Línguas indígenas em revitalização e retomada
Por Altaci Kokama
A revitalização linguística tem sido um dos principais tópicos de interesse de comunidades indígenas e de pesquisadores. São preocupações tanto teóricas quanto práticas para enfrentar o desafio da perda linguística, que ameaça sobretudo as línguas indígenas: a diminuição do número de falantes, a interrupção da transmissão da língua entre as gerações e a falta de uso da língua em contextos importantes da vida cotidiana e em novas situações sociais.
Através de um planejamento linguístico, comunidades indígenas vem pensando medidas para a promoção de novos falantes. Um exemplo bem-sucedido de metodologia de revitalização são os ninhos de língua, programa de imersão linguística desenvolvido pelos Maori na Nova Zelândia para revitalizar seu idioma - e que no Brasil tem sido implementado pelos Kaingang a partir da iniciativa da linguista indígena Marcia Gojten Nascimento.
As retomadas linguísticas podem ser consideradas um caso extremo de revitalização. Geralmente envolvem contextos em que houve a interrupção da transmissão da língua indígena entre as gerações, na maioria das vezes em decorrência da ação colonial através de guerras, epidemias, reduções de populações indígenas distintas em missões religiosas — dentre outras formas de violência que levaram ao silenciamento linguístico de boa parte das línguas dos povos originários existentes no território brasileiro.
A categoria “línguas em retomada” vem para chamar atenção que a maior parte das línguas indígenas consideradas extintas estão na verdade “adormecidas”, conforme a concepção de muitos povos, o que leva a se pensar em outros conceitos de vitalidade linguística.