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Curso forma mais de 200 professores indígenas em Alagoas
01/06/2025
Fonte: FSP - https://www1.folha.uol.com.br/
Curso forma mais de 200 professores indígenas em Alagoas
Projeto de universidade estadual teve cursos de letras, história, matemática, pedagogia e geografia
01/08/2025
Josué Seixas
Um grupo de 212 indígenas recebeu nesta sexta-feira (1o) seu diploma de professor, em um evento inédito no país. Ao todo, 12 das 13 etnias de Alagoas estiveram representadas na cerimônia.
A colação de grau coletiva do Curso de Licenciatura Intercultural Indígena da Uneal (Universidade Estadual de Alagoas) teve estudantes de licenciaturas de letras, história, matemática, pedagogia e geografia.
Conforme a universidade, essa foi a primeira vez no Brasil em que tantos indígenas se formaram em uma universidade pública. O evento aconteceu no Centro de Convenções, em Maceió, durante a manhã.
A formação foi iniciada em 2019 com 280 alunos. O projeto sofreu uma série de alterações em 2021, em meio à pandemia, com aulas remotas, por exemplo.
"Ainda assim, tivemos de conviver com o difícil acesso à internet nas aldeias. Foi preciso organizar os cursos por municípios aos quais as aldeias pertencem. A universidade se deslocava para as aldeias aos finais de semana, já que as aulas aconteciam aos sábados e aos domingos", explicou a coordenadora do curso, Iraci Nobre da Silva.
O projeto teve como base o modo de vida das etnias, respeitando as línguas e culturas originárias. Na colação de grau, por exemplo, houve cantos, rituais e o uso de adornos tradicionais.
Para a estudante Letícia Alves Valentim, 28, a colação de grau foi a realização de um sonho coletivo, fruto de muita luta e resistência.
"Eu não cheguei até aqui sozinha, caminhei com o apoio do meu povo, com os ensinamentos dos mais velhos e com a força da minha ancestralidade. É um momento de orgulho, mas também de responsabilidade, porque agora carrego comigo o compromisso de retribuir tudo que aprendi", disse ela, que é da etnia katokinn, na cidade de Pariconha.
Segundo Valentim, sua etnia tem cerca de 350 famílias e o território não é demarcado, sendo cercado pela cidade. "Mas continuamos firmes na luta pela nossa identidade, pelo nosso espaço e pelo reconhecimento dos nossos direitos", afirmou ela, que se formou em pedagogia.
Outro dos formados, Antônio Correia Militão, 42, classificou o dia como histórico. Ele é da etnia kariri-xocó, que tem cerca de 2.600 integrantes e que vive principalmente do artesanato e da pesca. A aldeia fica na cidade de Porto Real do Colégio.
Antônio optou por estudar matemática no curso. "Eu tinha uma visão da cultura indígena e da matemática, então pensei num trabalho que unisse ambas, como a confecção de cerâmicas e a dança do toré", afirmou.
A xucuru-kariri Itawanã Ferreira da Silva, 25, também decidiu fazer licenciatura em matemática. Sua aldeia está localizada em Palmeira dos Índios.
De acordo com ela, a formação vai permitir que ela dê aulas fora da comunidade. Diferente dos outros dois alunos, ela já tinha uma formação anterior, em pedagogia.
"A fonte de renda da nossa aldeia é justamente a nossa educação. Agora, temos uma escola bem estruturada, todos somos empregados. Quem estudou foi justamente a geração mais nova, que tem de 20 anos para cá."
Danielle Maria Moacir Dos Santos, 39, da etnia karapotó terra nova, em São Sebastião, salientou a capacidade de transformação do curso. Ela se formou em letras. São cerca de 300 famílias na aldeia.
"Através das rodas de conversas com nossos anciães, Cacique Nena e Pajé Ercílio, foi se fortalecendo cada dia mais o nosso aprendizado durante todo esse tempo", afirmou.
