde indígena. Por isso, lamento a postura da entidade e acho que eles, agindo assim, só contribuem para ampliar os discursos de quem foi contra a homologação", reforçou.

Procurado pela equipe de reportagem, o governador Anchieta Júnior informou, por meio de sua assessoria de comunicação, que, até o momento, o governo não recebeu nenhum comunicado oficial da vinda do presidente Lula a Roraima. "Se ele efetivamente vier, o governador cumprirá o papel constitucional de bem recebê-lo no Estado", afirmou a assessoria.

http://www.folhabv.com.br/fbv/noticia.php?id=82811
 

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