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Autoridades e rituais "batizam" observatório solar indígena

19/08/2010

Fonte: UEMS - http://www.uems.br




A Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul inaugurou no dia 19/06 na Aldeia Jaguapiru, o primeiro observatório solar indígena instalado em uma escola indígena do País. Participaram da inauguração os caciques terena e guarani, sr. Guilherme e sr. Getúlio; a Secretária da Educação, Marlene Miranda Vasconcelos; o chefe de posto da Funai, Marcos Pereira; o vice-reitor da UEMS, Adilson Crepalde; além da comunidade indígena que participou ativamente do evento, com danças, rituais e olhares atentos.

O prof. Germano Afonso, responsável pelo projeto juntamente com o prof. Paulo Souza da Silva, da UEMS, passaram para as crianças, caciques e professores as coordenadas do funcionamento do observatório. Ciências formais e informais se misturaram nas conversas com os caciques, que relembraram como seus ancestrais se orientavam por aquele calendário natural.

Dentre os objetivos do Observatório está o de resgatar parte do conhecimento astronômico destes povos e ensinar conhecimentos indígenas em escolas indígenas. A partir dele, pode-se identificar os pontos cardeais e as estações do ano. Marcos Pereira, representante da Funai que trabalha no setor de Agricultura, destacou sua expectativa no fato de que o observatório seja uma prática constante para a comunidade, pois esse conhecimento para a plantação e colheita, por exemplo, é muito importante.

Pereira falou também sobre a necessidade de que os conhecimentos indígenas não fiquem apenas nas escolas das reservas, mas que sejam levados para as escolas não-indígenas. "São conhecimentos importantes que todos devemos ter, além de favorecer a valorização da cultura indígena", afirma.

Emislene Silva Mariano, professora da Tengatuí Marangatu há três anos, demonstrou satisfação pelo novo material didático. Segundo ela, o tema já havia sido abordado em sala de aula no começo do ano, mas as dificuldades foram muitas. "Apesar de ter usado brincadeiras, eles não conseguiram visualizar e entender muito bem o funcionamento do calendário indígena. Agora vou tratar de retomar o conteúdo e tirá-los da sala para, na prática, aprenderem". Emislene, que tem dois alunos com deficiência auditiva, disse que existe uma necessidade de mostrar concretamente o que se é falado em sala. "Se ficar só no papel é tudo muito mais difícil", finaliza.

Quanto ao fato de a Universidade estar em contato direto com a aldeia, a Secretária da Educação, Marlene Florêncio de Miranda Vasconcelos disse considerar sempre positiva a aproximação "desde que haja respeito às suas tradições, como foi o caso da instalação do observatório". Marlene manifestou, ainda, o desejo de ampliação do projeto. "Queremos também que esse conhecimento seja estendido para as outras oito escolas indígenas que temos em Dourados", completou.

Inaugurado o observatório, os professores, Germano e Paulo, dizem lutar agora pela aprovação de um projeto para a capacitação dos professores indígenas. "Estamos tentando a partir da Secretaria de Educação viabilizar a produção de uma cartilha que será desenvolvida juntamente com os caciques para que os professores possam ensinar com total conhecimento sobre o funcionamento do observatório", destaca Germano.

Como parte do ritual de inauguração, houve o batismo do observatório e a apresentação de danças pelos alunos da escola. O evento foi encerrado com uma tradicional "pucherada".

http://www.uems.br/portal/noticia.php?idnot=3800
 

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