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Uma ópera multimídia pela preservação da floresta

21/07/2010

Fonte: O Globo, Segundo Caderno, p. 3



Documentos anexos


Uma ópera multimídia pela preservação da floresta
Apresentada na Bienal de Munique, em maio, 'Amazônia - Teatro-música em três partes' estreia hoje em SP

Donizeti Costa
São Paulo

"Quando a fumaça entupir os pulmões do céu, ele vai despencar sobre a cabeça daqueles que teimaram em provocar sua doença". Os ianomâmis, desde que viram suas terras e tradições pisadas pelos homens brancos, vêm tentando avisá-los do perigo que correm. Mas em nenhuma ocasião tiveram a intensidade que a ópera "Amazônia - Teatro-música em três partes" alcança para fazer ecoar seu alerta. Mobilizando perto de cem profissionais - entre atores, cantores, instrumentistas, técnicos, videoartistas e DJs -, o espetáculo estreia hoje no Sesc-Pompeia, em São Paulo, após uma temporada de seis récitas, em maio, no Festival Internacional do Novo Teatro Musical, na Bienal de Munique.

Com a assinatura de seis coprodutores - além do próprio Sesc-SP e da Bienal de Munique, participam o alemão ZKM (Centro de Arte e Mídia de Karlsruhe), a Hutukara Associação Yanomami, o Teatro Nacional São Carlos, de Lisboa, e o Instituto Goethe -, a ópera tem três atos que somam 210 minutos. As duas primeiras partes são encenadas na área de convivência e a terceira, no teatro. O primeiro ato é assinado pelo compositor alemão Klaus Sheld, em cimade relatos de viagem feitos no século XVIII pelo navegador inglês Sir Walter Raleigh, glorificado como grande descobridor, mas que a peça enquadra na ótica dos índios, como um invasor ocidental.

- Os diálogos são em inglês, mas a compreensão é facilitada por legendas em português - antecipa Sérgio Pinto, da Gerência de Ação Cultural do Sesc.

Na segunda parte - criada por Tato Taborda e Roland Quitt, com direção de Michael Scheidl -, não há texto, apenas cantos onomatopeicos. É aqui que o público conhece a cosmologia e a fé ianomâmis e vê o céu caindo sobre sua cabeça, num truque cheio de efeitos. Para conhecer a cultura ianomâmi, incluindo os rituais de seus xamãs e sua visão do castigo divino, os criadores fizeram duas viagens a aldeias, sempre acompanhados do líder Davi Copenawa, um dos principais colaboradores do projeto.

A última parte tem concepção, texto e encenação do diretor alemão Peter Weibel. Ela é feita com imagens projetadas sobre uma espécie de arquibancada de isopor que, instalada sobre o palco, imprime tridimensionalidade às cenas. A plateia vai se surpreender também com a sonorização desse ato, que usa música eletrônica num sistema de som com 24 canais independentes e caixas distribuídas estrategicamente.

O Globo, 21/07/2010, Segundo Caderno, p. 3
 

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