ETNIAS COM ALUNOS NO CURSO
Wassu-cocal
Xucuru-kariri
Tingui-botó
Karapotó plaki-ô
Karapotó terra nova
Aconã
Kariri-xocó
Jiripankó
Katokinn
Karuazu
Kalankó
Koiupanká
https://www1.folha.uol.com.br/educacao/2025/08/curso-forma-mais-de-200-professores-indigenas-em-alagoas.shtml
Projeto de universidade estadual teve cursos de letras, história, matemática, pedagogia e geografia
01/08/2025
Josué Seixas
Um grupo de 212 indígenas recebeu nesta sexta-feira (1o) seu diploma de professor, em um evento inédito no país. Ao todo, 12 das 13 etnias de Alagoas estiveram representadas na cerimônia.
A colação de grau coletiva do Curso de Licenciatura Intercultural Indígena da Uneal (Universidade Estadual de Alagoas) teve estudantes de licenciaturas de letras, história, matemática, pedagogia e geografia.
Conforme a universidade, essa foi a primeira vez no Brasil em que tantos indígenas se formaram em uma universidade pública. O evento aconteceu no Centro de Convenções, em Maceió, durante a manhã.
A formação foi iniciada em 2019 com 280 alunos. O projeto sofreu uma série de alterações em 2021, em meio à pandemia, com aulas remotas, por exemplo.
"Ainda assim, tivemos de conviver com o difícil acesso à internet nas aldeias. Foi preciso organizar os cursos por municípios aos quais as aldeias pertencem. A universidade se deslocava para as aldeias aos finais de semana, já que as aulas aconteciam aos sábados e aos domingos", explicou a coordenadora do curso, Iraci Nobre da Silva.
O projeto teve como base o modo de vida das etnias, respeitando as línguas e culturas originárias. Na colação de grau, por exemplo, houve cantos, rituais e o uso de adornos tradicionais.
Para a estudante Letícia Alves Valentim, 28, a colação de grau foi a realização de um sonho coletivo, fruto de muita luta e resistência.
"Eu não cheguei até aqui sozinha, caminhei com o apoio do meu povo, com os ensinamentos dos mais velhos e com a força da minha ancestralidade. É um momento de orgulho, mas também de responsabilidade, porque agora carrego comigo o compromisso de retribuir tudo que aprendi", disse ela, que é da etnia katokinn, na cidade de Pariconha.
Segundo Valentim, sua etnia tem cerca de 350 famílias e o território não é demarcado, sendo cercado pela cidade. "Mas continuamos firmes na luta pela nossa identidade, pelo nosso espaço e pelo reconhecimento dos nossos direitos", afirmou ela, que se formou em pedagogia.
Outro dos formados, Antônio Correia Militão, 42, classificou o dia como histórico. Ele é da etnia kariri-xocó, que tem cerca de 2.600 integrantes e que vive principalmente do artesanato e da pesca. A aldeia fica na cidade de Porto Real do Colégio.
Antônio optou por estudar matemática no curso. "Eu tinha uma visão da cultura indígena e da matemática, então pensei num trabalho que unisse ambas, como a confecção de cerâmicas e a dança do toré", afirmou.
A xucuru-kariri Itawanã Ferreira da Silva, 25, também decidiu fazer licenciatura em matemática. Sua aldeia está localizada em Palmeira dos Índios.
De acordo com ela, a formação vai permitir que ela dê aulas fora da comunidade. Diferente dos outros dois alunos, ela já tinha uma formação anterior, em pedagogia.
"A fonte de renda da nossa aldeia é justamente a nossa educação. Agora, temos uma escola bem estruturada, todos somos empregados. Quem estudou foi justamente a geração mais nova, que tem de 20 anos para cá."
Danielle Maria Moacir Dos Santos, 39, da etnia karapotó terra nova, em São Sebastião, salientou a capacidade de transformação do curso. Ela se formou em letras. São cerca de 300 famílias na aldeia.
"Através das rodas de conversas com nossos anciães, Cacique Nena e Pajé Ercílio, foi se fortalecendo cada dia mais o nosso aprendizado durante todo esse tempo", afirmou.
ETNIAS COM ALUNOS NO CURSO
Wassu-cocal
Xucuru-kariri
Tingui-botó
Karapotó plaki-ô
Karapotó terra nova
Aconã
Kariri-xocó
Jiripankó
Katokinn
Karuazu
Kalankó
Koiupanká
https://www1.folha.uol.com.br/educacao/2025/08/curso-forma-mais-de-200-professores-indigenas-em-alagoas.shtml
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