De Povos Indígenas no Brasil

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Simples como vida de índio

12/09/2010

Autor: Ângela Bastos

Fonte: Diário Catarinense - http://www.clicrbs.com.br/



Apesar da era da tecnologia surpreender diariamente com novos inventos e aplicativos, em uma escola indígena em Ipuaçu, a informática faz mais. Ela mostra aos estudantes como é possível utilizar os recursos da rede para aprender e preservar a identidade indígena.

História da lua. A lua está no céu. Ela aparece à noite. Aos poucos, o texto digita do por Roselaine de Oliveira, Kaiguang de 15 anos, toma forma na tela do computador. Roselaine é aluna da escola Cacique Vanhkre. O colégio localiza-se em uma área indígena de 15.623 hectares no município de Ipuaçu, no Oeste de Santa Catarina. Cacique Vanhkre, primeira escola indígena do Brasil a ter implantado o ensino médio, está informatizada. Situa-se na sede da maior aldeia em população indígena do Estado, com cerca de 6 mil moradores.

Para Roselaine e seus colegas, o computador é um dos atrativos da escola. No laboratório de informática, existem 14. O sinal chega via rádio.

- Eu acho bem fácil mexer no computador. É simples, como nossa vida aqui na aldeia - conta Scheila Cotan da Silveira, 16 anos.

Para a adolescente, os dias com aulas de informática são os melhores.

O colégio também oferece ensino bilíngue, Kaingang e português, do primeiro ano ao terceiro do ensino médio. A partir da primeira série, os alunos começam a teclar. Os estudantes usam para pesquisa, leitura e elaboração de textos. As aulas funcionam em dois turnos.

- O uso do computador mudou muito a nossa realidade. Os alunos parecem mais espertos do que antes - observa Getúlio Narciso Toj'fã, assessor de direção da escola. Para o povo Kaingang, Toj'fã significa "contador de histórias".

Getúlio mostra dois livros didáticos escritos em Kaingang. As obras foram editadas em parcerias com universidades e ajudam a resgatar a cultura da etnia.

- A escola é muito importante para a nossa comunidade. É comunitária, bilíngue, específica e diferenciada. Um espaço onde nossas raízes e tradições são preservadas, mesmo que hoje se conviva com inovações como o computador.

Getúlio é ex-aluno. Na época em que ele estudava, o colégio não tinha ensino médio e precisou estudar em Palmas, no Paraná. Hoje, todos os educadores são da comunidade.

Para ele, isso reforça a cultura e serve de exemplo para as crianças e jovens da aldeia:

- Ao ver a gente dando aulas, o universo de nossos alunos se amplia. Temos alunos nas universidades, formados e trabalhando em diferentes áreas - explica o ex-aluno.

Jaison Ferreira concorda. Professor de matemática do ensino fundamental e médio, o ex-aluno da escola recorda os tempos de infância junto a outras crianças indígenas.

- O lúdico é muito importante para nós. Nas brincadeiras, ajudamos a preservar nossa história.

Diretores não precisam ser da tribo, mas saber costumes

O professor mora na aldeia, é casado e pai de dois filhos. Por ser comunitária, a escola conta com a participação de todo o grupo. A cada bimestre, é feita uma assembleia geral, com a participação dos estudantes, educadores, pais e lideranças. Em um desses encontros foi tomada a decisão sobre a identidade Kaingang.

Existe um entendimento que ainda não tenha nascido índio, uma pessoa pode ser diretora da escola, desde que viva e respeite as tradições. É o caso da atual diretora. Não nasceu índia, mas é casada com um deles e possui filhos. Seu convívio na aldeia deu-lhe a oportunidade de dirigir a escola, uma espécie de templo.

http://www.clicrbs.com.br/diariocatarinense/jsp/default2.jsp?uf=2&local=18&source=a3036805.xml&template=3898.dwt&edition=15479&section=213
 

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